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Imagino que qualquer pessoa que faz um doutoramento passa uma parte considerável do seu tempo a pensar se os possíveis ganhos que advenham de um doutoramento algumas vez valerão os sacrifícios que ele acarreta. A resposta é só uma, um sonoro e cáustico NÃO. Claro que há bons momentos, há alegrias, muitas coisas até fazem valer a pena; contudo, nunca de forma alguma tudo isso compensa os sacrifícios. O stress acumulado que potencialmente ficará para toda a vida, os maus tratos à nossa saude, os maus tratos à nossa vida social, o tempo perdido a trabalhar que puderia ser usado para viver, os muitos momentos de descrença, a dúvida como forma de vida, a certeza de que tudo isto não virá a ser compensado por benefícios significativos à nossa vida.
Hoje apanhei-me a pensar, o que é que o doutoramento alguma vez fez por mim? Em que é que ele alguma vez contribuiu para a minha felicidade? Se eu não fosse tão teimoso e incapaz de deixar coisas a meio acho que tinha acabado com o doutoramento logo ali. Continuei e horas depois recebo um telefonema de um jornalista da SIC, interessado em me fazer perguntas sobre o meu trabalho, devido ao seu potencial impacto na escolha do local do novo aeroporto de Lisboa. Pronto, esta foi uma dessas raras ocasiões de satisfação, afinal o meu trabalho até tem, por vezes, alguma utilidade...
Enfim, dizem os autores da BD que aqui coloquei que fazer um doutoramento é viver num limbo. É a verdade.
Um conselho a eventuais leitores: Não se metam num doutoramento nem que disso dependa a vossa vida!