domingo, outubro 31, 2010

Piscares de Olho - IX

Tirei esta fotografia na Suécia, em 2007. Trata-se de um carvalho (desconheço qual a espécie) e o início do Outono começava já a roubar o ver de às suas folhas. Sinceramente, não sei o que me fez escolher esta fotografia para este piscar de olho. Gosto, tão simples quanto isso. Espero que gostem também!


quinta-feira, outubro 28, 2010

Movimento Perpétuo Associativo


Alguns países têm problemas de auto-definição. Em França, por exemplo, tem-se debatido o que é ser francês e quanto esse conceito mudou devido aos actuais fluxos migratórios. A Bélgica debate-se há anos com a questão do que será um país em que metade da população é holandesa, a outra metade francesa, e nenhuma das duas sente qualquer vontade de pertencer ao mesmo pais que a outra, tudo sob o pouco auspicioso fundo de um reino com um rei de origem alemã.
Em Portugal não temos esse problema. Podemos ser neuróticos, auto-destrutivos e certamente maníaco-depressivos, com flutuações de humor constantes entre o orgulho pátrio exacerbado e o desejo de abandonar o país o mais depressa possível. podemos ser tudo isso, mas tudo isso é a pura definição do ser tuga. Somos tugas, somos isso tudo!
Poucas coisas nos definem melhor do que a eterna vontade de mudar e a eterna preguiça de fazer a mudança. Felizmente existem excepções, em casos extremos os nossos brandos costumes fervem no azeite quente que corre na veia da nação e damos uma estocada rápida nos problemas, de forma eficaz e muitas vezes impressionante. 1 de Dezembro de 1640, 10 de Outubro de 1910 e 25 de Abril de 1974 são bons exemplos disso. O momento actual é bem exemplo do quanto pode demorar o nosso azeite a ferver... o país precisa de mudança urgente, mas vamos adiando, deixando os problemas e aqueles que os causam ir andando. As expressões deixar andar ou ir andando são o expoente máximo do que é ser tuga. O vão sem mim que eu vou lá ter é um bom corolário. Talvez por isso existe um movimento na internet que defende que mudemos o hino nacional para a música "Movimento Perpétuo Associativo", dos Deolinda. Se ouvirem bem a letra, faz todo o sentido...

Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vais parar!

(resposta:)
Agora não, que é hora do almoço...
Agora não, que é hora do jantar...
Agora não, que eu acho que não posso...
Amanhã vou trabalhar...

Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos de vencer!

(resposta:)
Agora não, que me dói a barriga...
Agora não, dizem que vai chover...
Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer...

Agora sim, cantamos com vontade!
Agora sim, eu sinto a união!
Agora sim, já ouço a liberdade!
Vamos em frente, é esta a direcção!

(resposta:)
Agora não, que falta um impresso...
Agora não, que o meu pai não quer...
Agora não, que há engarrafamentos...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...

Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...
Vão sem mim, que eu vou lá ter...

terça-feira, outubro 26, 2010

Coupling

Coupling é uma série britânica, estreada em 2000, que passou no mítico espaço Britcom da RTP2. Trata-se de uma série hilariante que relata as desventuras amorosas e sexuais de 6 amigos, 3 homens e 3 mulheres. Grande parte da acção é passado no bar onde as personagens costumam ir beber uns copos, com passagem por vários quartos também. Grande parte dos episódios andam à volta de clichés sobre relações e sobre sexualidade, como o medo do compromisso, as inseguranças masculinas e femininas, a obsessão masculina por lésbicas, a preocupação com o tamanho do pénis (dos outros) e por aí fora. Apesar de os temas serem previsíveis, o resultado final é simplesmente hilariante, fazendo desta a melhor série cómica da BBC desde o tempo do Alô, Alô! Não é fácil ver um episódio completo sem rebolar no chão a rir!!
Felizmente, hoje é fácil ter acesso a séries antigas, pode-se fazer o download completo da série via torrent. Foram os 6Gb de downlad mais bem aproveitados que já fiz. Depois, é só recostar no sofá e aproveitar a galhofa para uns serões muito bem passados.
No espírito da série, aproveito para recordar um discurso da personagem Steve, sobre a evolução das tecnologias da comunicação e a sua motivação: o homem começou a desenhar para ter acesso a desenhos de mulheres nuas, mais tarde inventou a imprensa para ter poder imprimir mulheres nuas em larga escala, innventou a televisão para mais facilmente ter acesso a imagens de mulheres nuas... e finalmente inventou a internet, um arquivo quase infinito de mulheres nuas... numa frase, a evolução da humanidade!

segunda-feira, outubro 25, 2010

Fluviário de Mora


Ontem fomos até ao Fluviário de Mora. Muito mais do que um aquário, o fluviário é uma lição viva sobre os rios, sobre o seu funcionamento, sobre a sua função, sobre a sua extrema importância para a nossa vida e sobre as inúmeras ameaças que temos vindo a criar e que põe em causa a sua existência enquanto sistemas vivos.
No fluviário podemos ver diversos peixes da nossa fauna, desde as mais minusculas bogas até aos maiores barbos. Podemos também conhecer as várias espécies exóticas que têm vindo a ser introduzidas nos nossos rios e que põem em causa a sobrevivência da nossa fauna autoctone. Toda a exposição pretende também ilustrar os rios como um sistema dinâmico que se expande desde a nascente até à foz, mostrando a fauna que habita nas diferentes partes do rio, desde os pequenos peixes dos ribeiros de montanha até aos peixes marinhos que visitam os estuários, como as douradas ou s robalos. Mostra-nos também as espécies migradoras, os peixes anádromos que vivem grande parte da vida no mar e visitam os rios para se reproduzir, e os peixes catádromos, que vivem nos rios durante a maior parte da vida e vão ao mar para se reproduzir.
O fluviários tem ainda um casal de lontras asiáticas e umaq colecção de peixes de água doce de outras regiões, nomeadamente peixes da bacia do Amazonas, da bacia do nilo e dos grandes lagos africanos.
Tudo isto faz um excelente passeio de fim de semana para miudos e graúdos. Recomendo!

domingo, outubro 24, 2010

Piscares de Olho - VIII

O piscar de olho desta semana leva-nos até aos arrozais da Comporta, na margem sul do Estuário do Sado. Um arrozal não será à partida algo que nos sugira paisagens belas... enfim, os arrozais em socalcos no sudoeste asiático ou os arrozais indianos com os Himalaias ao fundo talvez sugiram paisagens mais edílicas, mas não um arrozal banal em Portugal. Neste caso as nuvens e a luminosidade natural de um pôr-do-Sol de inverno fizeram toda a diferença.
Este arrozal tem um significado especial para mim, pois foi uma das minhas áreas de estudo durante o meu doutoramento. Trabalhava então com aves migratórias, maçaricos-de-bico-direito que migravam entre a África Ocidental e a Holanda e paravam nos arrozais do Tejo e do Sado para reabastecer energias com sementes de arroz antes de continuar a sua viagem de milhares de quilómetros..
Este era um dos arrozais onde as aves paravam para comer. Foi também esta a fotografia que escolhi para capa da minha tese. Por falar nisso, a minha tese pode ser obtida clicando aqui. Infelizmente a versão disponível no site da universidade não inclui a capa...

sexta-feira, outubro 22, 2010

A planta que suporta meio mundo

Segundo modelos matemáticos da Universidade de Berkeley, a população mundial é neste exacto momento (22 Outubro 2010, 14:00) de 6.851.018.782 pessoas.
Alimentar uma população destas não é fácil, no entanto a produção agrícola mundial é actualmente suficiente para suprir as necessidades alimentares de todos estes milhões e milhões de bocas. As situações de fome e de sub-nutrição devem-se exclusivamente a problemas e injustiças na distribuição dos alimentos, sendo culpa dos nossos políticos e não dos nossos agricultores.
Entre as principais fontes de alimento, há claramente uma que se destaca. O arroz, uma planta originária do japão, onde é cultivado desde há pelo menos 7000 anos, consiste na verdade de 7 espécies vegetais do género Oryza, sendo a mais comum a Oryza sativa, pertencentes à familia Poaceae que engloba os cereais e outras gramíneas. Apesar de não ser a maior cultura agrícola do mundo, ficando em terceiro lugar atrás do milho e do trigo, o arroz é principalmente usado para a alimentação humana, ao contrário do milho e do trigo que são muito usados como ração para animais.
A produção mundial de arroz atinge os 660 milhões de toneladas anuais, estando mais 1,5 milhões de quilómetros quadrados cobertos por esta cultura em todo o mundo (dados FAOSTAT). A maioria dessa produção está concentrada na Ásia, que representa 86% da produção mundial. Foi estimado que 40% da população mundial, isto é qualquer coisa como 2,75 mil milhões de pessoas, tenham o arroz como principal fonte de energia, estando dependentes desta planta para a sua sobrevivência.
Da prózima vez que se deliciarem com um arroz de polvo, vale a pena pensar nisto...

segunda-feira, outubro 18, 2010

Censos de aves necrofagas e não só (cont.)

Como tinha escrito há dias, fizemos o primeiro censo de aves necrófagas no âmbito do projecto LIFE em que estou actualmente a trabalhar. Foram detectadas 13 aves de rapinas, sendo a mais abundante na região estudada o Grifo Gyps fulvus, que ultrapassou os 200 individiduos na ZPE de Moura-Mourão-Barrancos e os 140 individuos na ZPE do Vale do Guadiana. Entre as outras aves detectadas são de realçar os 7-10 abutres-pretos Aegypius monachus, os quase 20 butios Buteo buteo e as quase 10 águias-de-Bonelli Aquila fasciata e as 5-6 águias-reais Aquila chrysaetus. Foram ainda detectados milhafres-reais Milvus milvus, 1 milhafres-preto Milvus migrans, 1 aguias-cobreira Circaetus gallicus, 1 tartaranhão-azulado Circus cyaneus, vários peneireiros-cinzentos Elanus caeruleus e gaviões Accipiter nisus, cerca de 15 peneireiros-comuns Falco tinnunculus e 1 esmerilhão Falco columbarius.
Claro que neste conjunto não estão apenas aves necrófagas, mas as aves de rapina são um grupo de grande importância ecológica, por estarem no topo da cadeia alimentar e como tal serem essenciais para o equilíbrio do meio natural, sendo por isso importante recolher informação sobre a sua abundância e distribuição.
Foram ainda detectadas algumas aves de outros grupos, incluindo 4-7 cegonhas-negras ciconia nigra, vários corvos Corvus corax e mais de 40 alcaravões Burhinus oedicnemus.

domingo, outubro 17, 2010

Piscares de Olho - VII

Para o piscar de olho desta semana, um arco-íris. Os arco-íris são uma lição de física em si mesmos. A luz do Sol é divida em todas a cores que a compõem ao atravessar as gotas de água na atmosfera. Trata-se de um fenómeno óptico explicado pela dispersão da luz do Sol ao ser refractada pelas gotas de chuva. A luz sofre uma refracção inicial quando penetra na superfície da gota de chuva, dentro da gota ela é reflectida (reflexão interna total), e finalmente volta o sofrer refração ao sair da gota. O efeito final é que a luz que entra é reflectida numa grande variedade de ângulos, consoante o seu comprimento de onda. Assim, a cor violeta, de maior comprimento de onda, é refractada num ângulo maior, formando a parte interna do arco-íris, enquanto que o vermelho, com o menor comprimento de onda, forma a parte exterior. A sequência de cores no arco-íris é vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anis (ou índigo) e violeta.

Fotografei este arco-íris sobre o Workumerwaard, a minha principal área de estudo durante o meu doutoramento na Holanda. Trata-se de uma zona agrícola na província holandesa da Frísia, junto à margem do lago Ijsselmeer. O clima holandês, frio e húmido, é bastante propício aos arco-íris, mas ainda assim não fáceis de apanhar com a câmara. O resultado ficou bastante do meu agrado.

quinta-feira, outubro 14, 2010

Subidas (ainda mais) absurdas do IVA

Não é só a taxa base do IVA que vai subir para 23%. Segundo notícia do Publico de hoje, existem vários produtos que eram até agora taxados com IVA reduzido, à taxa de 6% que vão passar a pagar 23%.
Um comum mortal pensaria que se tratariam de bens desnecessários, luxos que os portugueses poderiam evitar em período de crise. Infelizmente os nossos governantes não são comuns mortais, são imbecis mortais, para não os chamar simplesmente de criminosos. Entre os produtos que vão passar a ser taxados a 23% incluem-se os leites achocolatados, aromatizados, vitaminados e enriquecidos que obviamente são produtos que não fazem falta nenhuma às famílias portuguesas pois não são a principal fonte de cálcio e diversas vitaminas na alimentação da maioria das crianças; incluem-se as bebidas lácteas e os sumos de frutas, outros itens que evidentemente são um luxo que só deve estar ao alcance dos mais afortunados, qual champanhe francês; incluem-se os utensílios e outros equipamentos exclusivamente ou principalmente destinados ao combate e detecção de incêndios, porque Portugal nem é um país com problemas de incêndio, pelo que naturalmente são produtos que não fazem falta, aliás um extintor para um português é como um frigorífico para um esquimó, uma excentricidade sem sentido; incluem-se todo o tipo de conservas e de óleos alimentares, produtos que como se sabe nunca foram uma parte integrante da dieta dos portugueses, aliás, como se sabe o azeite é uma moda proveniente do norte da Europa, um luxo sem sentido que não faz falta aos portugueses e que, juntamente com as conservas, não é uma das principais produções nacionais, sendo até bom para os nossos produtores este aumento de IVA, para melhor competirem contra esses pérfidos produtos nórdicos como as sardinhas em lata, os patés de atum ou o azeite virgem.
Perante esta notícia, resta-mos apenas concluir finalmente que o nosso governo vive num mundo de sonho, em que Portugal é a Suécia e que como tal podemos comportar facilmente ser o único país europeu com impostos tão altos como os desse país nórdico, que ao contrário de nós vai à frente e não em último nos indicadores de riqueza e de qualidade de vida. Estão iludidos não só na capacidade financeira das famílias portuguesas como nos bens que nós tendemos ou não a necessitar, assumindo que não somos portugueses, mas escandinavos, ou talvez os habitantes de um Universo paralelo em que a comida não é a base da alimentação, mas sim a areia, as pedras ou talvez os carris do TGV...

Censos de aves necrófagas e não só

Esta semana foi semana de censos de aves necrófagas. o primeiro de muitos censos que vou organizar no âmbito do projecto LIFE+ "Promoção do habitat para lince-ibérico e abutre-preto no sudeste de Portugal".
Os censos tiveram como região alvo as Zonas de Protecção Especial de Mourão-Moura-Barrancos e do Vale do Guadiana e permitiram detectar 13 espécies diferentes de aves de rapina, para além de outras espécies de relevo, como a cegonha-preta Ciconia nigra ou o corvo Corvus corax. Entre as aves de rapina detectadas, contaram-se o abutre-preto Aegypius monachus, o grifo Gyps fulvus, a águia-real Aquila chrysaetus, a águia-de-Bonelli Aquila fasciata e o milhafre-real Milvus milvus.
De momento estou ainda a analisar os dados de campo, espero ter em breve uma noção mais exacta dos números contabilizados de cada espécie.

domingo, outubro 10, 2010

Piscares de Olho - VI

O piscar de olho desta semana apanhou um tubarão a passar o limite de velocidade enquanta nada por entre um cardume de pequenos peixes de tons cinzentos e amarelos. Infelizmente não me lembro quais são as espécies em causa, mas esta fografia foi tirada no Aquário de Barcelona, no ano passado. O Aquário de Barcelona não é tão espectacular como o Oceanário de Lisboa, mas merece sem dúvida uma visita e oferece umas belas imagens, para mais tarde recordar!

quinta-feira, outubro 07, 2010

... o céu azul brilhará

Este clássico do Rock português parece aplicar-se bastante bem à actual situação do povo português. Andamos todos a a ver os sonhos partirem e à espera que algo aconteça, à espera que as nuvens as trevas se desvaneçam e que o céu azul, tão caracteristico do nosso belo país, nos volte também a sorrir por entre a penumbra das crises e dos incompetentes ecónomistas de direita que dia após dia nos vão puxando para mais perto do abismo...

Deixo-vos com este "não sou o único", dos Xutos e Pontapés:



Pensas que eu sou um caso isolado
Não sou o único a olhar o céu
A ver os sonhos partirem
À espera que algo aconteça
A despejar a minha raiva
A viver as emoções
A desejar o que não tive
Agarrado ás tentações
E quando as nuvens partirem
O céu azul ficará
E quando as trevas abrirem
Vais ver, o sol brilhará
Vais ver, o sol brilhará
Não, não sou o único
Não, sou o único a olhar o céu
Não, não sou o único
Não, sou o único a olhar o céu Pensas que eu sou um caso isolado
Não sou o único a olhar o céu
A ouvir os conselhos dos outros
E sempre a cair nos buracos
A desejar o que não tive
Agarrado ao que não tenho
Não, não sou o único
Não sou o único a olhar o céu E quando as nuvens partirem
O céu azul ficará
E quando as trevas abrirem
Vais ver, o sol brilhará
Vais ver, o sol brilhará

terça-feira, outubro 05, 2010

100 anos de República


Parece que ainda ontem isto era tudo mouraria, aliás, ainda há tão pouco tempo eramos celtas, lusitanos destemidos a combater os romanos sob a liderança de Viriato.
Mas é assim com todas as crianças. O tempo passou e crescemos, passamos por lutas e guerras, as dores do crescimento foram sempre uma constante, mas fomos superiores a todas as dificuldades e crescemos. E vencemos quase todas as batalhas.
Os romanos vieram, e foram, o mesmo se passou com os árabes. Mas nós ficamos cá. Criámos um condado, depois um país. Expandimos as fronteiras até o mar não deixar mais, e depois conquistamos esse mesmo mar, esse e os outros, conquistamos todos os sete mares e oferecemos novos mundos ao mundo. Mantivemos um império, mas soubemos novamente ser dos primeiros a inovar. Fomos um dos primeiros países a abulir a escravatura.
O mundo mudou conosco. A humanidade abriu os olhos da ciência e descobriu o mundo, descobriu a matéria, descobriu a vida. A sociedade evoluiu e as tiranias começaram a caír em pedaços. No ínicio século XX voltamos a inovar. Acabamos com a estupidez de um governo monárquico e tornamo-nos uma das primeiras Repúblicas da Europa, num tempo em que as poderosas famílias reais dominavam ainda a política.
E cometemos erros, muitos erros. Porque crescer é aprender. Tardamos a perceber que uma populaçao educada é a maior riqueza de um país, desperdiçamos as oportunidades oferecidas pelas colónias e não lhes soubemos dar independência na altura devida. Caímos no engano do fascismo e aturamos uma ditadura tão negra quanto cinzenta, que explorou a ignorância de um povo que nunca aprendera a ler nem escrever.
Mas dos erros vieram lições. Fizemos um 25 de Abril, a mais bela revolução que o mundo já viu, em que as armas que devolveram a liberdade aos cidadãos vinham carregadas de de flores e não de balas.
Constrímos a pulso uma democracia, que como todas as outras não é um sistema perfeito, mas é o melhor que temos. Essa democracia juntou-se a 10, 14, 26 outras no sonho de uma Europa livre, pacífica, equalitária e unida. É neste ponto da história que cumprimos 100 anos de República. Num ponto difícil, em que o mundo parece outra vez precisar de mudança para continuar no caminho do crescimento. De um crescimento que deve ser humano e sustentável, e não económico.
É neste ponto que estamos, e precisamos mais uma vez de inovar. Precisamos de mais uma vez mostrar novos mundos a este mundo, que parece cada vez mais perdido num abimo de capitalismo selvagem, injustaças sociais e terrorismos tresloucados. Ainda não sabemos quais serão os próximos capitulos desta história. Quais os enganos e quais as glórias do caminho que nos falta percorrer. Mas acredito que vamos mais uma vez surpreender o mundo, mais uma vez tomar as rédeas da história e dizer "presente!". Porque o mundo nunca precisou mais de loucos visionários capazes de calcorrear o desconhecido em cascas de nóz, guiados apenas por estrelas e velas de lona branca. E esses loucos somos nós!

domingo, outubro 03, 2010

Piscares de Olho - V

No Verão de 2006 tive oportunidade de visitar a Islândia, um país de paisagens impressionantes onde as forças geológicas ainda ese vêm em acção à face da terra. Estava lá em trabalho, o que significa que estava lá por causa das aves. Andavamos à caça de maçaricos, queriamos marcar crias que viriam a visitar Portugal mais tarde, pois essas aves migram anualmente da Islândia para o Sul da Europa, onde passam o Inverno em climas mais acolhedores.
Mas já que lá estava, pude apreciar toda a riqueza biológica da ilha. No piscar de olho de hoje aparecem andorinhas-do-mar-árcticas (Sterna paradisea). Estas aves são um dos mais impressionantes migradores do planeta, todos os anos vão do círculo polar Árctico, onde se reproduzem (na Islândia estão levemente fora do círculo polar, mas só por umas centenas de quilómetros) até ao círculo polar Antárctico, tendo assim oportunidade de viver quase em dia eterno, pois aproveitam os longos dias do Verão setentrional, para depois aproveitarem os mesmos no Verão austral.
A fotografia foi tirada em plena colónia de reprodução, daí a proximidade das aves, que nos atacavam para nos afastar dos seus ninhos, em cada um dos quais chocavam à data dois ovos, a postura típica desta espécie. As aves brancas e elegantes contra o céu azul fazem um piscar de olho delicioso.