sábado, setembro 08, 2012

Postais das Selvagens


15 – Pombo correio

A armadilha usada para capturar os pombos (junto à mesa) e pombos por
perto, nas rochas.

Apesar de ficar a 163 milhas náuticas da Madeira, ou seja duzentos e muitos quilómetros, por vezes aparecem na Selvagem Grande pombos domésticos de competição. As pobres aves devem ser largadas em competições na Madeira e devido aos ventos empurradas para o mar alto, acabando por ter a sorte de vir parar às Selvagens, de outra forma acabariam por morrer no mar alto.
Desabituado de ver pombos, depois de algum tempo nas ilhas, demoro sempre alguns segundos a localizar os pombos como estando mesmo aqui e não numa qualquer praça de Lisboa. Depois de um dia ou dois completamente perdidos, os pombos acabam por perceber onde na ilha se encontram as pessoas e começam a rondar a casa da reserva na esperança de encontra comida e, sobretudo, água doce. Jaques, o vigilante, tenta sempre capturar os pombos, para os levar de volta à Madeira e aos seus donos, que por esta altura possivelmente pensam já que os seus animais estão irreversivelmente perdidos. Começamos por colocar alguma água e milho perto de casa, para os ir habituando, e os pombos começam a vir cada vez mais perto. Eventualmente, montamos a típica armadilha para pássaros: uma caixa virada ao contrário, com os dos lados levantado por uma pedaço de madeira que está amarrado a um fio comprido. Sob a caixa colocamos uma mão cheia de milho e esperamos que eles caíam na nossa armadilha. Eles aproximam-se cautelosamente, vão bicando o milho mais afastado da caixa, mas acabam por não resistir ao monte de deliciosas sementes que os espera sob a caixa, altura em que puxamos a corda e apanhamos mais um pombo.
Só de uma vez apareceram na ilha oito pombos, que fomos apanhando um por um. Infelizmente um deles morreu, possivelmente debilitado pela fome, sede e pela dureza da viagem até à ilha, mas os outros ganharam uma verdadeira lotaria, conseguiram sobreviver ao mar alto e encontrar água doce e comida fácil de que viveram por uns dias até voltarem a casa no próximo barco. Não duvido que o dono dos pombos ficou igualmente satisfeito com o nosso novo hobby de caça ao pombo!

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