Ontem acordei com um estrondo. Um ruído vagamente estranho, vagamente familiar tomou lentamente conta de mim enquanto os últimos fiapos dos sonhos davam lugar à dura realidade. Quando finalmente acordei, percebi que o ruído não era normal e fui à janela ver o que se passava. Qual não foi a minha surpresa quando me deparei com um cenário perfeitamente surreal, a rua, junto à minha janela, era agora um rio de águas bravas que arrastava pedras, caixotes do lixo e até automóveis. Sim, foi aquilo que todos viram na televisão, a conduta que rebentou ao pé da Feira da Ladra, mas eu vi tudo ao vivo e a cores, aliás os dois carros que se viam na televisão, caídos dentro da cratera aberta pelas águas, estavam encostados à fachada do meu prédio, escassos metros abaixo da minha janela.
Consegui sair de casa sem molhar muito os pés, porque a porta do meu prédio dá para outra rua, e não resisti a juntar-me aos transeuntes que apreciavam o triste espectáculo. Milhares de litros de água fluiam junto ao Hospital da Marinha como se de um rio torrencial se tratasse, viravam à esquerda perante a oposição do meu prédio e desciam a Calçada do Cardeal, deixando um rasto de destruição à sua passagem. A EPAL demorou mais de uma hora a fechar a conduta e os bombeiros que afluiram ao local, coitados, nada podiam fazer contra a força das águas.
No final, dezenas de carros danificados (por sorte ontem tinha estacionado o carro na outra rua, mas já muitas vezes o deixei no sítio exacto onde se abriu a cratera maior), casas inundadas, danos enormes no Hospital da Marinha e uma pequena multidão de velhinhas histéricas e aos gritos.
Já não me posso queixar que nunca acontece nada de emocionante nesta cidade!
3 comentários:
Tiveste uma sorte... Ainda nao e desta que trocas de carro.
Como se eu tivesse dinheiro para uma aventura dessas! Passava a andar a pé que me lixava!
E agora que já todos sabemos exactamente onde vives... espera pelo pessoal à hora do jantar!
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