Estava aqui a ler um artigo do historiador Filipe Ribeiro de Menezes (autor de "Salazar: uma biografia política") no Público de hoje. Este artigo nota, e passo a citar, "que, volvidos quase 37 anos sobre o 25 de Abril, e um quarto de século sobre a nossa entrada na CEE, Portugal continua a bater-se com um enimigo bem mais antigo que o regime iniciado em 1974, ou do que o seu predecessor. Está ainda por resolver, depois de tanta História, a questão central que levou os líderes do exército, em 1928, a convidarem Salazar para integrar o executivo, cobraçando a pasta das Finanças. Governando em sitadura, tinham esses mesmos generais agravado a questão, herdada da I República, que por sua vez a herdou da Monarquia Constitucional. Era essa questão, claro está, a das contas públicas, sempre desiquilibradas".
O autor do artigo recorda-nos que as contas públicas portuguesas nunca mais voltaram a estar em ordem desde a independência do Brasil, e da consequente perda das receitas quase infinitas provenientes da exploração dos recursos naturais dessa nossa riquíssima ex-colónia, que suportaram os luxos e abusos económicos da coroa portuguesa durante séculos.
Ou seja, Portugal, com todos os vícios adquiridos por séculos de potentado colonial, com o hábito adquirido de viver muito acima das possibilidades naturais do nosso pequeno rectângulo à beira-mar plantado, não consegue subsistir sem o apoio de um irmão de riqueza quase infinita que o ia safando das dividas acumuladas, o Brasil. O contexto histórico ajuda a compreender a nossa situação actual: ou Portugal aprende (finalmente) a viver dentro dos limites das suas possibilidades, ou talvez a única solução possa mesmo ser aquilo que o Finantial Times sugeriu, vou assumir que em tom jocoso, de dar uma reviravolta de 180º na História e tornar Portugal uma província do Brasil...
Em semana de visita de Dilma Rousseff e Lula da Silva a Portugal, é caso para dizer "Lula, vôcê não qué vir pára Portugau e sauvá a gentxi, não?" Obviamente estou a brincar... mas quando confrontado com um país obrigado a escolher entre Sócrates e Passos-Coelho, a minha escolha mais óbvia parece ser fugir para o Brasil!!!
Sem comentários:
Enviar um comentário