sexta-feira, dezembro 30, 2005

Sem título

Parece que anda aí uma praga de fim de ano na blogosfera, tudo quanto é blog está a fazer a lista do melhor não sei quê do ano, do melhor não sei que mais do ano... Que enjoo! De 2005 já nós estamos mais que fartos, Katrina para aqui, atentados em Londres para acolá, o Socrates, a morte do Cunhal, Benfica campeão... é pá, 2005 já lá vai.
Venha daí 2006 com mais corrupção, com mais escândalos, com mais injustiça, com mais desgraças que é disso que o povão gosta! Basta ver que o telejornal mais visto é o TVI...


Em nome do ano novo, que é jovem e ainda não sabe ao que vem, vou amenizar o tom, só para lembrar que o dia 1 de Janeiro, tal como todos os outros, é "o primeiro dia do resto da tua vida".

Boas entradas e melhores saídas, porque este inevitável insatisfeito só volta à blogosfera em 2006. Até para o ano!

The End

Os americanos têm uma tradição muito estranha. Gostam de pré-seleccionar a música que vai tocar no seu próprio funeral. Mórbido? Sem dúvida. Foleiro? Ainda mais. Deprimente? Claramente. Mas vou então ser mórbido, foleiro e deprimente. Demorei apenas dois segundos a pensar que música escolheria, uma música tão óbvia como seria de esperar num ritual tão fatela: “The End” na voz do grande Jim Morrison, ao som dos míticos Doors.
Não quero com isto denegrir a música, que até é das minhas favoritas, e sempre ajuda a melhorar o pior post da história deste blog. No comments please!

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Quintas-feiras culturais XVI

Em vésperas de ano novo, anda sempre no ar um certo aroma a esperança. A eterna esperança enganada de que o novo ano traga tudo de novo, que todos os males sejam lavados num copo de champanhe e se construa um mundo novo com 12 passas e muitos sonhos. É sobre a esperança o poema de hoje.

Esperança

Esperança:
isto de sonhar bom para diante
eu fi-lo perfeitamente,
Para diante de tudo foi bom
bom de verdade
bem feito de sonho
podia segui-lo como realidade

Esperança:
isto de sonhar bom para diante
eu sei-o de cor.
Até reparo que tenho só esperança
nada mais do que esperança
pura esperança
esperança verdadeira
que engana
e promete
e só promete.
Esperança:
pobre mãe louca
que quer pôr o filho morto de pé?

Esperança
único que eu tenho
não me deixes sem nada
promete
engana
engano que seja
engana
não me deixes sozinho
esperança.

Almada Negreiros

quarta-feira, dezembro 28, 2005

The Simpsons


Uma singela homenagem à melhor série de televisão de todos os tempos, os Simpsons. Que a mais divertida família amarela de quatro dedos da história nos possa continuar a divertir por muitos e bons anos!
Ay caramba!

Que coisa curiosa são as fotografias


Que curiosa coisas são as fotografias. Agora, na era digital, o contacto com as fotos já não é tão íntimo, à sempre a distância necessária dos “objectos” que estão do lado de lá do ecrã. O pior defeito da fotografia digital é que acabamos por olhar menos para as fotografias, um slide show para as ver, outro para mostrar aos amigos e acabamos por ficar por aqui.
Ontem à noite estava sozinho em casa, supostamente a trabalhar. Distraidamente, abri a pasta das minhas fotografias, no computador. Comecei a ver o manancial de momentos irrepetíveis e, alguns, inesquecíveis que por lá andam. Amigos que já não vejo há muito tempo, outros que vejo todos os dias mas já não me lembrava de ter visto naquelas situações, fotos de pessoas que na altura ainda não eram amigas, até fotos de pessoas muito especiais de quem não me lembrava ter fotografias.Fiquei perdido em devaneios revivalistas durante muito tempo, quanto não sei, só sei que quando parei já eram bem horas de me ir deitar! Tanto revivalismo, devo estar a ficar velho, os velhos é que vivem o presente a relembrar o passado. Se calhar são as fotografias que nos fazem velhos. E se calhar ser velho não é assim tão mau. Lá chegarei um dia, por agora ainda tenho muitos momentos para fotografar. Que coisa curiosa são as fotografias.

terça-feira, dezembro 27, 2005

Letargia Invernal


Começou o Inverno. Oficialmente os dias já começaram a crescer. Começaram a crescer, mas o corpo ainda não os nota maiores. A letargia adensa-se e a vontade de nada fazer vai pesando sobre tudo o que faço. Acho que é a forma de o meu corpo me dizer: "Vai mas é hibernar! Voltamos a falar na Primavera." Hoje invejo os ursos.
Se fico assim aqui, no nosso país ensolarado, o que seria de mim num Inverno escandinavo? Numa noite de meses, entrecortada por períodos de cinzento em que o Sol parece tão distante como se estivesse numa galáxia longínqua. Ao menos aqui vemos o Sol, mas ainda assim estes dias curtos não me satisfazem. Deixam-me vago e vazio, incapaz de me concentrar. Hoje sou um farrapo de mim.
Só me apeteçe enrroscar-me debaixo dos cobertores e abandonar-me a um dolce fare niente por dois ou três meses. Era bom, mas não pode ser. Tenho de trabalhar...

Pollock

Ontem vi o Pollock, o filme sobre o pintor homónimo. A única coisa que sabia sobre o Jackson Pollock é que era ele que pintava aqueles quadros malucos que parecem uma amálgama de respingas de tintas de cores diferentes. O filme está muito bem feito, retracta bastante bem o percorrer daquele limbo em que imagino que todos os artistas vivem, entre o génio e a loucura.
Porque o Pollock era o típico génio louco e, segundo o filme, ia alternando os períodos em que o génio vencia, com outros em que era o louco o dominante. Vivia naquele mundo cinzento, a que eu gosto de chamar a angústia do criativo, numa infinita luta interna entre a vontade de criar e a certeza de que a suas criações nunca vão corresponder às suas expectativas. Na verdade acho que é isso que leva os génios à loucura. São geniais, no entanto, a sua genialidade torna-os infinitamente autocríticos, nada do que produzem consegue atingir os píncaros de perfeição que exigem a si mesmos, pois a realidade nunca consegue corresponder aos devaneios de uma mente brilhante.
No filme, e tenho a certeza que na realidade também era assim, Pollock chegava a passar semanas, a olhar para uma tela vazia, perdido em dúvidas sobre a sua qualidade como pintor, para depois, em pouco tempo, produzir uma obra genial num dos tais momentos em que o génio vencia o louco.
Quantos aos quadros, os tais das respingas não gosto muito, alguns são interessantes, mas não fazem muito o meu estilo, mas antes dessa fase ele pintava coisas abstractas menos estranhas e nesse período pintou quadros realmente geniais.

Moby Dick por Jackson Pollock

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Estamos chumbados


Falando em assuntos pesados, não existem muitas coisas mais pesadas que o Chumbo. Não estou a falar de um chumbo numa disciplina da escola, nem tão pouco em chumbar os dentes, até porque, felizmente, os dentistas já deixaram de usar Chumbo para preencher as cáries.
Quase toda a gente sabe que o chumbo pode ser altamente tóxico para o corpo humano, há até quem defenda que o império romano caíu devido aos efeitos nefastos do chumbo - que usavam, por exemplo, para perfumar o vinho - no sistema nervoso. O que talvez não saibam é que nós, homens e mulheres do início do séc. XXI temos no nosso sangue cerca de 600 vezes mais chumbo do que tinham os nossos descendentes no início do séc. XX.
Ao longo do último século fomos chumbados, em grande parte graças a um senhor, de seu nome Thomas Midgley, inventor de profissão, que descobriu que adicionando um composto de chumbo, o chumbo tetraetilo, à gasolina se evitavam a raras mas desagradáveis detonações dos motores de combustão. Aliás, este senhor está certamente bem posicionado na lista dos piores do séc. XX porque conseguiu poucos anos depois descobrir outra coisa altamente prejudicial ao nosso bem estar, os clorofluorcarbonetos, mais conhecidos pela sigla CFC, que têm vindo lenta mais eficazmente a destruir a camada de ozono, nossa única protecção contra a radiação letal proveniente do Sol.
O mais interessante é que, como é óbvio, não basta o produto ser inventado, alguém o tem de comercializar. Para vender o tal chumbo tetraetilo ao desbarato surgiu a famigerada Ethyl Corporation, que passou grande parte do último século a a encher os cofres enquanto escamoteava as dezenas de mortes de trabalhadores que morreram intoxicados pelos vapores do chumbo nas suas fábricas, pagava estudos que demonstravam - imagine-se! - os benefícios do chumbo na nossa saúde e fazia todos os possíveis para prejudicar, denegrir e difamar o cientista Clair Patterson, que além de ter sido a primeira pessoa a calcular com exactidão a idade do planeta Terra, foi dos primeiros a compreender a gravidade da intoxicação por chumbo a que toda a humanidade estava exposta devido à gasolina com chumbo da Ethyl Corporation.
O senhor Clair Patterson já morreu e o seu nome não mereçe sequer um lugar nos nossos livros escolares, apesar de tudo o que fez por todos nós em anos de luta contra a gasolina com chumbo. Quanto à Ethyl Corporation, já não factura tanto como noutros tempos, pois a gasolina com chumbo vai sendo proíbida em cada vez mais locais, mas tem como objectivos empresariais assumidos, a maximização do lucro das vendas do chumbo tetraetilo, vendendo tanto quanto possível o produto em países que ainda não aboliram os combustíveis com chumbo, enquanto continua a defenser a ideia de que não existem provas de que a gasolina com chumbo seja prejudicial à saúde ou ao meio ambiente.
Depois venham-me dizer que as grandes empresas trabalham em prol da humanidade...

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Feliz Natal!

Para ser sincero, sentei-me ao computador para escrever algo de totalmente diferente. Mas depois lembrei-me que é Natal, é melhor uma coisinha mais leve e deixar os temas mais pesados para depois da época natalícia!
Assim, queria só desejar a todos os que por acaso aqui passarem um Natal muito feliz, cheio de alegria e saúde para vocês e para todos aqueles de quem vocês realmente gostam.
Feliz Natal!

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Quintas-feiras Culturais XV

O último livro que li foi o "Dias Exemplares", o último romance do Michael Cunningham. O livro segue um bocado a estrutura d' "As horas" com três histórias entrecruzadas, passadas em períodos históricos diferentes. Um dos pontos em que todas as histórias se cruzam na importância que a poesia semi-profética do poeta americano Walt Whitman tem no desenrrolar da acção das personagens. Fica aqui um pouco de Walt Whitman. Infelizmente não conheço o original, só tenho a tradução para português que pode ou não fazer jus ao original...


Uma criança perguntou O que é a erva? estendendo-me
as mãos cheias dela;
Como poderia eu responder-lhe? Não sei mais que ela.

Talvez seja a bandeira do meu sentir, tecida com os verdes
fios da esperança.

Ou talvez seja o lenço do Senhor,
Uma prenda perfumada, uma lembrança intencionalmente
perdida com um nome bordado num dos cantos, para que
ao vê-lo possamos perguntar: De quem é?

Suponho que a própria erva seja uma criança, o filho da
vegetação.

Ou talvez seja um hieróglifo uniforme
que significa: Broto de igual forma em campos largos e estreitos,
Cresço entre os negros tal como entre os brancos,
Entre os Kanuck e os Tuckahoe, entre os congressistas e os
negros, dou-lhes o mesmo
E deles recebo o mesmo.

E agora parece-me ser a longa e bela cabeleira dos túmulos.

ternamente te usarei, ondulada erva,
Talvez transpires no peito dos jovens,
Talvez eu os tivesse amado, se os tivesse conhecido,
Talvez sejas dos velhos, ou dos meninos prematuramente arrancados
Ao regaço das mães,
E aqui és o regaço das mães.

Esta erva é muito escura para pertencer à cabeça grisalha das mães,
Mais escura do que a barba sem cor dos anciãos,
Escura demais para brotar do céu-da-boca, vermelho e pálido.

Ah, eu conheço afinal tantas línguas,
E sei que não brotam em vão do céu-da-boca.

Walt Whitman


Desconcertante, não? Bonito mas desconcertante.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Mensagem subliminar...

A única explicação para as ultimas sondagens é uma terrível conspiração da direita reacionária usando mensagens subliminares nos meios de comunicação. Em nome da democracia, vou usar este pequeno blog para contrariar essa filhos da mãe:


NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!

NÃO VOTEM NO CAVACO!


A sério pá, o mostrengo não pode voltar para nos azucrinar, esse tipo de coisas só acontecem nos filmes de terror, não na realidade!

segunda-feira, dezembro 19, 2005

Óh mar salgado


O vento rasgava a superfície espelhada do mar como uma paixão violenta. Por entre as nuvens negras da tempestade, enormes massas de água elevavam-se muitos metros acima do barco, gigantes de água, com dentes de espuma e hálito salgado. O barco, uma pequena escuna de madeiras negras, parecia inevitavelmente perdida enquanto o capitão continuava corajosamente atrás da roda do leme.
Abandonado pela sua tripulação, o velho lobo-do-mar esperava o momento porque tinha ansiado toda a sua vida, destino último de um verdadeiro capitão, o dia em que acompanharia o seu barco na viagem final até ao fundo do oceano. De súbito tudo se desenrolou finalmente, a tempestade esmagou enfim a resistência do navio, com uma velocidade estonteante só comparável à lentidão com que tudo se passou na mente do capitão.
O casco quebrou, o grande mastro, que já fora um imponente carvalho numa floresta nortenha, quebrou pela raiz, sucumbindo ao assalto final das ondas. Finalmente perdido, o capitão, ele que dissera um dia que o mar era a sua única paixão e que sonhava com o dia em que se afogaria no seu leito azul como nunca se havia afogado no leito de nenhuma mulher, ele cujos olhos perscrutantes rivalizavam apenas com as rugas salgadas, profundamente sulcadas pelos ventos do alto, pensou apenas por um segundo: “Depois da tempestade, virá a bonança”.
Morreu nos braços desse mar que tanto amara, olhando ainda a superfície, onde viu um último vislumbre de claridade antes de cair para a abissal escuridão que o devorou.
Sobre o mar a tempestade amainou, as sombrias nuvens apartaram-se, permitindo às estrelas reencontrarem o seu reflexo na superfície do mar cinzento.

Cão como nós


Este é o Sting, o meu cão! Podia dizer que é o cão mais inteligente do mundo, o mais divertido, mais fixe, mais giro ou até mais o mais comilão, ele é tudo isto certamente, mas acima de tudo é o meu cão!
Pode ser só um cão, mas é um verdadeiro companheiro quando quero de companhia, um verdadeiro amigo quando quero um, ou apenas um cão, quando é apenas isso que quero. Grande Sting!

sábado, dezembro 17, 2005

Os gajos dos Audis

Deixem-me começar por dizer que neste post não há nem um pontinha de inveja. Nunca desejei ter um Audi, aliás nunca desejem ter nenhum carro de grande cilindrada, prefiro mil vezes o meu carrito, menos potente, mas que faz o que lhe peço sem poluir muito o ambiente!
Passando agora ao assunto deste post, já repararam que 9 em cada 10 alarvidades cometidas nas ruas de lisboa começam num gajo que conduz um Audi. Quer dizer, há outros suspeitos do costume: BMWs e Mercedes por um lado, e por outro Seats Ibiza e Fiats Punto com aquelas alterações revoltantemente horrorosas a que os pintas gostam de chamar tunning, mas os condutores dos Audis são reis e senhores da barbárie automóvel citadina.
Não são tanto as infrações graves, e, verdade seja dita, não causam muitos acidentes, o meu problema é mais com a atitude dessa gente. Meterem-se à bruta na fila do lado, "não repararem" que só a fila da direita (que está entupida) serve para ir para onde querem ir e por isso ultrapassarem tudo para no final se meterem à má fila, em geral aproveitando o lapso de tempo em que uma velhinha deixa o carro ir abaixo na bicha. Depois à clássica situação das ruas em que duas faixas se reduzem a uma só... claro que muitas pessoas usam a regra simples de passar ora um carro de uma faixa, ora um da outra, os condutores dos Audis não. Como são muito importantes, e tempo deles é mais importante que o dos outros, passam à frente de tudo e todos, mantendo sempre uma cara de indignação enquanto evitam olhar para o condutor a quem roubaram o lugra, como quem diz "prefiro nem me dignar a olhar para a fuça deste inutil que aqui vem num mini a tentar passar à frente do meu Audi".
Depois à o estacionamento. Na quinta-feira ia a descer a rua que vai do Rato para S. Bento. Num certo ponto da rua deparo-me com um lindo espectaculo. Trânsito parado, tudo a buzinar e a gritar, ninguém conseguia passar, ou só passavam com muita dificuldade e alguma diplomacia, porquê? Porque apesar de haver um lugar mesma à porta de uma certa pastelaria, o dono de um Audi topo de gama, que foi a essa pastelaria, tinha estacionado o carro não no lugar, mas no meio da estrada, mesmo ao lado do lugar de estacionamento. E como tinha os quatro piscas postos, não deve ter visto necessidade de vir à rua tirar o carro parqa resolver o caos de trânsito que tinha provocado. Resta dizer que estive ai parado quase dez minutos até conseguir passar o tal Audi (com umas terriveis ganas de sair do carro e de lhe partir aquela merda toda!) e o digno condutor, ou condutora, nem se deu ao trabalho de sair da pastelaria para ver o que se passava cá fora.

Sugestão de prenda de Natal: um lança-misseis para instalar no meu carro! muhahahahaha...

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Gosto de A a Z

Gosto de Ameixas. Vermelhas ou amarelas, mas bem sumarentas, são o melhor fruto do Verão.
Gosto de Brincar. Gosto de brincar porque tudo o que há de bom em nós já cá estava quando éramos crianças e brincávamos.
Gosto de Cinema. Gosto de passar duas horas numa sala escura, perdido dentro de uma história que não é a minha.
Gosto de Dormir. Gosto de me aconchegar sob cobertores e lençóis e perder-me num sono cheio de sonhos.
Gosto de Elipses. Gosto de elipses porque são muito mais redondas que os quadrados, mas não se acham perfeitas como os círculos.
Gosto de Florestas. Gosto de passear na floresta e sentir a vida florescer à minha volta.
Gosto de Guloseimas. Gosto porque sou guloso, gosto de bolos, de pudins e de mousses, de tudo o que é doce.
Gosto do Horizonte. Gosto de olhar o horizonte e sonhar com o infinito que está para além dele.
Gosto do Inverno. Gosto de ver os ventos a imporem a sua força, de árvores sem folhas e de ver o mar cinzento elevar-se em ondas de grande altura.
Gosto de Jogar. Jogar futebol ou jogar voleibol, às vezes também basquetebol. Com amigos, à sexta-feira, grandes jogatanas.
Gosto da Lua. Gosto de ver a lua cheia nascer, sobre uma planície alentejana, numa noite cálida de Verão.
Gosto do Mar. Gosto de cheirar o mar, de ver o mar, de sentir o mar. Não sou capaz de viver sem ter o mar por perto.
Gosto de Nadar. No mar ou na piscina, gosto de sentir o meu corpo bem leve, na água, e de sentir o líquido fresco na minha pele.
Gosto de Objectivos. Gosto de ter objectivos, de ter uma ideia, ainda que vaga, do que vou fazer a seguir.
Gosto de Pássaros. Gosto de todos, mas sobretudo das minhas limícolas, com bicos compridos e as patas de molho.
Gosto de Queijo. Queijo da serra, queijo das ilhas, queijo alentejano… Hum, um queijinho, pão e azeitonas são às vezes a melhor parte da refeição.
Gosto de Rádio. Gosto de ouvir rádio, sobretudo quando ando de carro sozinho.
Gosto do Sol. Gosto de acordar com o Sol a brilhar na minha cara.
Gosto de Ti. Sim de Ti. De facto não há nada de que eu goste mais. Talvez devesse um dia dizer-te isto.
Gosto do Universo. Gosto do Universo e dos seus mistérios, estrelas, galáxias, planetas e buracos negros.
Gosto do Verão. Gosto do tempo quente, de ir à praia e mergulhar no oceano.
Gosto de Xisto. Gosto de ver lâminas de xisto bem negro na paisagem. Rochas bem quentes, ao Sol, sobretudo à beira dos rios e ribeiras do Sul.
Gosto do Z, do Z de zebra, do Z de zoologia, do Z que é a última letra do alfabeto mas consegue às vezes ser a primeira.

Toranja


Desconfio que ainda não reparaste que o teu destino foi inventado por gira-discos estragados aos quais te vais mudando
"Carta", Toranja

Por acaso já tinha reparado…

Half Full


“What are you doing honey?” Asked his wife as she saw him filling the fourth glass with vodka. “Delaying death sweetheart, just delaying death” he answered.
“What do you mean?” Replied the woman, staring with an empty gaze at the half-full glasses on the table.
“Just doing what everybody else does… for as long as we live” The man delivered his answer with the cold certainty of an empty mind.

sábado, dezembro 10, 2005

Negros são os corvos da cor do carvão...


Depois de ter lido alguns excertos do famoso poema "The Raven" de Edgar Allan Poe, fiquei com vontade de ler o poema completo. Não foi muito difícil, uma busca simples no google devolveu logo dezenas de páginas com o poema na íntegra. É demasiado longo para reproduzir aqui e hoje não é quinta-feira, mas aconselho vivamente a quem não conhecer esta obra de Edgar Allan Poe a seguir este link para ler o poema. "The Raven", ou "O Corvo", em português, já serviu, por exemplo, de base a um episódio dos Simpsons num dos miticos Halloween Specials, mas não é por isso que mereçe ser lido. Fantástico pelo conteúdo, mas ainda mais interessante pela musicalidade que tão naturalmente surge na língua inglesa, mas que tão difícil é de encontrar na língua de Camões, é mesmo um poema extraordinário!

A corrida de 100 metros

Que triste espectaculo seria uma corrida de 100 metros baseada na minha vida...

Linha de partida, eu contra várias versões de mim próprio. Largada a corrida pelo tiro de partida arrancava em grande estilo, só para tropeçar nos meus atacadores ao fim de poucos metros, escorregava, caía com grande estrondo, mas conseguia equilibrar-me com alguma espectacularidade, e retomar a corrida antes de perder muito balanço. Concentrava-me na corrida, sentia a adrenalina a fazer o coração bombear fortemente o sangue para os meus musculos, punha todo o meu empenho em cada passada, toda a minha força de vontade canalizada para o objectivo que me obssecava os sentidos. Corria desalmadamente até estar já próximo da meta. Incrivelmente, achava-me em primeiro e o único resultado possivel parecia ser a vitória.
Quando me prepavara já para levantar os braços e receber em jubilo as aclamações do público, um dos meus adversários gritava:" Tás mas é parvo, alguma vez tu vais conseguir isso, tudo na tua imaginação meu caro, se a meta tivesse já ai já tinhas chocado com ela". Desamparado pela surpresa, em vez de atravessar a meta corria para o lado, chocava contra os meus alter-egos aversários, caíamos todos numa amalgama de pernas e braços, a escassos centimetros da meta, sem nunca lá chegar... Nas bancadas o público não sabia se deveria rir ou chorar.

O mais estranho é que só quando começo a achar que vou perder a corrida é que a calma se apodera de mim como um porto de abrigo. Era tão mais fácil se os resultados da corrida saissem no jornal do dia anterior...

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Purple Haze


Graças a esse grande milagre dos tempos modernos que é o E-Mule, a colecção de música que acumulo no computador já vai numas interessantes 101h. Isso implica que algumas músicas são raramente ouvidas. Ultimamente ganhei o hábito de ligar o Media Player e deixar o computador correr a biblioteca de músicas aleatoriamente. Às vezes ligo o programa e começa uma música que já não ouvia à bastante tempo. É um pouco como reencontrar um velho amigo!
Ontem cheguei a casa exausto, liguei o computador mais para ouvir música do que para fazer qualquer outra coisa. Eis que o Media Player deita cá para fora o grande Jimy Hendrix a tocar o mítico “Purple Haze”. Grande música! Aquele homem tocava a guitarra como ninguém, sou incapaz de não ficar aqueles quase 3 minutos a apreciar os acordes que ele tira do instrumento.

Viva o E-Mule e a cultura para todos! Viva o Hendrix e a sua guitarra!

Grande Benfica!


Já lá iam uns anitos desde a última vez em que o Benfica tinha feito assim uma grande vitória europeia! Benfica 2-1 Manchester United... Acho que não preciso de dizer mais nada... Lindo, Lindo, LINDO!!!!

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Quintas-feiras culturais XIV

Esta semana a quinta-feira cultural vai ter de ser à quarta, por motivos de força maior. Também para variar, hoje não escolhi um verdadeiro poema, mas sim a letra de uma música. Lembram-se do tempo em que os Xutos e Pontapés ainda não estavam caquéticos, e faziam grandes músicas? Aqui fica a letra de uma dessas grandes músicas, Circo de Feras.

Circo de Feras

A vida vai torta
Jamais se endireita
O azar persegue
Esconde-se à espreita

Nunca dei um passo
Que fosse correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo

E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto
Quero-te tanto

De modo que a vida
É um circo de feras
E os entretantos
São as minhas esperas

E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto
Quero-te tanto.

Xutos e Pontapés


Se quiserem apreciar um verdadeiro poema, dêm um salto ao blog do meu amigo queirosene, o Apocalipse Já, onde ele pôs um poema lindíssimo de Miguel Torga que tive bastante vontade de plagiar por aqui...

terça-feira, dezembro 06, 2005

O diabo em pessoa


Meus caros, contra todas as minhas crenças, acabei de ter informação exclusiva de que o diabo existe. Chamasse Condoleezza Rice e anda agora pela Europa a dizer que não faz mal torturar árabes desde que sejam terroristas, se bem que segundo ela os EUA nunca torturaram prisioneiros... Pois, e eu sou o Pai Natal!
Esta tipa é a criatura mais assustadora à face da terra, muito mais que o imbecil do Bush ou que o sacana do Rumsfeld. O mais terrível é que se percebe que ela é extremamente inteligente e que sabe exactamente aquilo que anda a fazer, ou seja é o mal na sua essência mais pura. Estou para aqui quase a dar para o místico... Mas esta gaja é escória humana do nível mais baixo.

Raiva! Tanta bala gasta neste mundo a matar inocentes e ninguém lhe enfia uma por entre os olhos? Que criatura mais peçonhenta!

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Pontos de inflexão

Imaginem uma curva, por exemplo o arco de uma arcada. O ponto em que a parede deixa de subir para começar a descer chama-se ponto de inflexão. Corresponde à bissectriz da parábola formada pelo arco e pode ser definido matematicamente como o ponto em que a derivada da função que define o arco iguala zero.
Se tudo correr bem já todos pararam de ler por aqui.
Agora observem o grafico típico de uma parábola, de função x quadrado:

Este é o modelo matemático para o clássico "bater no fundo". A curva desce a pique, acalma um pouco no final, bate no fundo e, ultrapassado o ponto de inflexão, recupera, primeiro lentamente e depois mais depressa, até voltar ao topo. A boa notícia aqui é que tudo o que desce sobe.

Depois à outra hipótese, outra curva que tem algumas semelhanças, mas uma grande diferença. Observem o gráfico da função x ao cubo:


O que aqui acontece é que atingido o "fundo", a curva desacelera, parece até estabilizar no "fundo", só para depois acelerar vertiginosamente na direcção do que está para lá do fundo, algo a que um matemático chamaria tender para menos infinito!

Neste segundo caso não existe um ponto de inflexão, é mais estilo "Highway to Hell" ao som dos riffs roufenhos e agressivos dos AC/DC.

Substituam os pontos dos gráficos pelo nosso estado de espírito em cada dia e depois venham cá dizer se a matemática não se aplica à vida! Ás vezes o que precisamos é de pontos de inflexão, antes que o x ao cubo tome conta de nós...

And the Oscar for the most demented post goes to... ME!

domingo, dezembro 04, 2005

Os Filmes da minha Vida

Hoje apeteceu-me fazer uma daquelas coisas de puto que é fazer listinhas de coisas que gostamos. Queria fazer a lista dos meus 10 filmes favoritos, mas não consegui escolher menos que 15...
E assim, em directo do Salão Neuronal, na Avenidade Nervosa entre o hipotálamo e o cortex frontal do cérebro do Pedro, apresentamos em directo, a gala dos "Filmes da minha Vida".


1. O Império do Sol, simplesmente genial, o horror tragico da 2ª guerra mundial visto pelo olhar de uma criança. A cena em que o miúdo canta o hino do Japão é dos melhores momentos da história do cinema.

2. Forest Gump, uma história bonita que no fundo é uma satira bem negra ao ideal do sonho americano. Run Forest, run.

3. Contacto, A maravilha da maior descoberta da história da ciência, inspirada num livro desse grande divulgador de ciência que foi o Carl Sagan. Com uma muito grande Jodie Foster.

4. Os Condenados de Shawshank, A mais brilhante história de prisioneiros alguma vez contada.

5. O Pianista, Um filme com muito poucas palavras, muito poucos diálogos, mas com uma das melhores interpretações da história do cinema do Adrien Brody. Um dos pouquissimos filmes que me fez chorar!

6. American History X, Negro mais negro não há. Uma viagem aos horrores da america moderna.

7. Platoon, O melhor filme de guerra alguma vez feito?

8. Apocalipse Now, Um pesadelo psicadélico em que a guerra é apenas o pano de fundo. E que banda sonora monumental.

9. Senhor dos Anéis, Para mim, os 3 filmes são um só, uma magistral adaptação da mais fabulosa aventura fantástica alguma vez escrita.

10. Alien, um dos melhores filmes de ficção científica de sempre. E haverá algum monstro mais perturbadoramente monstruoso?

11. Monty Python and the Holy Grail, o mais delicioso non-sence dos grandes Monty Python.

12. Cidade de Deus, A mais dura das realidades, no país de toda a alegria. Ainda por cima falado em Português (açucarado).

13. Mente Brilhante, o amor e a razão face à mais triste das doenças. E ainda por cima aconteceu na realidade.

14. Adeus Lenine!, inteligente, brilhante e uma magnifica visão de um dos momentos mais marcantes da História recente da Europa.

15. Philadelphia, um Tom Hanks absolutamente brilhante, num filme duro sobre uma realidade inquietante.

Existencialismo aos 25

Nos dias que correm, 25 anos não são muitos. Há cada vez mais centenários e até aqui em Portugal a esperança de vida já ultrapassa largamente os 70. Ainda assim, à uma velha doutrina que diz que se vamos fazer algo de realmente importante com as nossas vidas, ou o fazemos antes dos trinta ou já passou o nosso tempo... nesse caso o relógio está a contar!
Em 25 anos não se aprende muito, mas como fiz anos, dá-me para o existencialismo e para as dúvidas existenciais. Decidi organizar em adágios aquilo que aprendi à cerca da vida neste quarto de século. Aqui fica:


1 .
A vida é um conjunto de ideias,
pensamentos largados ao mar, perdidos no espaço,
sentidos na carne com o fulgor de um ferro em brasa.

2.
A vida é a maior paixão dos apaixonados
a maior dos dor dos deprimidos
a maior esperança dos amotinados.

3.
A vida é uma longa espera,
um lento definhar para um final inevitável,
o seu resultado final em muito depende daquilo que aprendemos
com aqueles que vamos encontrando pelo caminho.

4.
A vida é um caminho tortuoso,
quanto mais rapidamente o percorremos
mais depressa lhe encontramos o fim.

5.
A vida é uma amora silvestre,
às vezes rubra mas azeda
pode rapidamente tornar-se negra mas doce,
só raramente a achamos rubra e doce.

6.
A vida pode ser o mais divinal dos doces,
mas temos de acrescentar algum açucar nosso.

7.
A vida é um grande mistério,
a mais bela criação do Universo.
Há que aproveitar o pouco a que temos direito.

8.
A vida pode ser um sono recheado de sonhos,
ou um inferno de mil pesadelos,
cabe-nos encontar um rumo entre estes dois extremos.

9.
A vida são todos os pequenos nadas,
tudo aquilo que se passa
entre as ocorências a que costumamos dar importância.

10.
A vida é uma rota de destinos perdidos,
uma meta de propósitos inacabados,
uma memória de lembranças esquecidas.

11.
A vida? A vida, meus caros,
a vida é aquilo que fazemos dela!


Só capaz de ter escrito aqui uma verdade ou duas, só tenho pena de eu próprio não respeitar estes adágios na minha própria vida...
Já agora só mais um, tirado de um dos meus filmes favoritos, o "Forest Gump": Life is a box of chocolates, you never know what you're gonna get.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Homenagem à Bondade Pública

Ontem esqueci-me das luzes do carro acesas e, uma hora depois, naturalmente o carro estava com a bateria descarregada. Não houve problema porque telefonei a um amigo meu, o David, que me foi safar com cabos de bateria, mas como ele ainda demorou uns 40 minutos a chegar ao sítio onde eu estava, pude apreciar devidamente a bondade dos transeuntes de Lisboa.
Eu estava numa rua de pouco movimento, mas ainda assim, passaram por mim uns 20 carros e talvez umas 10-15 pessoas a pé, eu estava ao lado do carro e o carro tinha o capôt aberto. Adivinhem quantas pessoas se deram ao trabalho de me perguntar se eu precisava de ajuda?
Exactamente zero! Aliás, algumas até olhavam de lado como se eu estivesse ali a prejudicar o bem estar delas.

Realmente eu não precisava de ajuda. Mas será que sou só eu que costumo perguntar às pessoas se precisam de ajuda quando as vejo com problemas no carro? Será que custa assim tanto abrir um pedacito o vidro do carro e verificar se a pessoa está enrrascada?
Eu sei que hoje em dia toda a gente tem assistência automóvel, e telemóvel para pedir ajuda, mas ainda assim...
...ainda bem que os lisboetas são umas criaturas assim bondosas e preocupadas com o próximo.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Quintas-feiras Culturais XIII

Mais uma quinta feira, mais um pingo de cultura no mar deste blog. Aqui fica um poema do David Mourão-Ferreira.

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

David Mourão-Ferreira

Feriado? Qual feriado?

Hoje é feriado nacional. Eu, em vez de ficar na cama até meio da manhã, preguiçar metade do dia e recarregar baterias estive a trabalhar desde as 7:30 da manhã até agora!
E o mais deprimente da situação é que sou eu quem, neste momento, define os meus horártios de trabalho... vida de biólogo é dura!

Aguardem para dentro de momentos a quinta-feira cultural numero XIII...