Como é do conhecimento geral, o correiro sentimental da revista Maria é uma das rubricas jornalísticas mais lidas em Portugal, sendo até do meu conhecimento que alguns leitores deste blog já colaboraram com este grande bastião da cultura portuguesa.
Os maçaricos, as aves com que eu trabalho e não os aparelhos de soldagem, têm também vidas sentimentais dignas de figurarem na Maria, mas como, infelizmente, estas aves não têm ainda o dom da palavra, vou eu ajuda-las a divulgar os seus dramas amorosos:
1)
Eu cá não sou de intrigas, mas não posso mais ficar calada a ver certas e determinadas coisas que se passam nos prados das minhas redondezas. Não quero usar nomes, mas uma certa maçarica, chamar-lhe-ei Y1RWRW, tem uma relação já longa com um magnífico maçarico aqui da zona, a que chamarei Y1RRRY. Era uma alegria para o meu coração avícola ver o casalinho sempre por ali, tão amorosos que eles eram. Imagine-se o meu choque quando vejo essa lambisgóia desavergonhada da Y1RWRW enrolada com um marmanjo do prado do lado, a que chamarei aqui Y1RRRW. E ainda por cima fazem tudo às claras, sem pensarem uns momentos sequer no coitado do outro maçarico. Parece que esses dois já têm ninho e tudo, parte-me o coração ver o Y1RRRY ali sozinho, neste prado, a construir um novo ninho na esperança que apareça outra maçarica na sua vida.
Ass. vizinha anónima
Cara vizinha anónima,
De facto, os factos que relata são tristes, mas já pensou em passar mais tempo a tomar conta dos seus ovos e menos tempo a ver o que fazem os seus vizinhos? Sinceramente, tanta gralha que por aí anda a ver se saca uns ovitos saborosos e você a espiar os vizinhos. Se está assim tão preocupada, diga à sua amiga tudo o que pensa dela e vá lá confortar o pobre maçarico abandonado. Diga-lhe que ele em breve encontrará a maçarica da sua vida e que a outra lambisgóia não o merecia.
2)
Desde que começamos a por ovos, a minha esposa não me dá atenção. Ela é só: ai os ovos isto, ai os ovos aquilo. E eu é que tenho o trabalho todo, sem recompensa nenhuma. Está claro que por ovos dá trabalho, é verdade. Mas já lá vai uma semana e sou eu quem tem de os incubar, sou eu quem tem de afugentar as gaivotas e as gralhas, nem tenho um minuto de descanso. E ela o que faz? Senta-se para ali, nas cercanias do ninho, a encher-se de minhocas e a conversar com as amigas. E eu ali no ninho, sem poder sequer ir trocar umas bicadas com a rapaziada.
Hoje fartei-me e quis faze-la ver a razão. Disse-lhe que ia deixar o ninho e ela nada, ficou ali a encher a barriga. Quando voltei zanguei-me mesmo. Não me orgulho do que fiz, mas bati-lhe mesmo. Agora ela voltou ao ninho, mas não me fala. Que ei de fazer?
Ass. Maçarico arrependido
Caro Maçarico arrependido,
De facto, é comum os casais passarem por crises conjugais na época da postura. É um período muito stressante e as tenções acumuladas podem acabar mal, como foi obviamente o seu caso. Não irei por as culpas em si nem na sua parceira, ambos procederam mal. O que lhe sugiro é que tente fazer as pazes, talvez com um pedido de desculpas e a oferta de algumas dessas minhocas de que ela parece gostar tanto. Depois deveriam talvez sentar-se os dois no ninho, com calma e terem uma longa conversa sobre o futuro da vossa relação e, já agora, o futuro da vossa ninhada.
Ambas as histórias são baseadas em casos verídicos…
Os maçaricos, as aves com que eu trabalho e não os aparelhos de soldagem, têm também vidas sentimentais dignas de figurarem na Maria, mas como, infelizmente, estas aves não têm ainda o dom da palavra, vou eu ajuda-las a divulgar os seus dramas amorosos:
1)
Eu cá não sou de intrigas, mas não posso mais ficar calada a ver certas e determinadas coisas que se passam nos prados das minhas redondezas. Não quero usar nomes, mas uma certa maçarica, chamar-lhe-ei Y1RWRW, tem uma relação já longa com um magnífico maçarico aqui da zona, a que chamarei Y1RRRY. Era uma alegria para o meu coração avícola ver o casalinho sempre por ali, tão amorosos que eles eram. Imagine-se o meu choque quando vejo essa lambisgóia desavergonhada da Y1RWRW enrolada com um marmanjo do prado do lado, a que chamarei aqui Y1RRRW. E ainda por cima fazem tudo às claras, sem pensarem uns momentos sequer no coitado do outro maçarico. Parece que esses dois já têm ninho e tudo, parte-me o coração ver o Y1RRRY ali sozinho, neste prado, a construir um novo ninho na esperança que apareça outra maçarica na sua vida.
Ass. vizinha anónima
Cara vizinha anónima,
De facto, os factos que relata são tristes, mas já pensou em passar mais tempo a tomar conta dos seus ovos e menos tempo a ver o que fazem os seus vizinhos? Sinceramente, tanta gralha que por aí anda a ver se saca uns ovitos saborosos e você a espiar os vizinhos. Se está assim tão preocupada, diga à sua amiga tudo o que pensa dela e vá lá confortar o pobre maçarico abandonado. Diga-lhe que ele em breve encontrará a maçarica da sua vida e que a outra lambisgóia não o merecia.
2)
Desde que começamos a por ovos, a minha esposa não me dá atenção. Ela é só: ai os ovos isto, ai os ovos aquilo. E eu é que tenho o trabalho todo, sem recompensa nenhuma. Está claro que por ovos dá trabalho, é verdade. Mas já lá vai uma semana e sou eu quem tem de os incubar, sou eu quem tem de afugentar as gaivotas e as gralhas, nem tenho um minuto de descanso. E ela o que faz? Senta-se para ali, nas cercanias do ninho, a encher-se de minhocas e a conversar com as amigas. E eu ali no ninho, sem poder sequer ir trocar umas bicadas com a rapaziada.
Hoje fartei-me e quis faze-la ver a razão. Disse-lhe que ia deixar o ninho e ela nada, ficou ali a encher a barriga. Quando voltei zanguei-me mesmo. Não me orgulho do que fiz, mas bati-lhe mesmo. Agora ela voltou ao ninho, mas não me fala. Que ei de fazer?
Ass. Maçarico arrependido
Caro Maçarico arrependido,
De facto, é comum os casais passarem por crises conjugais na época da postura. É um período muito stressante e as tenções acumuladas podem acabar mal, como foi obviamente o seu caso. Não irei por as culpas em si nem na sua parceira, ambos procederam mal. O que lhe sugiro é que tente fazer as pazes, talvez com um pedido de desculpas e a oferta de algumas dessas minhocas de que ela parece gostar tanto. Depois deveriam talvez sentar-se os dois no ninho, com calma e terem uma longa conversa sobre o futuro da vossa relação e, já agora, o futuro da vossa ninhada.
Ambas as histórias são baseadas em casos verídicos…
1 comentário:
A passarada está toda louca...
Isto já não há espécie que se aguente.
E a partir de agora em vez de "coitadinho do crocodilo" vou passar a dizer "coitadinho do maçarico".
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