Cheguei lá no domingo, depois de três horas de comboio pelo meio dos infindáveis prados verdes da Holanda. Saí na Centraal Station e fiquei imediatamente esmagado pelos prédios enormes que ladeiam a estação. Um imenso edifício de escritórios ultra-moderno. Segui ao longo da avenida sobranceira à estação, em busca do famoso Boijmans van Beuningen Museum. No meio da avenida, claro, um canal, ladeado de lindíssimas faias, salgueiros e choupos. Ao longo da avenida, o primeiro contacto com uma das imagens omnipresentes de Roterdão, por ali a arte anda nas ruas. Esculturas modernas, extremamente coloridas, decoravam cruzamentos onde carros e eléctricos tentavam passar pela interminável corrente de bicicletas.
Ao longo da tal avenida, à beira do canal, sucediam-se pequenas esculturas, nas fachadas, prédios antigos de aspecto tipicamente holandês polulavam de anúncios a lojas chinesas, restaurantes indonésios, bares de comida do Médio Oriente, eis a segunda impressão de Rotterdam, uma cidade pluri-cultural e cosmopolita.Chego ao museu, à entrada uma série de esculturas modernas dão as boas vindas aos visitantes, lá dentro o museu tem um ar moderno, agradável, atraente, dá vontade de passar ali uma ou duas horas a passear despreocupadamente. As obras de arte vão-se sucedendo, desde as obras antigas dos mestres holandeses às mais modernas pinturas e esculturas abstractas, mas a impressão mais forte que fica, independentemente da enorme qualidade da colecção apresentada, é que o museu está brilhantemente desenhado, foi feito para os visitantes, não é um mero depositário bafiento de velhos quadros e esculturas, como o são tantas vezes os museus, aqueles que afugentam as pessoas e as levam a crer que a arte é uma seca.
Paragem seguinte, Delfshaven, o velho porto da Companhia das Índias, agora uma zona pitoresca, cheia de pequenos cafés e bares, onde bancas vendem antiguidades, e onde cada montra é uma surpresa, aqui uma pequena galeria, ali uma livraria cheia de livros e manuscritos de alfarrabista. Mais um sítio onde apetece simplesmente deambular, andar sem destino nem pressa. Sozinho, sem pressas nem obrigações, deixem-me ir para onde os meus pés me levavam, sempre com a máquina fotográfica em punho.
Enquanto caminho por entre os bairros de Roterdão, o horizonte sempre polvilhados de arranha-céus de linhas modernas e dimensões imponentes, vai espreitando aqui e ali o imponente e omnipresente Euromast, a enorme torre de cimento que é hoje o mais alto edifício na Holanda. Desço até ao rio, o Maas corre em eterno buliço, com os constantes afazeres dos barcos do Porto de Rotterdam, um dos maiores do mundo. Entre edifícios antigos com motivos marítimos e edifícios ultra-modernos, continuam a suceder-se esculturas que dão uma cor cultural à cidade. À beira rio, os barcos tipicamente holandeses, restaurados e pintados dão cor à zona ribeirinha, ao fundo a Ponte Erasmus anima a vista com as suas formas originais. Continuo o passeio, a zona de Baalk, uma das mais destruídas pelos bombardeamentos alemães na segunda guerra mundial, está hoje cheia de edifícios modernos, as estranhas casas em forma de cubo, edicícios altíssimos com formas invulgares, o Museu Marítimo, que infelizmente não pude visitar por estar fechado.
Sigo para a zona mais central, uma série de ruas cheias de bares e lojas são o centro da animação citadina. A noite vai tomando o seu lugar no céu, à minha volta toda a diversidade da cidade salta à vista, pessoas de todas as cores e feitios passam por mim, a falar línguas que vão desde o holandês, ao árabe, desde o chinês ao indiano, desde o italiano ao português. Enfim, só mesmo indo lá para abarcar toda a impressão que a cidade deixa. Aconselho a todos uma visita…
2 comentários:
"Sozinho, sem pressas nem obrigações, deixem-me ir para onde os meus pés me levavam..."
Aqui está uma excelente definição do meu tipo de programinha perfeito.
Bons passeios, amigo ;)
Lê o "Wilt in Nowhere" e vais ver o resultado dessas saídas onde nao há destino nem caminho e se regem apenas pela máxima: "vou por onde os pés vos levarem".
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