sexta-feira, fevereiro 24, 2006

A ampulheta estragada

O tempo arrasta-se lentamente. Uma gigantesca ampulheta em que todo os grãos de areia foram embebidos no mais espesso melaço. A respiração arquejante, a alma ferida de morte, cada um sinais de um destino que se apressa em não acontecer. A história triste de um ser que escolheu passar a vida sem viver. Num subterrâneo distante, ou no mais limpido dos céus azuis, algo quase acontecia sem acontecer, um raio de luz que desrespeitava todas as leis decidira ficar parado no ar. Por um momento, por um momento apenas, toda a realidade deixou de existir, um imenso piscar de olho universal. Nos céus de inverno, sob as nuvens de um chumbo opressivo, a vida corria normalmente, chovia e trovejava.

1 comentário:

Marco Fav disse...

Triste fico de te informar
que o Tempo não pode parar.
Aproveita-o todo para viver
senão tarde irás perceber
que só o estiveste a perder