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Primeiras necessidades
Os painéis solares da casa da reserva na Selvagem Grande. |
As rotinas diárias facilmente fazem esquecer os
aspectos básicos do dia-a-dia. A nossa vida não é possível sem a
ingestão de água e também o nosso bem-estar requer disponibilidade
de água para fins sanitários e energia.
Estando no ponto mais meridional de Portugal, já muitas
centenas de quilómetros mais próximos do equador do que o nosso
cantinho na extremidade da Europa, o recurso à energia solar
torna-se ainda mais óbvio. A casa da reserva tem um conjunto de
painéis solares, num total de vinte e quatro, que garantem todas as
necessidades de energia eléctrica durante os meses mais solarengos do
ano. Existe também um gerador a gasóleo para quaisquer
eventualidade, mas raramente foi usado durante o tempo que passei na
ilha. Esta energia solar, absolutamente limpa de impactos para o
nosso planeta, garantia as necessidades de refrigeração, de
iluminação e outros fins domésticos como o funcionamento da
televisão ou o carregamento de computadores, telefones e máquina
fotográficas.
A ausência de água potável é o principal motivo pelo
qual as Selvagens se mantiveram selvagens. Ocorreram algumas
tentativas de colonização no passado, mas todas elas esbarraram
contra a limitação da falta de água. A chuva por aqui é pouca e
geralmente concentrada nos meses de inverno e a constituição
geológica a ilha é pouco favorável ao armazenamento natural de
água no subsolo. Foi construída na ilha uma cisterna, com
capacidade para uns bons milhares de litros, que armazena água das
chuvas. Além desta existem dois outros tipos de água: água potável
trazida em bidons em cada rendição e, claro, a água do mar. A água
do mar é usada para encher os autoclismos das sanitas, para lavar
louça e para outros fins em que se pode abdicar da água doce, sendo
bombeada do mar por uma bomba e armazenada numa pequena cisterna de
mil litros sobre a casa. A água doce da cisterna é usada para a higiene, para banhos e afins, sendo que os banhos principais são no
mar, bastando depois um curto duche para remover o sal. Finalmente, a
água potável trazida em cada rendição é usada para beber e para
cozinhar, uma vez que a água da cisterna tem muitas impurezas e pode
não ser potável.
Para aquecer água é usado gás, proveniente de uma
botija trazida da Madeira em cada rendição, mas foram muito poucas
as vezes que foi necessário recorrer a esta energia menos limpa,
fruto de a água chegar até nós já aquecida pelo sol que massaja
as cisternas com os seus raios quentes.
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