terça-feira, maio 31, 2005

Um poema

Fica aqui um poema, escrito pelo Iraniano Nima Iuchidj (1895-1959). Porquê? Porque sim.

Ainda resta um pouco da noite;
canta o rouxinol nela.
Pirilampos bruxuleiam no escuro
para os lados do mar.
Como a minha lâmpada
que bruxuleia à minha janela.
Como a minha alma onde um pouco
de paciência e de esperança perdura.
Como a visão do meu amargo amor a cantar,
Como a minha lâmpada
que bruxuleia à janela,
De seus olhos ardentes pousados sobre mim, o olhar,
- Um raio de esperança –
bruxuleia nesta casa escura

quinta-feira, maio 26, 2005

Sócrates, vai mas é dar uma volta!

Queria aproveitar este belo espaço de liberdade de expressão que é a internet para deixar aquilo um bem sonoro: "SÓCRATES, VAI P'RÓ CARALHO!"
Pensar que eu disse bem desse inutil cobardolas neste blog. Que falta de visão, que estupidez, que cobardia foi esta medida de subir os impostos, sobretudo atacar no IVA foi do mais imbecil que já vi.
Eu posso não perceber de economia, posso não saber bem porque motivo são tão importantes os 3% do PIB no valor do nosso défice, mas uma coisa eu tenho: dois olhos na cara e uns deditos de testa para pensar. Qual é o gande financiador do estado? Os cidadão. Como é que eles finaciam o estado? Pagando impostos sempre que recebem e sempre que gastam dinheiro. Qual é então a forma de aumentar as receitas do estado?
Se eu subo os impostos, vou baixar o poder de compra dos cidadãos, levando o estado a auferir menos dinheiro dos impostos, piorando as finanças públicas e sendo obrigado a subir mais os impostos, e levo o país a entrar na pescadinha de rabo-na-boca de ignobilidade económica em que actualmente vivemos. É um pouco como a velha rábula do homem que mata a galinha dos ovos de ouro porque ela só põe um ovo por dia e lá dentro ela deve ter mais ouro, é o eterno pensar a curto-prazo, deixar a planificação do futuro para quem cá estiver... no futuro.
Mas não é só falta de visão estratégica. Olhemos para os números. Com o IVA a 21% temos o imposto 5% superior ao observado em Espanha, adicionem a isso o facto de a gasolina ser 12 a 15% mais barata em Espanha e facilmente se começa a tornar rentável ir fazer compras a Espanha, pelo menos nos casos de pessoas que vivam perto da fronteira ou que vão fazer compras de valores avultados. Claro que as empresas vão reparar nisso, mesmo que os cidadãos não repararem.
Quando é que vamos ter governantes (não só em Portugal, mas também na União Europeia) que pensei mais de 5 minutos à frente? Para resolver uma crise económica, a única solução é o estado fazer das tripas coração para SUBIR o poder de compra aos cidadãos, com aumentos, com investimento e até, eventualmente com uma redução nos impostos. Claro que no imediato o défice vai subir, o que é que isso realmente significa para os cidadãos, que são realmente quem interessa? A questão é que a médio prazo, a economia vai necessáriamente recuperar, apanhada a reboque pelo povo que vai ganhar mais e gastar mais e necessariamente pagar mais impostos!
Não obstante, é também uma boa ideia atacar a fraude fiscal de maneira a garantir que todos contribuimos e que não à certos e determinados empresários a declarar ordenados minimos e a andar de Bentley, e outras aberrações que vemos por aí. Ao menos numa coisa todos os partidos parecem estar de acordo. Há que reduzir o peso do estado na economia. Há que cortar alguns tentáculos a esse polvo. Tenho a certeza que isso era uma tarefa fácil para os 99,99% da população que não têm cargos públicos administrativos, infelizmente não acredito que os 0,01% que os têm (claro que na realidade a percentagem deve ser muito menor) venham a fazer o que devem. Cortar no dinheiro dos outros é sempre mais fácil do que no nosso, e eles acham que o nosso dinheiro é deles.

O bem, o mal e o assim-assim

Ontem fui ver o novo filme da saga Guerra das Estrelas. Recomendo vivamente a todos os fãs da saga, finalmente podemos ver como aparece o mítico Darth Vader. Mas a coisa que mais notei foi como esta nova trilogia parece de uma inspiração diferente. Eu sei que já tudo estaria escrito à muito, muito tempo, mas reparem:
Nos anos 70/80 quando os primeiros três filmes surgiram, viviamos num mundo fortemente dividido. Durante três décadas, a guerra fria tinha ajudado a definir com grande clareza o que era o bem e o que era o mal (claro que variavam consoante o lado da cortina de ferro em que viviamos... e nenhum deles corresponderia certamente ao ideal subjacente, mas acreditava-se nisso). Também no filme, ninguém tinha dúvidas do que era o bem e o mal, o lado bom da força e o lado negro, os heróis e os vilões. Era tudo muito preto no branco.
Na nova trilogia, vemos nobres jedis a fazerem coisas pouco nobres, por exemplo, terão certamente notado que à uma frase idêntica repetida pelo (futuro) imperador e pelo mestre Windu. Matar está longe de ser um último recurso e à claramente uma grande sede de poder dos dois lados. Por outro lado, vemos um recém criado Darth Vader a sucumbir ao lado negro em nome do amor, e a ter como primeiro pensamento, depois da sua "ressureição", a sua amada Padmé. Não é dificil pensar em outros exemplos de como o bem e o mal já não estão tão bem definidos, tão preto no branco. No limite poderiamos comparar os jedis e os sith a duas força políticas, ideologicamente opostas, a lutar pelo mesmo poder absoluto. O facto de uns quererem o poder pelo poder e os outros se justificarem com ideais democráticos acaba por não ser uma grande diferença... Olhemos agora para a geopolítica actual. Onde estão os maus da fita? São os terroristas os mauzões, ou são os países ricos que levam as pessoas ao desespero nos países mais pobres levando-as a essas atitudes desesperadas? Quem são os maus a fita, os americanos que levam acabo uma guerra ilegal de ocupação para dominar as reservas de petróleo do iraque, ou o terrível estado-polícia de Saddam Hussein que abomivavelmente manietou e amordaçou o seu povo durante décadas? São os israelitas com a sua politicação de ocupação e exterminio da Palestina, ou são os palestinianos, eternamente violentos e violentamente adversos a uma busca da paz? Agora vivemos no mundo do assim-assim. No mundo dos males necessários, sendo que já ninguém se lembra de qual era o bem para o qual eles eram necessários.
Alguns defendem que mais do que numa crise económica, vivemos numa grande crise de valores, defendendo um regresso aos valores religiosos e (a)morais do passado, outros defendem que estamos a passar pelas agruras de uma adolescência, no limiar de um admirável mundo novo de liberdade, prosperidade e felicidade nunca antes vistas, outros dizem apenas que estamos perto do fim, sem especificar bem que final será esse... Pessoalemente, não tenho dúvidas que muitas coisas estão mal, mas não acho que seja andando para trás que vamos encontrar uma solução, já passamos o ponto de não retorno à muito tempo, quando os nossos antepassados tiveram a infeliz "ideia" de descer das árvores... não que tenham tido muito voto nessa matéria!
Agora que cheguei aqui, neste post, também não sei como o acabar. O culminar lógico seria uma ideia brilhante, mas infelizmente não a tenho, também não sei qual é a solução para este mundo assim-assim. Talvez a constatação do facto já seja um bom começo, mas ainda assim... eu já o disse, o bem e o mal já não existem, ficaram enterrados num passado cada vez mais longínquo, atolados nos pântanos de moralismos religiosos e filosóficos que, tal como as sombras da caverna de Platão, podiam ter pouco que ver com os conceitos reais.
Eu pronhunha então um mundo do pensar antes de agir, um mundo onde a democracia seja uma forma de igualdade e não mais uma oligarquia dos mais poderosos, um mundo onde as grandes decisões sejam tomadas pelas maiorias, mas onde as maiorias estejam bem informadas. Informadas pelas armas que temos para esse fim, a ciência, as telecomunicações, a filosofia e acima de tudo a liberdade de expressão e a livre discussão e livre acesso ao saber. Basicamente proponho um mundo igual aquele em que geralmente achamos que vivemos, mas que todos sabemos não passar de mais uma utopia. Proponho o mundo real, do qual aquele em que vivemos é apenas uma sombra na parede de uma caverna.
Infelizmente não sei onde encontrar esse mundo. Talvez todos juntos o pudessemos encontrar...

segunda-feira, maio 23, 2005

Benfica, campeão nacional 2004-2005

Foi a loucura! Não sei se foram os longos 11 anos de espera, se foi o campeonato super-disputado até à última, se foi só o estravazar de alegria em milhões de adeptos, mas a noite de ontem foi algo de memorável.

No meu caso, tudo começou no Parque das Nações. A rua dos bares, cheia. Milhares de adeptos vestidos de vermelho, pintados de vermelho, banhados em vermelho. O nervosismo era muito e a incerteza grande, mas a confiança era, apesar de tudo, elevada. Começam os jogos e ouvem-se os primeiros aplausos, parece que o Braga marcou, é bom sinal, eles também jogam de vemelho! Depois os 3 golos do Nacional em Alvalade ajudaram a alegrar os ânimos, enquanto se começavam a multiplicar os cânticos de apoio à equipa. Parecia que estavamos no estádio. Depois, a primeira verdadeira manifestação de euforia. Golo do Benfica! Mas a festa durou pouco, o Boavista marcou logo a seguir e tudo voltava à estaca zero. Entretanto, o Porto ia jogando contra a Académica, mal e porcamente como já vai sendo hábito. Ensaiei um grito de apoio à Académica: Brioooooosa! Briooooooosa! Durante 30 segundos todos fomos da Académica.
A segunda parte foi-se alongando. Os nervos aumentavam, as unhas diminuiam. O Benfica ia falhando golos e o nó no estômago ia-se complicando. "Isto ainda vai acabar mal" regurgitavam os profectas da desgraça. O Porto marcou golo. Praticamente ninguém reagiu. "Por mim tanto me faz, até podem marcar 10 desde que nós não percamos".
O jogo caminhava perigosamente para o final e o Benfica tardava em marcar o golo da segurança, a qualquer momento o Boavista podia num lançe furtuito oferecer o título ao Porto... e de repente, minuto 90, um burburinho começa a levantar-se por entre a multidão. "O que foi?" perguntava-se. "Foi no Porto?" Finalmente soou o grito que todos queriamos ouvir: "Foi golo, foi da Académica!" A reacção foi indescrível, gritou-se, saltou-se, chorou-se, todos os cachecois esvoaçavam sobre as cabeças, nas faces era agora já uma certeza: "Vamos ser campeões."
Os cânticos multiplicavam-se, "ninguém pára o Benfica" gritava-se já aos céus. Os últimos momentos do jogo passaram num frenesim de festa contida, já ninguém via o jogo, suspeito que já ninguém o jogava também. Finalmente a vitória era nossa.
Apito final. Abraços, beijos, apertos de mão, chapadas amigáveis e todas as outras formas que temos de exprimir sentimentos. Todos os braços no ar, poucos pés no chão. A loucura descia à cidade. Gritava-se pelo Benfica, gritava-se por Portugal, gritava-se por Cabo Verde, Angola e Moçambique, gritava-se até pela Académica, nossa aliada nestes instantes finais de sofrimento. A festa era nossa, ninguém nos ia calar.
Digo ao meu amigo: "Rapido vamos para o carro sair daqui se não é o caos!". Apesar da nossa pressa, já encontrei o meu carro rodeado de viaturas alegremente engalanadas de vermelho, com buzinas e pulmões a estravazarem todo o barulho que conseguiam. Pessoas que nunca antes se tinham visto congratulavam-se, por um dia a buzina não era a arma da guerra do trânsito mas sim o veículo do reconhecimento mutuo, se buzinas és do Benfica, eu vou buzinar porque também sou. Decidimos ir ter com mais amigos que já se juntavam no Marquês de Pombal, habitual centro das festividades desportivas. Felizmente deixei o carro muito longe, não havia outra hipotese. Nas avenidas em torno da rotunda, o trânsito já não existia, tudo era um mar de gente, em tons vermelho e branco. Todos gritavam, todos cantavam, todos eramos hoje irmãos. No Marquês, a loucura. Pessoas empoleiradas por toda a estátua, pessoas em cima das árvores, em cima de carros, até em cima de paragens de autocarro. De um lado um grupo dançava gritando "slb, slb", do outro anunciava-se que "quem não bate palmas é tripeiro", alguns entoavam já o mitico "We are the Champions" dos Queen. Os polícias, longe de estarem a ter problemas, eram antes convidados a fazer parte da festa, chegando até a tirar fotografias junto das hostes frenéticas, eles próprios com cachecois vermelhos sobre os ombros. "Isto é tudo boa gente, é tudo do Benfica" gritava alguém.
Já reunidos em grupo, alguém sugeriu irmos até ao Estádio da Luz, a noite era divina, estava na hora de visitar a catedral da nossa religião. Fomos de metro. Todo o metropolitano vibrava. As carragens abanavam com os saltos de centenas de passageiros enlouquecidos, as galerias escuras ecoavam os cânticos da noite. Noutro dia o condutor teria proibido as pessoas de fazerem tal confusão, mas há muito que todos tinham percebido que este não era um dia como os outros. As mãos estavam já vermelhas de tanto bater palmas, as gargantas já roucas de tanto gritar, e eis que chegámos à Catedral. Um onda humana vermelha envolvia já o edifício. Rapidamente descobrimos que as portas de acesso ao estádio estavam abertas. Entrámos, chegara a hora da comunhão.
Lá dentro, 55 mil gargantas gritavam até ficar sem voz "Benfica, benfica, benfica" de mil maneiras diferentes. O espéculo improvisado pelo clube, diga-se, era fraquinho. Que raio de musicos eram aqueles? Mas a verdade é que bastava chegarem lá e gritarem qualquer coisa acabado em "benfica" que todo o estádio lhes respondia. O espectáculo fazia-se por si.
Uns dos últimos a entrar, estes sim músicos já bem conhecidos, os Da Weasel, arracaram para uma curta intrepetração do seu principal sucesso, mas a meio decidiram elevar a fasquia da festa. "Agora vamos gritar mais alto para o Pinto da Costa nos ouvir". Não sei se ele nos ouviu, mas até o estádio pareceu vibrar em festa.
Pouco depois (entretanto já eram 4 da manhã), chegaram os jogadores. Os vencedores que foram buscar o título à cidade do adversário. Um por um foram chamados e sublimemente ovacionados. Era a consumação de uma noite de festa incrivel. pode ser que para o ano haja mais, até pode haver mais já para a semana, mas até lá fizemos por aproveitar.

Ser benfiquista
É ter na alma
A chama imensa

Que nos conquista
E leva à palma
A luz intensa

Do Sol que lá no céu
Risonho vem beijar

Com orgulho muito seu
As camisolas berrantes
Que nos campos a vibrar
São papoilas saltitantes

sexta-feira, maio 20, 2005

Festival islâmico

Este fim de semana vou ao festival islâmico, em Mértola. Para ser honesto não sei muito bem ao que vou, umas amigas convidaram e pareceu-me uma maneira muito mais interessante de passar o fim de semana do que ver as 587 antevisões da jornada e todos os detalhes sobre como o campeonato vai ser decidido. No domingo vou pensar nisso, mas até lá venham esses árabes e encham-me de cultura monhé até eu rebentar!
Na verdade não sei nada sobre os islâmicos. Nem sei bem se é correcto chamar-lhes árabes. Eu tenho a vaga ideia que árabe referece a uma etnia e não tem nada que ver com a religião deles, mas por outro lado não sei se existem árabes que não sejam muçulmanos... por exemplo, os isrealitas não são árabes? Nesse caso seriam árabes judeus o que confirmava a minha teoria.
Para dizer verdade vai ser fixe. Não me agrada ter aquela visão americanizada do conceito de islamico, como sendo os gajos que se vestem com uma espécie de pijamas sujos e toalhas na cabeça, que vivem em desertos, espancam as mulheres e passam a vida a por bombas em todo o lado. Claro que não é assim que eu os imagino, mas tenho ainda um bocado aquela ideia do árabe a andar de camelo e armado com um alfange, como no tempo das cruzadas, o que imagino não ser uma boa imagem da realidade islâmica.
O que é que eles comem? Será que comem mesmo kebabs e falafels ou será que, tal como os chineses nunca ouviram falar de chop-suey nem de porco-doce, eles também comem coisas muito mais estranhas?
Será que a música árabe não passa daqueles sonzinhos pindéricos estilo mil e uma noites ou tem mais que se lhe diga? Espero bem que sim.
Mértola é um sítio muito giro e espero aprender umas coisas sobre a cultura islâmica. Estão todos convidados.

sexta-feira, maio 13, 2005

Abatidos

Parece que os ministros do PP que participaram no ultimo governo andaram a aprovar o abate de não sei quantos milhares de sobreiros (Parece que um deles terá mesmo dito: "há para aí tanto sobreiro, mais mil menos mil...) para encherem os bolsos... e depois, qual é a novidade?
Por mim é pegar no Nobre Guedes, no Telmo Correia e no Paulo Portas e abate-los a eles (também são só 3... há para aí tanto ex-ministro, mais três menos três nem se dá pela diferença). Já para não falar que desde que sairam do governo esses rapazes têm andado muito abatidos...

quarta-feira, maio 11, 2005

Teoria Polémica

Antes de começar a defender esta teoria polémica, deixem-me avisar que esta não pretende ser uma visão machista nem chauvinista, trata-se de um tratamento isento e desligado (científico se quiserem). Mas a sério, acho que o que vou escrever faz sentido.

A questão a que pretendo responder é: porque é que os homens tendem a ser muito mais homofóbicos do que as mulheres. Quer dizer, não tenho nada contra os homosexuais, desde que não me tentem engatar a mim, mas a verdade é que os homens tendem a ter uma reação muito mais negativa e visceral do que as mulheres. Não estou a inventar, é um facto, já falei sobre isto com muitas amigas minhas (nenhuma delas lésbica) e todas dizem que não lhes agradando muito a ideia, também nas as incomóda por ai além ver um casal de lésbicas. Já os meus amigos do sexo masculino tendem todos a descrever uma reacção bastante visceral e inconsciente à ideia de dois homens a formar um casal (a minha amostragem é pequena, poderia estar enviezada, mas não acho que seja o caso, tratam-se de ideias mais ou menos aceites pela maioria das pessoas).
Ora a leitura que eu tiro da reacção dos homens é que existe um qualquer mecanismo comportamental subjacente, um mecanismo que evoluiu no sentido de evitar a ocorrência da homosexualidade no sexo masculino. É verdade que também pode ser uma questão cultural, afinal, pelo que dizem os historiadores, na Grécia antiga as coisas não se passavam bem assim. Mas tanto quanto sei, na maioria das culturas humanas existe esta tendência para a homofobia (no sentido menos mau e mais técnico da palavra) sugerindo que o caso grego poderia tratar-se de um caso de deriva genético que levou a uma prevalência forte de um determinado alelo incomum num ou vários genes (mais uma vez, estou meramente no reino da suposição, nem sequer se sabe se esta é uma questão genética ou cultural). De facto, a situação isolada da grécia e as origens da população num conjunto de pequenos reinos muito isolados poderia criar as condições para esse tipo de fenómeno genético, de fixação de alelos incomuns.
Do ponto de vista evolutivo, é óbvio que a homosexualidade não é uma estratégia evolutivamente estável. Não é preciso ser biólogo para perceber que dois homens nunca vão deixar descendência e como tal não vão passar esse gene à geração seguinte. O problema é que o mesmo se passa com duas mulheres. Também nunca vão ter uma criança juntas. Então porque essa diferença no comportamento que ainda pode ser observada nos nossos dias?

Aqui vai então a teoria polémica. Nas sociedade humanoides primitivas, os actos sexuais eram, na sua maioria, não consensuais, isto é, a reprodução humana nessa época baseava-se na violação (claro que fora do contexto social actual essa palavra perde algum do significado que lhe damos, estou a falar de sociedades primitivas que, potencialmente, ainda não tinham desenvolvido a cultura necessária para terem um código de valores como o que temos agora, não existindo assim os conceitos de mal e bem). Pode parecer um pouco drástico, mas na verdade, não é assim tão incomum na Natureza os machos forçarem as fêmeas a praticar o acto sexual, até mesmo em animais que geralmente consideramos muito "inteligentes" como golfinhos e chimpanzés. Por outro lado, se observarmos a nossa sociedade actual, ainda vai prevalecendo o estigma de que são os homens que "engatam" as mulheres, senso menos comum o contrário. Não poderia isto ser um resquício cultural de um passado em que as relações entre os dois sexos eram muito menos amigáveis?
De acordo com esta teoria, o facto de a homosexualidade perturbar mais os homens do que as mulheres faria sentido de um ponto de vista evolutivo, visto que nessas socidades primitivas hipotéticas os machos seriam os responsáveis pela ocorrência dos actos sexuais, sendo muito favorável terem um mecanismo anti-homosexualidade para garantir que realmente acasalavam com fêmeas e deixavam descendência. Já as fêmeas teriam um papel muito mais passivo, sendo quase indiferente se apresentavam tendências homosexuais ou não, visto que poderiam, de qualquer forma, ser obrigadas a acasalar e logo continuavam a deixar descendência, não havendo motivo para a evolução desse tipo de mecanismos comportamentias ati-homosexualidade.


Espero não receber um monte de comments a chamar-me machista, homofóbico e afins. Espero que se alguém ler isto, avalie o conteúdo de uma forma lógica e critica e avalie se esta teoria não poderá mesmo explicar este curioso padrão comportmental que observamos nos nossos dias.

segunda-feira, maio 09, 2005

Ólhá Tshert de Marca!

No outro dia fui à feira, ver se comprava umas cenas baratas para vestir. Sabe sempre bem fugir ao domínio das grandes marcas nas lojas tradicionais. Mas a verdade é que na feira eles só vendem coisas com marca. Não há uma t-shirt que não tenha a merda do simbolo da Adidas ou umas meias que não tenham o simbolo doutra merda de marca qualquer.
Claro que é fixe estar a aldrabar as grandes marcas ao comprar na feira, mas irrita-me um bocado o conceito de T-shirts cujo unico motivo de decoração é o simbolo da marca delas. Já pensaram bem nisso?
Numa loja normal, um gajo paga uma pequena fortuna por uma merda feita com dois bocados de pano atamancados um no outro em forma de T. Só por ser de marca paga-se ainda mais e depois o desenho da T-shirt é um símbolo em tamanho gigante da marca, que é para nós, patêgos, andamos na rua a fazer publicidade aos filhos da mãe que nos acabaram de xular. É preciso sermos muito estúpidos!
Claro que depois deste pequeno momento de clarividência fiquei tão irritado com esta história que não comprei t-shirt nenhuma, mesmo sendo na feira. Vou esperar até encontrar uma cena fixe e barata SEM MARCA!

segunda-feira, maio 02, 2005

Discurso à Nação:

Este era o discurso que o Sócrates devia fazer, para dar a volta à crise e por Portugal a andar:

"Portuguesas e portugueses. É com ânimo e grande esperança que hoje vos falo. Vejo finalmente uma luz ao fundo do túnel para acabarmos com esta infâme crise que, tal como uma âncora do mais duro ferro, parece arrastar este país para o abismo.
Foram longos estes ultimos 11 anos, em que o pessimismo, exacerbado pelo desanimo generalizado dos membros da mais importante religião portuguesa (os benfiquistas), que representam a maior fatia da nossa população, tem levado o país à actual situação. Não foram as derrotas desse clube e os jovens que matam polícias na Amadora estariam nas ruas, não a assaltar e a matar mas sim a celebrar e a cantar, os agricultores, em vez de desesperados pela falta de água, dariam de beber aos seus animais lágrimas de alegria e até os políticos, corruptos, abrandariam os seus peçonhentos esquemas para com um copo de Brandy na mão celebrarem essa divina ressureição.
É por isso que vejo, olhando para a actual situação do campeonato, o quão perto estamos de fugir à crise. Mais duas vitórias da equipa de vermelho e a seca acabará, num imenso dilúvio de celebração. Animados pela vitória, esses 60% da população vão triplicar a sua eficácia no trabalho, levando a economia portuguesa a pincaros apenas imaginados pela poderosa China. As florestas, pelas suas afinidades ao verde, de tanto chorar impedirão por si só os incêndios e nem o mais temível dos incendiários as conseguirá queimar. As áreas protegidas serão realmente protegidas (por albergarem águias) e o Ordenamento do Território passará a funcionar, pois os construtores civis, todos eles mais dados a apoiar certos clubes azuis e brancos do norte, vão se suicidar, permitindo às câmaras municipais fugir à tentação dos subornos. Como já disse, o crime acabará instantaneamente em locais como Chelas, Amadora e Miraflores, pois os criminosos, na sua maioria membros dos No Name Boys, estaram demasiado bebedos para fazerem mal a uma mosca, e o desemprego acabará, tantos serão os novos empregados na imensa tarefa de construir a nova estátua ao Mantorras.
Por isso, é com o interesse do país sobre os meus ombros que vos peço. A vocês que jogam no Penafiel, quando entrarem em campo no próximo fim de semana, pensam que isso é mais do que um jogo. Pensem antes no futuro dos vossos filhos, eles que fazem parte do futuro do nosso país. Pensem em tudo o que têm a ganhar se perderem o jogo. E vocês, garbosos leões de Alvalade, quando entrarem em campo na Luz, pensem no cumprimento do vosso destino último, no intuito com o qual o criador vos criou: perder o jogo com o Benfica! Podem também aproveitar para poupar o folêgo para a final da Taça UEFA, onde o vosso triunfo acrescentará um pequeno folêgo à grande revolução nacional que nos espera.
Não me perguntem o que o vosso país pode fazer por vocês, perguntem antes o que podem fazer pelo vosso país. A essa pergunta acabei eu de responder.
Portuguesas e portugueses, tenho dito"



Hehehe. Não liguem, estava numa de parvar um bocado!
Que ganhe o melhor!