quarta-feira, agosto 30, 2006

Branco, amarelo, laranja, lilás

Quando o Sol acorda de manhã e brilha só para nós,
Quando o céu azul tem todas as cores do arco-íris,
Quando o vento frio é uma carícia refrescante na pele,
Sabemos que a vida nos corre bem

segunda-feira, agosto 28, 2006

Jazz Feliz em Lisboa

Aparentemente, quase ninguém soube de uma inicitiva cultural que ocorreu este fim de semana em Lisboa, o festival Happy Jazz que levou às ruas da baixa diversas bandas que animaram os finais de tarde nos últimos três dias.
Vi no sábado a Always Drinking Marshing Band (na foto), um grupo espanhol muito alegre e divertido que tocavam bastante bem e manteve o publico bem divertido durante cerca de uma hora e meia, em plena rua Augusta. Os meus parabéns aos responsaveis pela organização desta actividade. Só foi pena que tenha sido tão pouco publicitado, poucas pessoas souberam do festival.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Quintas-feiras culturais XXVII

Para hoje uma música/poema imortal do Vinicius Moraes e do Tom Jobim. Uma música inesquecível para momentos inesqueciveis:

Garota de Ipanema

Olha que coisa mais linda,
Mais cheia de graça.
É ela a menina que vem e que passa,
Num doce balanço a caminho do mar.
Moça do corpo dourado do sol de Ipanema,
O seu balançado é mais que um poema,
É a coisa mais linda que eu já vi passar.

Ah, por que estou tão sozinho
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe,
A beleza que não é só minha,
Que também passa sozinha.

Ah, se ela soubesse
Que, quando ela passa,
O mundo sorrindo se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor....

Ah, por que estou tão sozinho
Ah, por que tudo é tão triste?
Ah, a beleza que existe,
A beleza que não é só minha,
Que também passa sozinha.

Ah, se ela soubesse
Que, quando ela passa,
O mundo inteirinho se enche de graça
E fica mais lindo por causa do amor,
Por causa do amor, por causa do amor...

Vinicius Moraes & Tom Jobim

When I Was 17...

Quando tinha 17 anos devo ter feito muitas coisas. Tantas que já nem me lembro. Umas melhores outras piores. Devo ter visto filmes, lido livros, fiz parte de uma equipa de volei, partilhei muitos momentos com os meus amigos da altura. Mas nunca fiz nada de muito mau, nunca aleijei ninguém, nunca assaltei ninguém, nunca fiz mal a ninguém. Seria justo virem agora crucificar-me se nesse período da minha vida tivesse feito parte de alguma associação com fins menos nobres?
Quem tem acompanhado as últimas noticias do mundo literário deve ter já percebido de que estou a falar. Günter Grass, escritor alemão galardoado com o prémio Nobel da literatura em 1999, reconheceu recentemente que aos 17 anos fez parte das SS do regime nazi. Caíu-lhe tudo em cima. Tanto quanto percebi, nunca cometeu homicídios brutais, nunca cometeu crimes de guerra ou outros barbarismos a que geralmente associamos às SS. Tinha 17 anos, tal como a maioria dos jovens alemães da altura, acreditava que tinha o dever de lutar pelo seu país. Foi artilheiro de tanque na 10ª divisão Panzer das SS e combateu na guerra durante alguns meses, em 1944, até a sua companhia se ter rendido aos aliados. Tal como milhões de outros jovens alemães, arrastados numa espiral de violência que tomou conta da Alemanha devido à loucura de Hitler e companhia. É verdade que numa guerra não há inocentes, mas também é verdade que na guerra todos são vítimas, também os soldados. Deixem o homem em paz...

quarta-feira, agosto 23, 2006

Benfica 3 - Austria Viena 0

Ontem rumei à catedral para ver o jogo entre o Benfica e a Associação Gay de Viena... Há não era? Então mas... com aqueles equipamentos lilases pensei... Pois exacto, era o Austria de Viena, mas de qualquer forma, que jogavam como umas meninas lá isso jogavam.
De qualquer forma o Benfica esteve à altura e despachou os adversários austriacos com um 3-0 bem descansado. Mas a graça de ir ver um jogo ao estádio ultrapassa largamente o mero acto de ver um jogo de futebol. A piada é mesmo o ambiente. Em primeiro lugar, em lugar algum do mundo se vê tanta xungaria e mau aspecto como entre os adeptos do Benfica, onde o mau gosto parece ser a filosofia de vida. Mas tirando isso, a irmandade que se gera entre adeptos do mesmo clube é algo de muito engraçado. Só porque o tipo que está ao nosso lado se veste também de vermelho, isso torna-se suficiente para falarmos como se fossemos amigos de longa data. Depois, o tipo que está sentado na cadeira atrás, que por sinal tem ar de ser um traficante de droga ali da Amadora mantém-nos informados com informações constantes sobre quem vai jogar, quem não vai jogar, porque não vão jogar, quem é o árbitro, e ainda fala sobre os últimos detalhes da vida pessoal de metade da equipa, treinador incluído. Ao que parece a filha do Fernando Santos (para quem não sabe é o actual treinador do Benfica) casou-se recentemente...
Mas é quando começa o jogo que o espectaculo começa. A cada salva de palmas por mais uma boa finta, ou defesa esforçada, segue-se um chorrilho de inpropérios dedicados ao imbecil do defesa que perdeu a bola a meio campo. A cada minuto os jogadores passam de deuses a bestas. Mas no fundo, o que todo o adepto está realmente ali para fazer é: insultar o árbitro. Não interessa nada se a decisão dele foi ou não correcta, se decidiu contra nós tem de ser crucificado logo ali. Com pérolas como: "abre os olhos ó morcego do car...", "não vias a falta nem que ta enfiasse pelo nariz a cima" ou "amarelo? amarelo ficavas tu se eu te pusesse as mãos em cima" cada vez mais cresce em mim a vontade de escrever um livro dedicado a essa verdadeira arte portuguesa que é o insulto ao árbitro. Já estou a imaginar o título e tudo: "O impropério no futebol português, a arte esquecida"

sexta-feira, agosto 18, 2006

A inevitável insatisfação do ser... humano?

Ontem, ouvi no telejornal que três jovens madeirenses foram hospitalizados depois de terem tomado um chá de erva do diabo, uma planta tóxica com propriedades alucinogénicas que, pelo menos para um deles, acabou por ser letal.
Fiquei a pensar um bocado sobre o assunto, a pensar sobre esse fascínio que os alucinogénicos têm sobre o Homem, a pensar em como os alucinogénicos têm sido uma constante da história da humanidade.
Desde tempos imemoriais que os xamãs das tribos consumiam plantas ou fungos alucinogénicos para "contactarem o mundo espiritual", tribos inteiras usavam venenos vários para entrar em estados de transe, os vikings usavam frequentemente a Amanita muscaria, um cogumelo com propriedades psicoactivas, para entrarem num estado alterado de consciência que lhes dava a sensação de invunerabilidade que os tornava guerreiros temíveis. Muitos filósofos e pensadores da antiguidade clássica recorriam a chás e infusões de diversas plantas para estimularem o seu génio, diversos cientistas recentes, por exemplo Carl Sagan, reconheceram que usavam Cannabis como forma de se inspirarem para a escrita dos seus livros.
O uso de drogas alucinogénicas e psicoactivas é hoje bem patente na sociedade, com todos os problemas de toxicodependência que são bem conhecidos. Mas porquê?

Bem vistas as coisas, os seres humanos andam à milénios em busca da alienação, a tentar fugir à sua própria existência. Drogas e alcoól, música e filmes, jogos de computador, até a incessante vontade de viajar que sou o primeiro a reconhecer, não são todas estas formas de alienação, de fuga à realidade, ou pelo menos a uma realidade? Porquê esta insatisfação, porque este mal estar connosco próprios? Na minha opinião, a nossa espécie sofre de um trade-off evolutivo. Na natureza nada é gratuito, tudo tem um custo. O supra-desenvolvimento acelerado dos nossos cérebros, para lá de tudo o que alguma vez ocorrera no mundo animal, originou inúmeros benefícios, uma linguagem, uma sociedade mais complexa e intrincada, tecnologia, cultura, garantiu a nossa segurança num mundo perigoso, assegurou a nossa preponderância num planeta em mudança, mas tinha talvez um senão. Com a explosão de capacidades intelectuais, com as infinitas possibilidades que resultam da interacção de miríades de neurónios hiperactivos, começamos a questionar a nossa existência. Inventamos o porquê. Não nos contentamos com a resposta porque sim.
Agora estamos condenados a procurar para sempre um significado para a nossa existência, que até podemos encontrar por vezes, nas palavras de algum filosofo ou teólogo, ou no olhar de alguém especial. Mas lá bem no fundo, no âmago da nossa existência, estará lá empre enterrado como um espinho esse "Porquê?"
Mas não estou a dizer que isto seja algo de mau. Haverá algo mais genuinamente humano que a sensação de eternamente viver à procura de algo sem saber o que procuramos nem onde o encontrar?

quarta-feira, agosto 16, 2006

Maçaricos à conquista do Mundo

Alguns dias de pesquisa bibliografica, algumas horas a bricar no Paint e no PowerPoint e eis o único mapa que conheço com a distribuição a nível mundial do Maçarico-de-bico-direito, os tais passarocos que eu estudo. Como sou um gajo porreiro, ponho-o aqui online para que outros "maçaricologos" o usem a seu bel prazer. Para os outros 99.999% de leitores que se estão positivamente marimbando para os maçaricos, deixem que vos diga uma coisa: onde vocês vêm manchinhas coloridas, eu vejo potenciais destinos de viagem!!!

segunda-feira, agosto 14, 2006

Timing

Toda a gente já ouviu falar dos sete pecados mortais, quanto mais não seja por terem visto o filme "Se7en". Seriam aqueles pecados que nos garantiam automaticamente um bilhete directo para o Inferno. São eles a avareza, a gula, a luxúria, a preguiça, a ira, a inveja e a vaidade. Acho que não conheço nenhuma pessoa que não os tenha cometido já a todos, numa ocasião ou outra, por isso, se o catolicismo estiver certo, lá nos encontraremos todos no Inferno.
Menos conhecidas são as sete virtudes, que teriam como função manter os crentes fora do Inferno. São elas a generosidade, a abstinência, a pureza, a diligência, a paciência, a compaixão e a humildade. Mais uma vez, penso que todas as pessoas que conheço já demonstraram todas estas virtudes em algum ponto das suas vidas, talvez afinal vamos todos para o céu.
Abandonando esta visão tão medieval e católica da realidade, sugeriria uma outra virtude fundamental. A verdadeira virtude é o timing. Mesmo pegando nas quatorze atitudes antes referidas, e analisando-as numa prespectiva menos presa ao dualismo certo-errado, parece-me que em algumas ocasiões a atitude certa pode e deve ser um pecado capital, e nem sempre essas sete virtudes são a atitude mais virtuosa, tudo depende do timing. Há uma altura para ser guloso e uma altura para ser abstinente, uma altura para ser generoso e uma altura para ser aváro, uma altura para a luxúria e uma altura para a pureza, uma altura para a preguiça e uma altura para a diligência, etc. Deitando abaixo a dialética ultrapassanda do bem e do mal e olhando o mundo como ele é, um matizado de infinitos tons de cinzento, é o timing a verdadeira virtude, aquilo que nos faz tomar a atitude certa no momento certo. E isso aplica-se em todos os aspectos.
É o seu timing que faz do Jack Nicholson ou do Robert de Niro grandes actores, é o timing que define os grandes homens de negócios, é o timing a grande virtude dos diplomatas, até no desporto é o timing que distingue os melhores dos piores. É o nosso timing que define os momentos chave da nossa vida. O nosso timing, ou a falta dele.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Karaoke

Como é bem sabido, o grande pináculo da tecnologia nipónica, o marco da evolução oriental que mais influenciou o Ocidente, foi o Karaoke.
Ora o Karaoke, como conceito, não me incomoda. Até acho alguma piada, dá sempre espaço para muitas gargalhadas e diversão e, ocasionalmente, até se descobre um bom cantor(a) à conta disso. Agora o que me incomoda, e incomoda profundamente, é que as pessoas que cantam nos Karaokes escolhem sempre, sempre, sempre as mesmas músicas.
Não venham com a desculpa que é pela falta de escolha, porque eu já vi as listas e são intermináveis, mas, por qualquers motivo, não à noite de Karaoke que não tenha: dois ou três prantos do Paulo Gonzo, o "Telepatia" da Lara Li, duas músicas da Dulce Pontes, diversas aberrações de cantores brasileiros com nomes como Beto, Marcos ou Carlinhos, alguma coisa dos Delfins e pelo menos uma música da Barbara Streisand...
Depois à outros clássicos do Karaoke já mais do meu agrado, coisas dos Xutos, algumas músicas mais recentes estilo Cold Play, a ocasional balada de algum monstro sagrado do Rock, como o "Stairway to Heaven" dos Led Zeppelin (Raúl esta foi a pensar em ti!) e todos os clássicos da nossa juventude, sem esquecer o mítico e inevitável "Dunas" dos GNR ou o "Anzol" dos Rádio Macau.
Já agora, gostaria de relembrar a alguns amigos das Caldas o triste espectaculo que foi um certo trio à já uns anos atrás, a tentar cantar o "Não sou o Único" dos Xutos & Pontapés... Só posso dizer uma coisa: "Tim, Zé Pedro e companhia, perdoem-nos!"

segunda-feira, agosto 07, 2006

Tardes de Verão

O Sol esticava-se vermelho sobre as ondas do oceano, lacrando o final de tarde com um tom carmesim que relembrava a cada um as melhores memórias de verões passados. Com a graça de uma gaivota que esvoaçava sobre o mar, com a calma das velas brancas que pontuavam no infinito o eterno encontro entre o azul do oceano e o azul do céu, os olhares acompanhavam o astro-rei na sua despedida a mais um dia.
Enquanto o disco escaldante começava a esconder a face sob o frio refrescante das águas, as ondas, miríades de espelhos lançados pelo vento, reflectiam a sua luz em mil cores e tonalidades que pareciam dançar ao som da mais bela valsa, com o toque carinhoso de uma canção de embalar.
Mais duas gaivotas passaram junto à praia, com batimentos de asa ao mesmo tempo fortes e gentis, cheirava a maresia o seu vôo cuidadosamente orquestrado pelas brisas marinhas. Junto ao areal, o mar encarneirava-se em ondas de espuma branca que se espraiavam avidamente por sobre os seixos, rolados por anos sem fim de rebentação.
Com a lentidão das coisas boas, o Sol escondeu-se por fim atrás do horizonte, iniciando a sua viagem nocturna sob as profundezas pétreas do planeta com destino há próxima alvorada. Susurrando, procurando não interromper com a sua voz o espectaculo que lhes fora oferecido, os espectadores começaram a abandonar aquele anfiteatro de areia, pedras e mar. Era Verão, e nos seus sorrisos aquele pôr-do-sol prometia tornar-se eterno.

Olimpiadas do Médio Oriente

Parece por demais obvio que a grande maioria das populações israelitas e árabes da região do médio oriente não deseja a guerra. Como quaisqueres pessoas normais, gostariam que os loucos e radicais que governam os seus países e as suas religiões os deixassem levar a sua vida descansados, sem borbardearem as suas casas, sem arrasarem os seus hospitais, sem destruirem as escolas dos seus filhos, no fundo, sem os matarem.
Ora então, eu propuria uma solução para o conflito do médio oriente. Juntavam-se todas aqueles que, de facto, desejam matar, trocidar, rebentar, arrasar, ou mutilar pessoas da facção oposta, fechamo-los todos numa grande arena, estilo circo romano e depois propunha-lhes um combate mais saudavel. Competições dsportivas. Desde há milénios que o desporto é usado para resolver ódios e rivalidades internacionais. Em vez de chacinarmos os nossos enimigos, o que quase sempre envolve sermos nós próprios chacinados, que melhor satisfação haveria para um árabe que ganhar a uma equipa de futebol israelita com um golaço de fora da área no último minuto? Que melhor satisfação para um israelta que bater os adversários árabes numa corrida de 5000 metros? Organizavam-se as olimpiadas do médio oriente que, fieis às olimpiadas clássicas seriam acompanhadas por uma trégua. Depois era ver árabes e israelitas a lutarem (no bom sentido) pelas medalhas de ouro. Findas as olimpiadas, anunciavam-se logo outras para o ano seguinte. Na ânsia de se vingarem das derrotas desportivas, cada lado escolheria abandonar a guerra para se dedicar ao treino intensivo dos seus melhores atletas, de forma a garantir que no ano seguinte a medalha de ouro seria sua.

quinta-feira, agosto 03, 2006

Quintas-feiras Culturais XXVI

Quase

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...


Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...


Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!

De tudo houve um começo ... e tudo errou...
— Ai a dor de ser — quase, dor sem fim...
Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim,
Asa que se elançou mas não voou...

Momentos de alma que,desbaratei...
Templos aonde nunca pus um altar...
Rios que perdi sem os levar ao mar...
Ânsias que foram mas que não fixei...

Se me vagueio, encontro só indícios...
Ogivas para o sol — vejo-as cerradas;
E mãos de herói, sem fé, acobardadas,
Puseram grades sobre os precipícios...

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo encetei e nada possuí...
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei mas não vivi...

Um pouco mais de sol — e fora brasa,
Um pouco mais de azul — e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...


Mário de Sá Carneiro

quarta-feira, agosto 02, 2006

Frases soltas

The exercise of centring oneself is a simple one. Stop thinking of what you intend to do. Stop thinking of what you have just done. Then, stop thinking that you have stopped thinking of those things. Then you will find the Now, the time that strerches eternal, and is really the only time there is. Then, in that place, you will finally have time to be yourself.

Robin Hoob in "Royal Assassin"