segunda-feira, agosto 07, 2006

Tardes de Verão

O Sol esticava-se vermelho sobre as ondas do oceano, lacrando o final de tarde com um tom carmesim que relembrava a cada um as melhores memórias de verões passados. Com a graça de uma gaivota que esvoaçava sobre o mar, com a calma das velas brancas que pontuavam no infinito o eterno encontro entre o azul do oceano e o azul do céu, os olhares acompanhavam o astro-rei na sua despedida a mais um dia.
Enquanto o disco escaldante começava a esconder a face sob o frio refrescante das águas, as ondas, miríades de espelhos lançados pelo vento, reflectiam a sua luz em mil cores e tonalidades que pareciam dançar ao som da mais bela valsa, com o toque carinhoso de uma canção de embalar.
Mais duas gaivotas passaram junto à praia, com batimentos de asa ao mesmo tempo fortes e gentis, cheirava a maresia o seu vôo cuidadosamente orquestrado pelas brisas marinhas. Junto ao areal, o mar encarneirava-se em ondas de espuma branca que se espraiavam avidamente por sobre os seixos, rolados por anos sem fim de rebentação.
Com a lentidão das coisas boas, o Sol escondeu-se por fim atrás do horizonte, iniciando a sua viagem nocturna sob as profundezas pétreas do planeta com destino há próxima alvorada. Susurrando, procurando não interromper com a sua voz o espectaculo que lhes fora oferecido, os espectadores começaram a abandonar aquele anfiteatro de areia, pedras e mar. Era Verão, e nos seus sorrisos aquele pôr-do-sol prometia tornar-se eterno.

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