domingo, outubro 30, 2011

Piscares de Olho - LXI

Conhecida como a cidade berço, por ter sido o local do nascimento do nosso primeiro monarca D. Afonso Henriques, a cidade de Guimarães perdeu o título de capital do Minho para Braga, mas não deixou por isso de ser uma cidade lindíssima. Conhecida sobretudo pelo seu castelo, Guimarães tem também um centro histórico muito agradável, de que são exemplo estas casas na Praça de S. Tiago.

sexta-feira, outubro 28, 2011

Liberdade...


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer !
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não !

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

domingo, outubro 23, 2011

Piscares de Olho - LX

Quis o acaso que o piscar de olho de hoje continuasse na mesma área geográfica do anterior. Apanhei este belo pôr-do-Sol em Guejar, bem perto da cidade de Granada. Este vale fica nas serras que sombreiam Granada a este, fazendo já parte dos contrafortes da Serra Nevada. Calhou a data da minha visita coincidir com a altura do ano em que o sol poente se alinha na perfeição com esta pequena albufeira, dando assim origem a este agradável piscar de olho. A nuvem solitária sobre a serra também contribuiu para a composição!

quarta-feira, outubro 19, 2011

A razão porque me chovia em cima!

Nos já ido ano de 1999, a banda escocesa Travis editou a Música "Why does it always rain on me?. Esta música fazia parte do album "The Man Who" e durante algum tempo passou com frequencia nas rádios e na MTV. Sim, na MTV, nesse tempo eles ainda passavam música a sério...
A música ficava no ouvido e por vezes dava comigo a cantarola-la na rua. O mais curisoso é que a música parecia ter o dom de, tal como cantava o refrão, fazer com que chovesse sobre mim. De cada vez que eu cantarolava a música, começa mesmo a chover...

Em memória desses tempos, aqui fica a música e a letra:



I can't sleep tonight
Everybody's saying that it's alright
Still I can't close my eyes
I'm seeing a tunnel at the end of all these lights

Sunny days
Where have you gone?
I get the strangest feeling
You belong

Why does it always rain on me?
Is it because I lied when I was seventeen?
Why does it always rain on me?
Even when the sun is shining
I can't avoid the lightning

I can't stand myself
I'm being held up by an invisible man
Still life on a shelf when
I got my mind on something else

Sunny days
Oh, where have you gone?
I get the strangest feeling
You belong

Why does it always rain on me?
Is it because I lied when I was seventeen?
Why does it always rain on me?
Even when the sun is shining
I can't avoid the lightning

Oh, where did the blue skies go?
And why is it raining so cold?
It's so cold

I can't sleep tonight
Everybody saying that it's alright
Still I can't close my eyes
I'm seeing a tunnel at the end of all these lights

Sunny days
Oh, where have you gone?
I get the strangest feeling
You belong

Why does it always rain on me?
Is it because I lied when I was seventeen?
Why does it always rain on me?
Even when the sun is shining
I can't avoid the lightning

Oh, where did the blue skies go?
Why is it raining so cold?
So cold

Why does it always rain on me?
Is it because I lied when I was seventeen?
Why does it always rain on me?
Even when the sun is shining
I can't avoid the lightning

Why does it always rain on me?
Why does it always rain on?
Ohh

terça-feira, outubro 18, 2011

The Big Year

Um filme a não percer pelos fanáticos do birdwatching! O filme retracta a competição, por vezes obsessiva, de três observadores de aves que procuram, durante um ano, ver o máximo número possível de espécies de aves em solo americano. Tem a participação de três actores bem conhecidos do público, o experiente Steve Martin e os mais jovens Jack Black e Owen Wilson e recebeu no geral críticas não muito boas pelos cinéfilos, mas bem melhores por parte dos passarólogos!

segunda-feira, outubro 17, 2011

Migração

O beija-flor-ruivo é uma pequena ave norte-america. Esta espécie reproduz-se desde o Alasca até ao norte da Califórnia e inverna no sul do México. Considerando o seu diminuto tamanho, com apenas 7-9 cm de comprimento e um peso máximo de 5 g, trata-se provavelmente da espécie que realiza a maior viagem migratória proporcionalmente ao seu tamanho.
As populações que se reproduzem mais a norte, no Alasca, viajam mais de 6200 km até às áreas de invernada no México, o que corresponde a cerca de 78 milhões de vezes o tamanho da ave. Uma proeza digna dos records do Guiness!

domingo, outubro 16, 2011

Landslide


I took my love and took it down
I climbed a mountain, I turned around
And I saw my reflection in a snow covered hill
'til a landslide brought it down

Oh, mirror in the sky, what is love?
Can the child within my heart rise above?
Can I sail through the changing ocean tides?
Can I handle the seasons of my life?

Well, I've been afraid of changing cause I've
Built my life around you
Time makes you bolder
Even children get older
And I'm getting older, too
I'm getting older, too

I took my love and took it down
I climbed a mountain, I turned around
And if you see my reflection in the snow covered hill
The landslide brought it down
The landslide brought it down

Piscares de Olho - LIX

Esta não é a primeira vez que os piscares de olho nos levam até Granada, mas a cidade espanhola, na sua quase perfeita fusão daquilo que de mais belo produziram as culturas muçulmanas e católicas que por lá se misturaram, é um alvo perfeito para o fotografo amador. Neste caso, apanhei o efeito da sombra de um candeeiro ricamente decorado, nas paredes quase sempre coloridas do casco urbano. A sombra, no seu tom escuro misturado com o rosa forte da parede, parece desenhar de forma mais minuciosa ainda do que o real os intrincados enfeites do ferro forjado. Acho que já o referi aqui antes, mas posso dizê-lo novamente, Granada, com a sua fabulosa Alhambra, é possivelmente a cidade espanhola mais merecedora de uma visita.

sexta-feira, outubro 14, 2011

A verdade da mentira

No ano de 2010 a bolsa de Lisboa movimentou cerca de 42 mil milhões de euros em negociatas bolsistas. Ao contrário das outras actividades económicas, estas transacções são virtualmente livres de impostos. Se o estado estabelece-se um pequeno imposto de apenas 10% sobre estas transacções obteria um resultado bruto de 4200 milhões de euros, o que chegava que para cobrir 140% dos tais 3000 milhões que o governo diz que tem de cobrir com a austeridade do orçamento para 2012. Assim se vê de maneira fácil e eficaz que a "necessidade" da austeridade é uma pura mentira. E pior, quem anuncia a austeridade sabe perfeitamente que mente e que só vai agravar a crise. Para quando a revolução?

quarta-feira, outubro 12, 2011

A Noite Estrelada

A Noite Estrelada (no original holandês De sterrennacht), é um dos mais famosos quadros do grande pintor impressionista Vincent van Gogh. O quadro representa a paisagem nocturna no exterior do asilo em Saint-Rémy-de-Provence, onde o pintor estava internado devido aos seus problemas psiquiátricos que acabaram por o levar ao suicídio. É notável que o quadro foi pintado inteiramente de memória, uma vez que do interior do asilo o pintor não tinha acesso à paisagem que aqui pintou.
Pintado em 1888, este quadro fez parte de um conjunto de obras incluídas no seu "Estudo da Noite". Na altura, o pintor tinha 33 anos e passava por uma das várias crises de ansiedade e depressão que o assolaram ao longo da vida. Conhecido tanto pelo seu génio artistico como pelos seus problemas graves de saúde, Van Gogh era um artista extremamente exigente, raramente se mostrando satisfeito com as suas obras. D' A Noite Estrelada teria dito que lhe faltava individualidade e sentimento.
Van Gogh viria a falecer dois anos depois, em 1890, vindo a ser aclamado como um dos maiores, talvez o maior dos impressionistas, sendo ainda hoje um dos grandes vultos da pintura mundial. Quanto ao quadro, faz, desde 1941, parte da exposição permanente do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova Iorque, tendo um valor absolutamente incalculável.

domingo, outubro 09, 2011

Piscares de Olho - LVIII


O piscar de olho de hoje apanhou um interessante grafiti que embelezava a entrada de um prédio em Nova Iorque. O desenho representa a debandada do povo americano para oeste, durante a grande depressão dos anos 30. Infelizmente, na grande depressão que vivemos hoje, não existe nenhum oeste para onde fugir, nem para americanos nem para europeus... são as consequências óbvias de um mundo globalizado, e cada vez mais nivelado, mas nivelado por baixo, com desigualdades crescentes entre ricos e pobres, com cada vez maior injustiça social, e com o poder a cair cada vez mais nas lideranças financeiras e não nos poderes políticos nomeados democraticamente pelo povo.

terça-feira, outubro 04, 2011

FMI sofre...

Se nem os portugueses percebem a Madeira, como poderia o senhor FMI perceber? Vá beba lá mais uma cerveja e aproveite ponha-se a andar daqui para fora!

segunda-feira, outubro 03, 2011

As sangrias e outras falácias

Por Paul Krugman (in New York Times, 18/09/2011):

Sangria em 1860, uma das 3 únicas fotografias conhecidas do procedimento – Foto da wikipedia
Sangria em 1860, uma das 3 únicas fotografias conhecidas do procedimento – Foto da wikipedia

Os médicos chegaram a acreditar que pela retirada do sangue dos pacientes poderiam purgar os “humores” diabólicos que, pensavam eles, eram causadores das doenças. Na realidade, é claro, tudo o que a sangria fazia era tornar o paciente mais fraco e com maior chance de sucumbir.

Felizmente, os médicos já não acreditam que sangrar os doentes vai torná-los saudáveis. Infelizmente, muitos dos que fazem a política económica ainda acreditam. E a sangria económica não está apenas a infligir vastas dores; está a começar a minar as nossas perspectivas económicas de longo prazo.

Algumas informações: no último ano e meio, o discurso político, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, tem sido dominado por pedidos de austeridade fiscal. Ao cortar os gastos e reduzir os défices, disseram-nos, as nações poderiam restaurar a confiança e promover o renascimento económico.

E a austeridade tem sido real. Na Europa, nações com problemas como a Grécia e a Irlanda, impuseram cortes selvagens, enquanto nações mais fortes impuseram programas mais suaves de austeridade. Nos Estados Unidos, o modesto estímulo federal de 2009 extinguiu-se, enquanto governos estaduais e locais cortaram os seus orçamentos, de forma que no conjunto tivemos de facto um movimento em direção à austeridade não muito diferente do da Europa.

O estranho, no entanto, é que a confiança na economia não aumentou. De tal forma que empresas e consumidores parecem muito mais preocupados com a falta de clientes e de empregos, respectivamente, do que se sentem seguros com o rigor fiscal dos seus governos. E o crescimento parece que se afoga, enquanto o desemprego permanece desastrosamente alto dos dois lados do Atlântico.

Mas, dizem os apologistas dos resultados ruins obtidos até agora, não deveríamos focar-nos no longo prazo em vez do curto prazo? Na verdade, não: a economia precisa de ajuda real agora, não de recompensas hipotéticas dentro de uma década. De qualquer forma, os dados começam a emergir sugerindo que os problemas de “curto prazo” da economia — agora no seu quarto ano e tornados piores pelo foco na austeridade — estão a custar também às perspectivas de longo prazo.

Considerem, em particular, o que está a acontecer com a base manufactureira dos Estados Unidos. Em tempos normais, a capacidade industrial cresce de 2 a 3 por cento por ano. Mas, diante de uma economia persistentemente fraca, a indústria tem reduzido, não aumentado, a sua capacidade de produção. Agora, de acordo com estimativas do Banco Central [dos Estados Unidos], a capacidade está quase 5 por cento menor do que era em Dezembro de 2007.

O que isso significa é que, quando a economia real finalmente recuperar, vai enfrentar falta de capacidade e gargalos de produção muito mais cedo do que deveria. Ou seja, a economia fraca, que é parcialmente resultante dos cortes no orçamento, está causando danos futuros, além dos presentes.

Além disso, o declínio na capacidade de produção é apenas a primeira das más notícias. Cortes similares vão provavelmente acontecer no sector de serviços — na verdade, já podem estar em andamento. E com o desemprego de longo prazo no seu ponto mais alto desde a Grande Depressão, existe o risco real de que os desempregados vão ser considerados como não-empregáveis.

Ah, e o forte dos cortes em gastos públicos está a ser feito na educação. De alguma forma, demitir centenas de milhares de professores não parece ser uma boa forma de garantir o futuro.

Na verdade, quando se combina os crescentes indícios de que a austeridade fiscal está a reduzir as nossas perspectivas de futuro, com as taxas de juro bem baixas nos papéis da dívida dos Estados Unidos, é difícil evitar uma conclusão surpreendente: a austeridade pode ser contraproducente mesmo do ponto de vista puramente fiscal, já que crescimento menor no futuro significa menor recolha de impostos.

O que deveria estar a acontecer? A resposta é que precisamos de um grande empurrão para fazer a economia mover-se, não numa data futura, mas agora. No presente, precisamos de mais, não de menos gastos governamentais, apoiados por políticas agressivamente expansivas do Banco Central e das suas contrapartes fora dos Estados Unidos. E não são apenas economistas teimosos que estão a dizer isso; empresários como Eric Schmidt, do Google, estão a dizer a mesma coisa, e o mercado de acções, ao comprar dívida dos Estados Unidos a juros tão baixos, está para todos os efeitos a pedir uma política mais expansiva [do Banco Central].

Para ser justo, alguns formuladores da política parecem entender isso. O novo plano de emprego do presidente Obama é um passo no caminho certo, enquanto alguns membros do Banco Central americano e do Banco da Inglaterra — mas, infelizmente, não do Banco Central Europeu — têm sugerido políticas muito mais orientadas para o crescimento.

No entanto, realmente precisamos é convencer um número substancial de pessoas com poder político e influência de que elas gastaram o último ano e meio a ir na direcção errada, e que elas precisam fazer uma viragem de 180 graus.

Não vai ser fácil. Mas, até que se faça a viragem, a sangria — que está a tornar a nossa economia mais fraca agora, colocando o futuro, ao mesmo tempo, em risco — vai continuar.

domingo, outubro 02, 2011

Piscares de Olho - LVII

Por vezes, as imagens mais simples são as que melhores fotografias dão. Não sei se será o caso aqui, mas achei piada a esta marca deixada pela água que ao longo dos anos foi escorrendo desta tampa das águas tão, mas mesmo tão "Estado Novo"! Tirei a fotografia em Marvão, uma daquelas aldeias em que o tempo parece por vezes parado, mas a água, a essa imparável fonte de erosão que vai aos poucos moldando o planeta, deixou também por lá a sua marca!