"Uma parte essencial da saloiice indígena é a mania do prestígio. Ontem o DN falava da cimeira da NATO notando com grande satisfação que ela nos trazia grande prestígio. (...) Mas parece - dizem os peritos - que o mundo pasma com a nossa "capacidade" de organização, ainda por cima de um "evento" que "mudará o futuro próximo da humanidade". Para dona-de-casa não estamos mal.
A Expo-98 e o Europeu de Futebol de 2004, embora sem "mudar o futuro próximo da humanidade, o que foi uma pena, tinham a seu tempo mostrado essa nossa extraordinária vocação E mesmo hoje Portugal contínua ardorosamente à procura de um espectáculo qualquer que reforce e alargue a sua enorme fama de "receber bem", necessária como pão para a boca a um país que se preze. Consta, por exemplo, que vem aí o Mundial de Futebol e até (...) a Ryder Cup (uma espécie de campeonato de golfe). Só falta agora o pingue-pongue e o ténis, que se escondeu, talvez por modéstia, no Estoril. A única coisa que me espanta neste fulgurante currículo é que Portugal não use a sua "capacidade de organização" para se organizar a si próprio, uma coisa que certamente ninguém criticaria."
Vasco Pulido Valente in Publico, 20-11-2010
Como sempre, o Vasco Pulido Valente acerta em cheio na muche... Gostamos tanto de fazer figura que nos esquecemos que passamos a maior parte do tempo a fazer figuras tristes!
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