sábado, dezembro 29, 2007

On a Highway to Hell

Nos últimos tempos tenho andado a ler bastante sobre aquecimento global, ou alterações climáticas como agora é habitual dizer. Não descobri nada de muito novo, pois felizmente o problema já está muito bem estudado e há muitos anos que se conhecem as causas, os problemas e as soluções. Só para recapitular:

Toda a verdade sobre o aquecimento global

É mais ou menos isto... Resumindo a humanidade está a encher a atmosfera de gases que impedem a saída da radiação solar reflectida pela superfície da Terra, o que, qual estufa, causa o aquecimento do planeta. Esses gases são essencialmente o dióxido de carbono, o metano e alguns óxidos nitrosos, sendo as suas principais fontes a queima de combustíveis fósseis, a queima de florestas e algumas actividades agrícolas, ao mesmo tempo que a desflorestação reduz a capacidade do planeta reabsorver o dióxido carbono da atmosfera.
Mas mais interessante é ler de facto os dados em bruto. Ver o que já aconteceu e a larga gama de previsões que ao contrário do que certas forças querem fazer crer são bastante concordantes.
O planeta já aqueceu 0.8ºC desde o início do século XX. Pode não parecer muito, mas vejam no caos em que está o ambiente global, com inundações numas zonas, secas noutras, números recorde de tempestades tropicais, fenómenos nunca antes vistos como um furacão no Atlântico Sul (o Catarina que atingiu a costa brasileira em 2004), ou uma tempestade tropical nas costas da Europa (o Vince em 2005 ainda raspou a Península Ibérica). E que dizer das vagas de calor que todos temos sentido por cá?
Agora acontece que as previsões do IPCC, o painel intergovernamental para as alterações climáticas prevê que até 2100 a tempertura possa subir mais 1 a 6ºC. Esta larga margem de erro deve-se aos diferentes cenários previstos para as emissões de gases de efeito de estufa para a atmosfera. Um aumento de 1ºC corresponde a um cenário idílico e aparentemente impossível, em que a humanidade parava de produzir gases de efeito dentro dos próximos 10 anos. Já os 6ºC são um cenário catastrófico em que a produção desses gases continuará a aumentar ao mesmo ritmo que se observa actualmente.
O que significam estes aumentos de temperatura? É habitual ouvir alguém dizer, que ninguém nota a diferente entre uma temperatura de 22º e uma de, vá lá, 26º. Mas não estamos a falar de temperaturas instantâneas, estamos a falar da temperatura média de todo o planeta. Talvez seja mais fácil de compreender pensando num sistema fechado mais próximo, o nosso corpo. Aos 37º estamos felizes e contentes, subimos para 39º e mal conseguimos sair da cama, aos 40º começamos a delirar, aos 42º estamos às portas da morte. São apenas 5º a diferença entre um corpo humano saudável e uma febre que nos coloca às portas da morte.

No que respeita ao planeta, existem muitas ideias sobre o que poderá acontecer nas próximas décadas, com este aquecimento previsto. Caos. Um aumento de 1ºC apenas poderá causar quebras graves na produção agrícolas das zonas temperadas (Europa, América do Norte, Sudoeste Asiático, Austrália) as principais zonas de produção alimentar no mundo. Um aumento de 2ºC e o deserto do Sahara expandir-se à até ao Sul da Europa, com seca generalizada na bacia do Mediterrâneo, doenças tropicais como a malária poderão chegar tão a norte como as Ilhas Britânicas ou o Canadá. Se subirmos aos 3ºC esperam-se extinções generalizadas de muitas espécies animais e vegetais, incapazes de se adaptar às novas condições. Com tal aumento de temperatura estima-se, por exemplo, que não sobreviva nenhum recife de coral no mundo. Acima dos 4ºC de aumento da temperatura começamos a entrar em cenários apocalípticos. Extinção em massa, fome e miséria generalizadas, guerras emergiriam por todo o mundo como resposta à luta desesperadas dos povos pelos recursos cada vez mais limitados do planeta. O Árctico deixa de ter gelo e na Antárctida pouco sobrará, esse degelo aliado à expansão térmica das águas dos oceanos poderá levar a subidas do nível do mar da ordem dos 4 a 7m. As costas de todo o planeta recuariam dezenas, ou menos centenas de quilómetros em locais como o Bangladesh ou o Sul dos Estados Unidos. Muitas grandes cidades, albergando no total centenas de milhões de pessoas ficariam à mercê dos oceanos.

Chega agora a altura de respirar fundo e interiorizar o que lemos. Estamos a falar de um processo de alteração climática que está a decorrer, está bem provado e as suas causas bem definidas. Os resultados são potencialmente catastróficos e não estamos a falar de futuros longínquos, mas de eventos que muitos de nós conheceram ainda nas suas vidas (se a temperatura subir 6ºC até 2100, em 2050 quando a minha geração estiver a entrar nos 70 já estaremos em muito maus lençóis).
Devemos entrar em pânico. Sim devemos. E como tal reagir de forma imediata e com as medidas radicais que nos são exigidas. Se queremos sobreviver teremos que eliminar as fontes de gases de efeito de estufa dentro das próximas duas décadas, independentemente do que isso significar em temos de perda de qualidade de vida. Compreendam uma coisa, a alternativa é nada menos que o fim da nossa civilização.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Um vaio para o caraças…

Para quem, como eu, não percebe nada de mecânica, deixem-me explicar que um vaio é uma barra metálica que corre paralelamente ao eixo, garantindo que ambos os pneus do eixo se mantém sempre paralelos, independentemente dos obstáculos que nos saltam ao caminho.

Ora eu faço anualmente milhares de quilómetros em caminhos de terra batida. Buracos, poças, areia, lama, todos os maus-tratos que se possam imaginar para um carro. Contudo, adivinhem qual foi o obstáculo que fez o vaio do meu carro ceder? Pois, foi um dos muitos buracos das ruas de Lisboa, mais especificamente um buraco em frente ao Colégio D. Maria Pia, na Rua de Madredeus em Xabregas. Queria aqui agradecer ao Dr. António Costa e aos seus antecessores no cargo de edil de Lisboa, pelas excelentes condições em que mantém as ruas da cidade.

Senhor presidente, mando a conta do mecânico directamente para si, ou mando através da tesouraria da câmara?

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Espectáculos aéreos em Lisboa

Para quem não conhece, um dos mais belos espectáculos da capital portuguesa são os imensos bandos de estorninhos que sejuntam ao final da tarde, sobre a zona do Cais do Sodré e Terreiro do Paço, a prepararem-se para passar a noite nas árvores da zona ribeirinha. São milhares e milhares de pequenas aves que desenham no ar figuras em eterno movimento.
Quando, como hoje, se junta à festa um falcão peregrino que anda a caçar os estorninhos ainda mais impressionante se torna esta dança nos céus de Lisboa.

quarta-feira, dezembro 26, 2007

O fim da Natureza?

Hoje uma prima minha vai ter um bebé, o parto vai ser por cesariana e já estava marcado para hoje desde à semanas. Mas eis o que descobri ontem.
Perguntava eu, a brincar:
- Vocês andaram a fazer pontaria para o Natal ou quê? Quase que acertavam!
- Não, não, a data prevista para o final da gravidez era dia 8 de Janeiro, mas como já sabiamos que teria de ser uma cesariana e o médico vai de férias dia 30 e só volta lá para 15 de janeiro, ele achou ,elhor marcar o parto já para esta semana. Como é amanhã que ele está de serviço, fica já feito amanhã.


E eu que pensava que a reprodução era um processo natural... Natural se os horários de expediente e as datas das férias o permitirem, claro!

terça-feira, dezembro 25, 2007

Prenda de natal

Pode soar a lamechice, parolice, o que queiram, mas muito sinceramente, se pudesse escolher uma prenda de Natal, que fosse um mundo novo onde todas, mas mesmo todas as pessoas pudessem ser felizes e não necessitassem assim de por em causa a felicidade dos outros. Sem tisteza, sem inveja e sem maldade.

Infelizmente, todos abandonamos esse mundo ao passar os 2 ou 3 anos de idade, não me parece que seja possível lá voltar. Mas este Natal, sejam felizes. A sério, sejam felizes, espero que consigam. :)

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Está de volta onde?


Não fui capaz de deixar de me interrogar do que falaria hoje a primeira página do Record com o título "O leão está de volta". Assumindo que não é mesmo algum leão que está de volta ao Zoo de Lisboa e partindo do princípio que estão mesmo a falar do Sporting, ele está de volta onde? De volta ao campeonato não deve ser de certeza, que os 12 pontos que dista do Porto assim o dizem. Resta-me concluir que o Record anda numa de regionalista e decidiu dedicar-se exclusivamente ao nosso campeonato da segunda circular, a esse sim a lagartagem está de volta, já a apenas 2 pontos do Benfica, mas atenção ao Sp. Braga que vem por aí acima a subir na classificação que nem um foguete, não tarda deixa as equipas da segunda circular a ver navios...
Resta-me a satisfação de ver que ao mesmo neste campeonato, o da segunda circular, o benfica vai em primeiro!

sábado, dezembro 15, 2007

O triste fado luso

Quantas vezes o nosso olhar embalado pelas ondas do mar não nos leva até pensamentos escondidos que não tínhamos ainda percebido que tínhamos? Não é pois isto aquilo a que se chama meditar? Não o meditar dos místicos, aquele que procura a total calma interior, mas o meditar dos filósofos, daqueles que procuram perguntas, que anseiam por encontrar mais uma pergunta atrás de cada resposta.

Pensava eu assim num dia como outro qualquer quando me assolou um pensamento estranho, desavindo. Fará sentido existir um português feliz? Não será a tristeza crónica, este aparente pesar pela felicidade de estar vivo um ponto tão importante da alma lusa como o são as sardinhas em Junho ou a língua portuguesa que dá vida ao nosso pensar?

Nunca ninguém o terá dito tão eloquentemente como Amália, ao cantar “Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é Fado”. Esse Fado, que mais do que música pretende ser a crónica do fado de ser português. Será pois este fado triste, triste não por o ser, mas por ser assim que o sentimos, a melhor definição do ser português?

Pois assim o seja, pois conclui-se assim que nos devemos satisfazer em cada momento de tristeza, pois é aí que nos definimos como portugueses. Ficar feliz por estar triste, estar triste por ser feliz, é pois esta ambiguidade aparentemente bicéfala que nos define.

Perguntaste-me outro dia
Se eu sabia o que era o fado
Disse-te que não sabia
Tu ficaste admirado
Sem saber o que dizia
Eu menti naquela hora
Disse-te que não sabia
Mas vou-te dizer agora

Almas vencidas
Noites perdidas
Sombras bizarras
Na Mouraria
Canta um rufia
Choram guitarras
Amor ciúme
Cinzas e lime
Dor e pecado
Tudo isto existe
Tudo isto é triste
Tudo isto é fado

Se queres ser o meu senhor
E teres-me sempre a teu lado
Não me fales só de amor
Fala-me também do fado
E o fado é o meu castigo
Só nasceu pr'a me perder
O fado é tudo o que digo
Mais o que eu não sei dizer.

Amália Rodrigues

quinta-feira, dezembro 06, 2007

ASAE - Se a virem, matem!

Da próxima vez que forem beber um café a uma esplanada pode acontecer que este vos seja servido num copo de plástico. Podem depois pedir uma cerveja ou um sumo e ambos viram também acompanhados de um copo de plástico. Se perguntarem ao empregado se não poderia antes trazer o café num chávena de porcelana, como seria natural, ou se pedirem antes um copo de vidro para o sumo, ouviram a resposta: "Peço imensa desculpa mas não posso, são os regulamentos da ASAE".
A mesma explicação ser-vos-à dada quando notarem que já não existe vendedor de bolas de Berlim na praia, ou que aqueles rissóis tão bons que eram vendidos no café do vosso bairro, feitos pela vizinha da frente foram substituidos por rissóis de fabrica, devidamente empacotados.
De acordo com as normas da ASAE, todos os produtos alimentares deveram ser empacotados e devidamente etiquetados com data de produção e prazo de validade. E que os deuses vos livrem de usar uma colher de pau, ou um galheteiro, ou mesmo de usar a mesma faca para cortar as cebolas e pão (mesmo que a tenham lavado entre as duas utilizações).
Ora eu pergunto, e desculpo-me antes pelo português mas as coisas são para se dizer: Mas esses xoninhas apaneleirados da ASAE comem merda à colherada todas as manhãs ou foram violados à bruta por um tio quando eram pequenos? Essa gente (não os fiscais, mas quem define as regras) tem noção do absurdo do que andam a fazer? Depois dizem que são regras europeias e tal... em Amsterdão continuam a servir o café em chávenas, em Madrid continuam a ser usados galheteiros e em Bruxelas continuam a fazer gaufres nas ruas sem terem de os embalar ou etiquetar de que forma for. Deixem-se de merdas.
Parece que a politica é tirar-nos todos os prazeres da vida. Em quero comer bolas de Berlim, mesmo depois de manuseadas pelas mãos imundas do vendedor, quero as minhas castanhas embrulhadas num funil de papel de jornal, ou lista telefónica, que comer rissóis acabados de fazer pela Ti Gertrudes em vez de porcarias pré-fabricadas da PescaNova. Um café num copo de plástico? Esse é o maior atentado à cultura português desde do tempo dos Filipes de Espanha!
E. como se isso não bastasse, o impacto ambiental destas medidas ridículas? Ele são copos de plástico, embalagens de plástico, pacotes para aqui e para ali. O plano é multiplicar por 10000 a quantidade de lixo produzida pelos portugueses? Fecharem a Ginginha de Lisboa já foi um crime lesa estado, mas estas medidas desperdiçadoras e anti-ambientais roçam o atentado contra a humanidade.


Portugueses, juntem-se. Vamos fazer abaixo-assinados, vamos para as ruas gritar, vamos fazer o que for preciso, mas não vamos entregar assim o país de mão beijado à ASAE!!!!

domingo, dezembro 02, 2007

Eles

Não há nada mais típico na nossa linguagem do que o "Eles". Eles são os actores incógnitos, incertos e invisiveis de todas as coisas. Eles podem ser os responsáveis pela cura do cancro, assim como eles podem ser os responsáveis pela fome em África. Eles surgem habitualmente em frases como: "Vi ontem na televisão que eles vão fazer uma nova barragem no Rio Lima" ou "Eles poem lixo lá em cima no céu e depois o tempo anda assim todo avariado" (esta da autoria da minha avó).
Quem são eles? Ou quem são Eles? Ou quem são E.L.E.S.?
Serão as Empresas Lituanas de Estivagem e Saúde? Ou o Estado Liberal das Elites e do Sócrates? Caraças, agora que escrevi Sócrates neste post tenho de passar a explicar aos senhores que lêm estas coisas que não me referia aqui ao Sr. Dr. Eng. José Socrates, ilustre primeiro ministro da República Portuguesa. Não. Pensava eu num filósofo grego, há muito especializado na arte de fazer de tijolo. Ou esperem, não, era o grande Sócrates, o número 10 da selecção brasileira que deslumbrou no Mundial de 82, para depois perder o tornéio para a Itália.
Aliás, eu nem queria ali escrever Sócrates, referia-me à Só Crates, uma empresa especializada na empacotagem e transportes de volumes em caixotes (ou em inglês crates).
Mas falava eu dos tais eles. Dos quais posso dizer que eu não sei quem são. Serão eles que leêm ou ouvem o que o pessoal diz e depois os despedem da função pública, ou serão eles quem pôs o Bush no governo dos Estados Unidos. Eles, onde quer que estejam, posso juntar-me a vocês? Assim passariam a chamar-se Nós, o que tinha a vantagem principal de poder ser o acrónimo do Núcleo Oftalmológico de Souselas, que ainda por cima era coisa que dava jeito da maneira que devem andar os olhos de quem tem de navegar todos os dias de pestanas ligadas pelos ares que circundam a cimenteira que a Cimpor tem por lá.
Caros leitores, se ainda estão a ler... pá é que não devem mesmo ter nada de útil para fazer!