Ontem houve palhaçada em Alvalade. Não estou a falar de mais uma arbitragem à la Pinto da Costa, desta vez os actores do espectáculo circense foram únicamente os próprios adeptos do Sporting. Um grupo de selvagens tornou as eleições democráticas do clube numa batalha campal mais típica dos ambientes revolucionários dos países magrebinos há décadas sob a alçada de violentos regimes autoritários.
Sinceramente, as eleições do Sporting não me interessam absolutamente nada. Mesmo que fossem no meu Benfica seriam pouco interessantes, sobretudo num contexto nacional em que temos temas bem mais importantes para debater. Estou aqui a falar desta questão só para partilhar esta minha interrogação. Não será esta selvajaria travestida de democracia que se passou no Sporting um sinal da baixíssima cultura democrática que o povo português continua a exibir, mesmo quase 40 anos depois do 25 de Abril?
Os portugueses parecem olhar para a democracia um pouco como vêm o futebol. Cada um tem o seu clube (a.k.a. partido) e lutam pela vitória como se de um jogo se tratasse, sem lembrar que no combate político aquilo que se está a decidir é o futuro do país e não uma qualquer taça ou medalha de mérito desportivo.
Vou tentar acreditar que aquilo que se passou ontem foi só mais uma cena típica do caos medieval em que vive o futebol português, e acreditar que estas cenas tristes não se podem extrapolar para a política do país... vou tentar acreditar, mas ouvir os discursos inflamados dos nossos "representantes" na Assembleia da República não é fácil acreditar nesta crença optimista!
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