quinta-feira, março 31, 2011

Sabem aquela...

Pois é, parece que vamos a votos dia 5 de Junho. Até já nem sabiamos todos nem nada, mas enfim, são os formalismos (des)necessários do nosso regime. Enquanto os partidos não começam o circo habitual, deixo aqui a minha contribuição para a campanha eleitoral, neste cartoon tão bem roubado do blog na Nokas, que por sua vez roubou de outro, etc, etc. etc.


Se há momento em que é essencial votar em massa na esquerda, e estou a falar da esquerda, não estou a falar do PS, este é o momento. Estamos a ser massacrados pelas políticas ultra-liberais da direita e extrema-direita que tomou conta dos governos europeus. Em alguns casos até anda desfarçada de esquerda, como no PS português ou no PSOE espanhol, mas a verdade é toda igual, abrir as pernas para os grandes grupos económicos, e violentar o povo que trabalha. Há que quebrar imediatamente com este status quo. Cortar rente, mudar de direcção e virar à esquerda com toda a confiança!

Estadistas

O último verdadeiro estadista?

Lula da Silva parece ser dos poucos políticos que ainda existem com capacidade de pensamento independente, superiores à cacofonia dos economistas (os bruxos e videntes dos tempos modernos), e capazes de compreender que o objectivo das nações deve ser o constante melhoramento da humanidade, em termos de justiça, igualdade, liberdade, e conhecimento, e não da mera variação do PIB ou da taxa de juros.
Faltavam-nos muitos destes... mas de momento não temos cá nenhum!

segunda-feira, março 28, 2011

Das antenas à justiça, passando pelo BPN...

Hoje roubaram-me (mais um)a antena do carro. Se isto se tivesse passado em Lisboa ou no Porto, eu nem estranhava, o problema tinha sido meu por deixar a antena à mão de semear. Mas em Évora? Ao estado a que isto chegou!

Mas o minha raiva, ou desagrado não é dirigida ao assaltante. Não sei se o fez para comprar a dose de droga, para amealhar dinheiro para comprar uma arma, ou simplesmente para comprar comida para si ou para a sua família. Isso é o que menos me interessa. A culpa do pequeno crime não é dos criminosos, mas antes de uma sociedade, e acima de tudo de um estado, que assume que a miséria é um estado aceitável para os seus cidadãos. A culpa é dos empresários que despedem ou exploram sem qualquer escrúpulo. É de toda esta filosofia ultra-liberal do capitalismo selvagem, da ganância levada ao extremo, do enriquecimento a tudo o custo, mesmo que o custo seja o benefício de dois ou três se espelhar na miséria de milhares ou de milhões.

É muito fácil pegar no discurso habitual da direita, tão habitual na língua serpentina de Paulo portas. Aquele discurso do crime galopante, do perigo à solta, da insegurança nas rua, tão bom para ganhar o voto da terceira idade. O problema é que a solução apresentada por esses senhores para esse problema é sempre a mesma, mais repressão, mais prisões, mais penas, mais investimento nas forças de segurança, endurecer a luta contra (algum d)o crime. Essa solução até poderia funcionar, se fosse uma verdade incontestável que algumas pessoas nasciam más, e outras nasciam boas. Prendendo todos os maus, os bons viveriam felizes para sempre. Mas o "viveram felizes para sempre" é uma coisa dos contos de fadas, e são no fundo contos de fadas que essa gente das direitas e extremas direitas nos gostam de contar.
Infelizmente, o crime não é uma manifestação do mal, nem um problema de moral. O crime, e sobretudo o pequeno crime, está intimamente ligado à situação económica do país. Os países ricos, com baixos níveis de desigualdade social, sendo destes exemplo máximo os estados do norte da Europa, são também aqueles que têm menos crime. Não é com repressão nem com violência que se combate o pequeno crime. Combate-se com justiça social e com educação. Combate-se com igualdade de oportunidades e de direitos, com uma política laboral justa, com baixos níveis de desemprego e de precariedade laboral.

Não vou dizer que não se deve financiar melhor as nossas polícias, e que o policiamento das ruas não é importante. Claro que são. É essencial manter a segurança das nossas ruas e é vergonhoso o estado de sub-financiamento a que as nossas forças de segurança chegaram, sem dinheiro para pagar sequer as fardas ou a gasolina das viaturas. Mas o verdadeiro alvo da política de segurança do país deveria ser o combate radical contra a pobreza, contra o desemprego e a precariedade, contra as desigualdades sociais. E, claro, o combate contra o grande crime, aquele que não afecta cada um individualmente mas que afecta todo o país e nos prejudica a todos enquanto cidadãos deste país. O chamado crime de colarinho branco, o grande crime económico, as grandes negociatas e trocas de favores, as grandes redes de tráfico que abastecem tantas das causas do pequeno crime, e os grandes crimes da banca, como o vergonhoso caso BPN em que o próprio Presidente da República, o pretenso máximo magistrado da nação, está envolvido até à ponta dos cabelos, assim como os seus verdugos dos governos PSD dos anos 80 e 90.

Infelizmente, em Portugal é infinitamente mais provável ser preso por roubar 10 euros do que por roubar 1000 milhões de euros. A nossa justiça é uma farsa, em que os pequenos se lixam e os grandes não só se escapam como ainda têm a lata de concorrer a cargos públicos, sendo eleitos por uma populaça ignorante que continua achar que as ruas estão cada vez mais inseguras, mas que elegem sempre aqueles que menos fazem para combater as verdadeiras causas do crime.

Em última análise, não me importava que me roubassem uma antena por semana, se em troca os senhores do BPN, os Isaltinos Morais e outros que tais fossem parar com os costados à prisão. não me importava de perder uma antena todos os dias, se em troca a taxa de desemprego baixasse e fosse possível encontrar neste país empregos estáveis e bem remunerados!

domingo, março 27, 2011

Pancadaria...

Ontem houve palhaçada em Alvalade. Não estou a falar de mais uma arbitragem à la Pinto da Costa, desta vez os actores do espectáculo circense foram únicamente os próprios adeptos do Sporting. Um grupo de selvagens tornou as eleições democráticas do clube numa batalha campal mais típica dos ambientes revolucionários dos países magrebinos há décadas sob a alçada de violentos regimes autoritários.
Sinceramente, as eleições do Sporting não me interessam absolutamente nada. Mesmo que fossem no meu Benfica seriam pouco interessantes, sobretudo num contexto nacional em que temos temas bem mais importantes para debater. Estou aqui a falar desta questão só para partilhar esta minha interrogação. Não será esta selvajaria travestida de democracia que se passou no Sporting um sinal da baixíssima cultura democrática que o povo português continua a exibir, mesmo quase 40 anos depois do 25 de Abril?
Os portugueses parecem olhar para a democracia um pouco como vêm o futebol. Cada um tem o seu clube (a.k.a. partido) e lutam pela vitória como se de um jogo se tratasse, sem lembrar que no combate político aquilo que se está a decidir é o futuro do país e não uma qualquer taça ou medalha de mérito desportivo.
Vou tentar acreditar que aquilo que se passou ontem foi só mais uma cena típica do caos medieval em que vive o futebol português, e acreditar que estas cenas tristes não se podem extrapolar para a política do país... vou tentar acreditar, mas ouvir os discursos inflamados dos nossos "representantes" na Assembleia da República não é fácil acreditar nesta crença optimista!

Piscares de Olho - XXX

Esta semana o piscar de olho não me leva para muito longe da minha localização actual. trata-se de um pôr-do-Sol no Cromeleque dos Almendres, aqui bem perto de Évora. O sol punha-se entre os sobreiros e os seus raios pareciam brincar com algumas das pedras deste fantástico monumento megalítico. O Cromeleque dos Almendres é composto por cerca de 90 monolítos e terá sido construído entre o sexto e o terceiro milénios antes de Cristo, sendo, pela sua dimensão e excelente estado de conservação, o mais importante monumento megalítico da Península Ibérica. Fica localizado na freguesia de Nossa Senhora de Guadalupe, cerca de 15 km a oeste de Évora, e merece certamente uma visita. A melhor altura para visitar é a Primavera, quando as temperaturas alentejanas ainda não atingiram os seus máximos e quando os bosques e montados que rodeiam o cromeleque estão verdes e cobertos de flores campestres.

sábado, março 26, 2011

No prato ou na política, antes Lula que Coelho!


Estava aqui a ler um artigo do historiador Filipe Ribeiro de Menezes (autor de "Salazar: uma biografia política") no Público de hoje. Este artigo nota, e passo a citar, "que, volvidos quase 37 anos sobre o 25 de Abril, e um quarto de século sobre a nossa entrada na CEE, Portugal continua a bater-se com um enimigo bem mais antigo que o regime iniciado em 1974, ou do que o seu predecessor. Está ainda por resolver, depois de tanta História, a questão central que levou os líderes do exército, em 1928, a convidarem Salazar para integrar o executivo, cobraçando a pasta das Finanças. Governando em sitadura, tinham esses mesmos generais agravado a questão, herdada da I República, que por sua vez a herdou da Monarquia Constitucional. Era essa questão, claro está, a das contas públicas, sempre desiquilibradas".
O autor do artigo recorda-nos que as contas públicas portuguesas nunca mais voltaram a estar em ordem desde a independência do Brasil, e da consequente perda das receitas quase infinitas provenientes da exploração dos recursos naturais dessa nossa riquíssima ex-colónia, que suportaram os luxos e abusos económicos da coroa portuguesa durante séculos.
Ou seja, Portugal, com todos os vícios adquiridos por séculos de potentado colonial, com o hábito adquirido de viver muito acima das possibilidades naturais do nosso pequeno rectângulo à beira-mar plantado, não consegue subsistir sem o apoio de um irmão de riqueza quase infinita que o ia safando das dividas acumuladas, o Brasil. O contexto histórico ajuda a compreender a nossa situação actual: ou Portugal aprende (finalmente) a viver dentro dos limites das suas possibilidades, ou talvez a única solução possa mesmo ser aquilo que o Finantial Times sugeriu, vou assumir que em tom jocoso, de dar uma reviravolta de 180º na História e tornar Portugal uma província do Brasil...
Em semana de visita de Dilma Rousseff e Lula da Silva a Portugal, é caso para dizer "Lula, vôcê não qué vir pára Portugau e sauvá a gentxi, não?" Obviamente estou a brincar... mas quando confrontado com um país obrigado a escolher entre Sócrates e Passos-Coelho, a minha escolha mais óbvia parece ser fugir para o Brasil!!!

quarta-feira, março 23, 2011

Ontem morreu um gajo porreiro

Ao que parece, Artur Agostinho disse em vida que gostaria que no dia da sua morte se dissesse que "morreu um gajo porreiro". Pois queria aproveitar este espaço para dizer que:

Ontem morreu um gajo porreiro

Foi sempre uma personagem que personiicou aquilo que de bom existe em Portugal, um artista, um jornalista e uma pessoa grande. Soube manter um elevado padrão profissional, algo que tantos dos seus pares e sucessores tanto precisavam de aprender, e no campo do desporto soube personificar o conceito de desportivismo, tanto nos tempos mais civilizados em que começou a relatar futebol, como nos tempos selvagens em que hoje vivemos, em que algumas pessoas acham que o futebol é desculpa para soltarem a selvajaria que lhes corre nas veias devido a frustações pessoais várias, que nada têm que ver com o fenómeno desportivo.
Acho que a grandeza das pessoas muitas vezes se lê na simplicidade das suas palavras. Desejar ser recordado como "um gajo porreiro", é possivelmente a mais bela e tocante frase de despedida que eu consigo imaginar...

domingo, março 20, 2011

Piscares de Olho - XXIX

Para hoje uma visita ao centro do poder económico e militar do mundo, Washington. Visitei a capital norte-americana no Verão de 2007 e tirei esta fotografia em pleno Mall, bem perto dos corredores do poder onde são decididas as invasões aos países que não vendem petróleo barato, ou que não se rebaixam ao poderio americano. Aliás, não seria difícil imaginar que este burocrata de telefone em punho poderia estar a decidir ao telefone mais uma qualquer decisão absurda da política externa americana, ou não fosse o "commander-in-chief" da super-potência, à data desta fotografia, o tristemente ilustre George W. Bush. Politiquices à parte, recomendo uma visita a Washington, sobretudo pelos magníficos museus, todos eles completamente gratuitos, entre outros o fantástico Air and Space Museum, o National Museum of the American Indian e o National Gallery of Art. A temperatura em Agosto é por lá verdadeiramente tropical, pelo que muita pena tenho eu destes burocratas em mangas de camisa!

quarta-feira, março 16, 2011

Exercício de Futurologia

Vou aqui fazer um pequeno exercício de futurologia, querem uma aposta em como vou acertar em cheio?

Daqui por algumas semanas/meses, o actual governo vai cair. O presidente vai agendar novas eleições e povo português, na sua infinita estupidez, vai em carneirada votar nos mesmo gajos de sempre. Desta vão votar no PS com D, em vez do PS sem D, mas como todos sabemos é tudo a mesma coisa. O líder do PS com D, Pedro Passos Coelho vai tomar o cargo de primeiro-ministro, vai dizer na tomada de posse que chegou a hora de mudar, que os portugueses merecem um governo melhor, merecem melhores condições de vida, que com ele tudo vai mudar.

Cerca de 1 a 2 semanas depois, talvez até menos, eventualmente um pouco mais tarde, o recém empossado primeiro-ministro vai fazer uma comunicação ao país e dizer algo que não vai fugir muito destas linhas, apenas com muito mais palha pelo meio:
"Caros portugueses, depois de analisadas a contas publicas, verificamos que o anterior executivo mentiu quanto ao estado real da nossa economia. Existe um buraco financeiro muito maior do que aquele que previmos. Assim, é com profundo pesar que tenho de anunciar que vamos ter de tomar medidas fortes para reduzir o défice e regularizar as contas públicas. Não era nossa vontade apresentar estas medidas, mas a incompetência do executivo anterior vai-nos obrigar a por em prática um pacote de medidas que inclui aumento de impostos/redução de salários e pensões/cortes nos benefícios fiscais/todos estes em conjunto, mas sem nunca mexer nos impostos e benefícios fiscais das grandes empresas. Esperamos assim aplacar a pressão dos mercados internacionais e assegurar a UE da solidez das contas públicas em Portugal"

Depois, se forem de carneirada votar no PSD, ou até no CDS, não digam que eu não avisei...

domingo, março 13, 2011

Portugal, crónicas de um país em busca de futuro

Ontem poderá ficar para a história. Ontem Portugal falou alto e bom som. Ontem Portugal gritou um imenso basta. Um imenso basta que não foi dirigido apenas a este governo, não foi dirigido apenas contra as políticas ruinosas com que o actual executivo tem hipotecado o futuro do país, não foi dirigido apenas contra uma taxa de desemprego galopante, contra níveis de precariedade incomportáveis. Não foi apenas um protesto de uma geração à rasca, não foi apenas um protesto de uma multidão de gente ultra-habilitada, ultra-informada e ultra-literada a quem este país mentiu e espoliou de um futuro e uma oportunidade de contribuir para o bem comum nacional. Não foi só um protesto de uma população obrigada a emigrar para ter esperanças de poder sonhar com um futuro, não um futuro melhor, mas simplesmente um vislumbre de um futuro que não seja uma corrida constante em direcção ao abismo.

Ontem Portugal protestou contra todo um paradigma político. Protestou contra toda uma classe política que adoptou a corrupção como estilo governativo, e que tornou banal a destruição do futuro e do designío nacional em troca de favores e ganhos milionários para os seus amigos, colegas, familiares e protegidos. Uma classe política que está neste momento a descer mais baixo que a nobreza medíocre que arrastou Portugal pela lama antes do 5 de Outubro. Uma classe política que cospe dia após dia na constituição e na democracia, que vende o Portugal presente e o Portugal futuro a quem pagar mais. Que acha natural levar o povo português ao limiar da miséria extrema apenas para anter o seu poder e as suas mordomias.

Muito tem de mudar em Portugal. Muito tem de mudar e depressa. A não-coligação governativa entre PS, PSD e CDS tem de ser afastada do poder já. Não estou com isto a dizer que temos de dar o poder aos partidos de esquerda, porque também esses não são isentos de culpa. Portugal não precisa nem de direita nem de esquerda no governo, o que precisamos verdadeiramente é de ter pessoas competentes nos cargos mais importantes, de garantir que as pessoas certas chegam às posições certas. Acabar de uma vez com esta partidocracia em que os cargos são atribuidos com base exclusivamente na filiação política de cada um. Portugal tem de deixar de ser o país das cunhas e tornar-se numa verdadeira meritocracia. Repito, precisamos das pessoas certas nos lugares certos, precisamos de ter as pessoas mais competentes nos lugares de maior responsabilidade, acabar de vez que o paradigma actual do "quem sabem faz e quem não sabe governa".

O mais complicado será conseguir tudo isto sem por em risco a nossa democracia. Porque temos de manter como valores máximos da nossa nação a liberdade, a igualdade de direitos e a justiça social. A verdadeira questão é como garantir que, num sistema democrático, asseguramos que são as pessoas certas a chegarem aos locais certos, em vez de continuar, como até aqui, a votar naquele que tem mais jeito para nos enganar nas 2 semanas que antecedem a próxima eleição.

Pessoalmente, penso que o primeiro passo será uma revolução. Não precisa de ser armada, não precisa de ser violenta, mas todas as pessoas que actualmente desgovernam o país, tanto no governo como na oposição, têm de ser afastadas permanentemente dos cargos de poder em Portugal. Precisamos também de toda uma nova geração de gestores e empresários capazes de olhar o futuro com uma visão que ultrapasse o lucro imediato e o prémio que vão ganhar no final do ano. Precisamos de gente com visão, mas também com um espírito de solidariedade social e de justiça laboral. Penso que ontem nas ruas de tantas cidades por este país fora estiveram pessoas, de todas as idades, infinitamente melhores e mais competentes (e provavelmente muito mais honestas também) que aquelas que actualmente nos governam ou gerem as nossas principais empresas. Precisamos também de uma total renovação do sistema judicial. Portugal tem de acabar hoje mesmo de ser o país em que só os pobres são condenados, em que só o crime pequeno é punido, enquanto que as fraudes dos grandes tubarões passam ao lado dos tribunais.

Acho que um bom início será reduzir drasticamente as remunerações dos cargos políticos. As pessoas que os ocuparem devem tomar as posições de topo e faze-lo num espírito de responsabilidade civil e não para atingirem ganhos económicos pessoais e pensões vitalícias injustas. Os cargos devem também ser alvo de um escrutínio publico mais forte. Muitos mais cargos deveriam ser decididos pelo povo e com uma frequência maior do que a actual.

Finalmente, os partidos como os conhecemos devem ser extintos. Ou pelos mudarem radicalmente o seu funcionamento. Temos de acabar com esta ideia que se somos de direita tudo o que a esquerda diz tem de estar errado, ou se somos de esquerda tudo o que a direita diz está errado. Em vez de assumir que só os governos de maioria absoluta funcionam, temos de nos habituar à ideia de que os políticos estão no parlamento para negociar o melhor para o país, em vez de se limitarem a atacar-se mutuamente de forma a maximizar as chances de ganhar a próxima eleição. Propunha, por exemplo, que todos os partidos capazes de eleger algum deputado deveriam ter funções no governo dessa legislatura, têm de ser obrigados a negociar entre si, em vez de se atacarem dia e noite, e tudo isso sob o olhar atento de um presidente que tem de ser um árbitro e não um incompetente, como o que temos agora. Precisamos de grandes coligações supra-partidárias capazes de oferecer ao país os melhores de cada área do saber. Como disse acima, as pessoas certas nos lugares certos, independentemente da sua cor política. Portugal não precisa de mais lodo político, precisa de gente com ideias e, acima de tudo, com saber.

Portugal merece muito melhor, os portugueses merecem muito melhor, e o mundo merece um Portugal melhor!

Piscares de Olho - XXVIII

Para o piscar de olho de hoje, uma visita a Roterdão, Holanda. Foi tirada em 2006, durante os primeiros meses da minha longa estadia na Holanda para fazer o meu doutoramento. Visitei Roterdão para ir ao Consulado de Portugal pois precisava de renovar o meu passaporte. Aproveitei a viagem para absorver um pouco da cor local, nomeadamente estes holandeses felizes da vida a absorverem cada um dos raios de Sol com que eram abençoados neste raro dia bonito da Primavera holandesa. Tirei esta fotografia em Delfshaven, um antigo porto comercial dos tempos dourados do império marítimo holandês, hoje uma zona recheada de bares, lojas de antiguidades e galerias de arte. Tal como acontecia com frequencia na Holanda, a opinião à cerca dos lugares variava muito consoante o estado do tempo. A holanda é desagradavelmente lugrube cerca de 300-350 dias por ano, mas nos restantes dias, quando o Sol brilha, as cidades e os campos transformam-se em locais belos e acolhedores, foi esse o caso de Roterdão nesse dia!

sexta-feira, março 11, 2011

A desgraça chega a todos...

Ainda ontem eu coloquei aqui no blog um post com uma notícia da Ecosfera, do Público, sobre um albatroz fêmea que tem 60 anos de idade e continua a reproduzir-se em Midway, no Pacífico. Pois hoje o dramático sismo de magnitude 8,9, que arrasou partes do norte do Japão, gerou um imenso tsunami, que não só destruiu as costas do Japão e de vários outros país, mas arrasou também a colónia de albatrozes em Midway, matando virtualmente todas as crias que estavam agora em idade de estar no ninho incapazes de voar.
A tragédia humana pode facilmente fazer-nos esquecer que também os animais são afectados por estas demonstrações de força do nosso planeta, mas quando afectam um animal que de certa forma personificamos, ao darmos um nome, parece que afectou também um dos nossos. Acima de tudo, é estraordinária a coincidência da sobreposição destas duas notícias, uma coincidência que talvez não seja tão estranha no mundo globalizado de hoje em dia.
Deixo aqui a transcrição da mensagem enviada para o exterior por Cynthia Vanderlip, responsável pela conservação no local em que se localizava a colónia de albatrozes:

We are all fine. We stayed on the roof from 12pm until 4 am (MArch 11). Midway called and said that the wave had passed. Everyone climbed down off the roof went straight to bed, except me. I took a quick walk to see the damage at the beach and it is extensive. The wave washed about 400′ feet inland. The Black-foot colony at the pier is gone, chicks are everywhere. Thousand of ghost crabs are cleaning up the dead. The wave washed over the top of the pier and tore the window frames out. The ocean is chocolate brown.

I am thankful that our building is 700′ inland and 20′ above sea level. We were spared, but I fear for all the other folks in the Pacific. The loss of wildlife breaks my heart.

thanks for your thoughts and prayers

olha eu no Público


Modéstia à parte, o Publico online publicou uma opinião minha!!


Godfellas...

Dava um belo filme, só é pena a humanidade ser estupida ao ponto de continuar a dar trela a esta corja mesmo nos dias de hoje... Um atraso civilizacional que precisa de ser ultrapassado rapidamente!

quinta-feira, março 10, 2011

Velhinha, mas cheia de genica!

A ave selvagem "mais velha" nos registos ornitológicos dos Estados Unidos, uma albatroz-de-Laysan chamada Wisdom, voltou a ser mãe e foi avistada com uma cria. As autoridades estimam que a ave tenha mais de 60 anos.

Wisdom, da espécie Phoebastria immutabilis, foi avistada há poucas semanas com uma cria no Refúgio Selvagem nacional do Atol Midway, no Pacífico, por John Klavitter, biólogo do Serviço norte-americano de Pesca e Vida Selvagem e responsável por aquela área protegida.

A história conhecida desta ave começou em 1956 quando o investigador Chandler Robbins, do U.S. Geological Survey, lhe pôs uma anilha. O animal deveria ter então cinco anos. Chandler voltou a encontrar este albatroz em 2001.

“Ela parece estar fantástica”, comentou Bruce Peterjohn, responsável pelo programa de anilhagem das aves da América do Norte. “Agora, é a ave selvagem mais velha de que temos registos”, acrescentou. “Saber que, aos 60 anos de idade, ela ainda pode dar à luz e criar as suas crias é algo que me deixa sem palavras”, salientou, em comunicado.

Peterjohn estima que a ave terá dado à luz a pelo menos 30 crias durante a sua idade reprodutora. Os albatrozes, que se mantêm fiéis aos seus companheiros durante toda a vida, apenas põem um ovo por ano.

Outro dado impressionante são os quilómetros que Wisdom já terá voado desde que foi anilhada, uma distância que Peterjohn estima corresponder a quatro a seis viagens de ida e volta da Terra à Lua.

A Phoebastria immutabilis - espécie classificada como Quase Ameaçada - nidifica em 16 locais, a maioria na cadeia de ilhas do Havai, com pequenas colónias no Japão e México, segundo dados da Birdlife International. A maior colónia situa-se no Atol Midway.

Nove das 21 espécies de albatrozes estão ameaçadas de extinção, segundo a lista vermelha da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza). As maiores ameaças a estas aves incluem artes de pesca intensivas, espécies invasoras (como ratos e gatos selvagens que são predadores das crias de albatroz) e a poluição que flutua no mar. “As aves ingerem grandes quantidades de lixo no mar. Estima-se que, sem o saberem, os progenitores dêem às suas crias cinco toneladas de plásticos”, segundo o US Geological Survey, em comunicado.

Helena Geraldes in PUBLICO

quarta-feira, março 09, 2011

O Fortuna

O Fortuna é um poema que faz parte dos manuscritos de Carmina Burana, criado aproximadamente entre os anos de 1100 e 1200. Este poema é dedicado à Fortuna, deusa romana da sorte e da esperança. A palavra latina "Fortuna" corresponde a sorte em português, não se referindo por isso à fortuna material. O poema foi escrito em latim medieval sem levar a métrica latina clássica; ao invés disso, foi escrito com um estilo originado do alto alemão: o Vagantenlieder, um estilo típico dos goliardos. O poema adquiriu a sua notoriedade actual graças à sua incorporação na fabulosa peça musical de Carl Orff "Carmina Burana"

O Fortuna em LatimTradução

O Fortuna
velut luna
statu variabilis,
semper crescis
aut decrescis;
vita detestabilis
nunc obdurat
et tunc curat
ludo mentis aciem,
egestatem,
potestatem
dissolvit ut glaciem.

Sors immanis
et inanis,
rota tu volubilis,
status malus,
vana salus
semper dissolubilis,
obumbrata
et velata
mihi quoque niteris;
nunc per ludum
dorsum nudum
fero tui sceleris.

Sors salutis
et virtutis
mihi nunc contraria,
est affectus
et defectus
semper in angaria.
Hac in hora
sine mora
corde pulsum tangite;
quod per sortem
sternit fortem,
mecum omnes plangite!

Ó Sorte
és como a Lua
mutável,
sempre aumentas
e diminuis;
a detestável vida
ora oprime
e ora cura
para brincar com a mente;
a miséria,
o poder,
ela os funde como gelo.

Sorte imensa
e vazia,
tu – roda volúvel –
és má,
vã é a felicidade
sempre dissolúvel,
nebulosa
e velada
também a mim contagias;
agora por brincadeira
o dorso nu
entrego à tua perversidade.

A sorte na saúde
e virtude
agora me é contrária.

e tira
mantendo sempre escravizado.
nesta hora
sem demora
tange a corda vibrante;
porque a sorte
abate o forte,
chorais todos comigo!

segunda-feira, março 07, 2011

Of bird and airplane...

"I realized that If I had to choose, I would rather have birds than airplanes."

Charles Lindbergh
(Interview shortly before his death, 1974)

domingo, março 06, 2011

Piscares de Olho - XXVII

Para o piscar de olho desta semana, uma foto geológica tirada na Islândia. Estas colunas de basalto resultam da solidificação do magma libertado pelos vulvões islandeses e animam as vistas num dos fiordes da ilha-nação. Recomendo vivamente a todos uma visita a este país fabuloso.

Homens da Luta

Depois da vitória dos Homens da luta no festival da canção, o palco está montado para trazer-mos para Portugal a extraordinária onda revolucionária que tem varrido o Mediterrâneo. Claro que não acredito que o povo português faça algo, só se desse para fazer a revolução por SMS com o cuzinho sentado no sofá... mas a esperança é a última a morrer, e se 40% de desemprego entre a geração mais bem formada (e informada) de todos os tempos não é motivo para se fazer uma revolução, não sei que melhor motivo existirá.
Lembro sempre das palavras sábias de Thomas Jefferson que dizia há quase 2 séculos e meio que “The tree of liberty must be refreshed from time to time with the blood of patriots and tyrants. It is its natural manure.” A ideia de que a democracia é a sociedade ideal e eterna é um erro crasso. A tendência natural da sociedade é para a tirania e as injustiças, por isso mesmo são necessárias revoluções frequentes para assegurarem que o povo é realmente quem governa e não uma qualquer oligarquia que partiu na pole-position da ultima revoluçlão, como acontece hoje neste Portugal cada mais esquecido do significado do 25 de Abril.
Lembrem-se que numa democracia real, o povo é realmente quem mais ordena... Olhem para a política em Portugal e teram de constatar que essa não é a realidade do nosso país. Por isso temos de voltar a começar de novo, e teremos de o fazer, vezes e vezes sem conta, sempre cada passo mais próximo da sociedade perfeita, mas sabedores do facto inequívopco de que nunca a alcançaremos!

quarta-feira, março 02, 2011

Até já...

Peço desculpa pela minha ausência continuada, mas fui ali contruir uns ninhos de abutre-preto e já venho...

Para mais informações espreitem aqui:



P.S. Só contruímos os ninhos, para ver algo como nesta foto teremos de esperar mais algum tempo!