Parece que ainda ontem isto era tudo mouraria, aliás, ainda há tão pouco tempo eramos celtas, lusitanos destemidos a combater os romanos sob a liderança de Viriato.
Mas é assim com todas as crianças. O tempo passou e crescemos, passamos por lutas e guerras, as dores do crescimento foram sempre uma constante, mas fomos superiores a todas as dificuldades e crescemos. E vencemos quase todas as batalhas.
Os romanos vieram, e foram, o mesmo se passou com os árabes. Mas nós ficamos cá. Criámos um condado, depois um país. Expandimos as fronteiras até o mar não deixar mais, e depois conquistamos esse mesmo mar, esse e os outros, conquistamos todos os sete mares e oferecemos novos mundos ao mundo. Mantivemos um império, mas soubemos novamente ser dos primeiros a inovar. Fomos um dos primeiros países a abulir a escravatura.
O mundo mudou conosco. A humanidade abriu os olhos da ciência e descobriu o mundo, descobriu a matéria, descobriu a vida. A sociedade evoluiu e as tiranias começaram a caír em pedaços. No ínicio século XX voltamos a inovar. Acabamos com a estupidez de um governo monárquico e tornamo-nos uma das primeiras Repúblicas da Europa, num tempo em que as poderosas famílias reais dominavam ainda a política.
E cometemos erros, muitos erros. Porque crescer é aprender. Tardamos a perceber que uma populaçao educada é a maior riqueza de um país, desperdiçamos as oportunidades oferecidas pelas colónias e não lhes soubemos dar independência na altura devida. Caímos no engano do fascismo e aturamos uma ditadura tão negra quanto cinzenta, que explorou a ignorância de um povo que nunca aprendera a ler nem escrever.
Mas dos erros vieram lições. Fizemos um 25 de Abril, a mais bela revolução que o mundo já viu, em que as armas que devolveram a liberdade aos cidadãos vinham carregadas de de flores e não de balas.
Constrímos a pulso uma democracia, que como todas as outras não é um sistema perfeito, mas é o melhor que temos. Essa democracia juntou-se a 10, 14, 26 outras no sonho de uma Europa livre, pacífica, equalitária e unida. É neste ponto da história que cumprimos 100 anos de República. Num ponto difícil, em que o mundo parece outra vez precisar de mudança para continuar no caminho do crescimento. De um crescimento que deve ser humano e sustentável, e não económico.
É neste ponto que estamos, e precisamos mais uma vez de inovar. Precisamos de mais uma vez mostrar novos mundos a este mundo, que parece cada vez mais perdido num abimo de capitalismo selvagem, injustaças sociais e terrorismos tresloucados. Ainda não sabemos quais serão os próximos capitulos desta história. Quais os enganos e quais as glórias do caminho que nos falta percorrer. Mas acredito que vamos mais uma vez surpreender o mundo, mais uma vez tomar as rédeas da história e dizer "presente!". Porque o mundo nunca precisou mais de loucos visionários capazes de calcorrear o desconhecido em cascas de nóz, guiados apenas por estrelas e velas de lona branca. E esses loucos somos nós!
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