Eu até não sou uma pessoa muito respeitadora dos simbolos nacionais, não me incomoda muito se alguém fizer uma brincadeira com a bandeira nacional ou com o hino, mas ver aqueles palhaços skinheads a fazerem saudações nazis enquanto cantavam "A Portuguesa" nessa infeliz manisfetação contra a criminalidade deu-me a volta ao estomâgo! A criminalidade pode ser um grande problema e tudo mais, mas a mim assusta-me ainda mais este tipo de manifestações. Saudações nazis? Mas esses palhaços de merda sabem ao menos o que isso significa? Sabem alguma coisa dos 60 milhões que morreram por causa desses cabrões (e a maioria foram civis, sobretudo alemães e russos, não foram nem soldados nem os desgraçados dos judeus)? Sabem alguma coisa do que significa ser perseguido só por se ter nascido? Sabem alguma coisa do que significa perder todos aqueles que amamos só porque um atrasado mental de bigodinho mariconço tinha um trauma infantil contra judeus? Felizmente eu também não sei, mas ao menos sei pensar!
Eu estou à vontade para falar disto porque não pertenço a nenhuma minoria, sou português, nascido em portugal, de familia portuguesa até várias gerações atrás. Não pertenço a nenhuma religião minoritária e a minha pele enquadra-se bem dentro dos tons habituais para os habitantes da Peninsula Ibérica. E é por isso mesmo que isto me enoja tanto!
Há cada vez mais criminalidade? É verdade. Uma percentagem significativa dos crimes são cometidos por pessoas de origem estrangeira? Também é verdade. Mas que moralidade é que nós temos para levantar um dedo que seja contra os imigrantes que recebemos em Portugal? Existem mais portugueses espalhados pelo mundo fora do que em Portugal. Sempre gostamos de ser bem recebidos e até temos o hábito de rapidamente nos misturarmos com os locais, ao ponto dos apelidos Silva, Antunes e Santos serem comuns em alguns países asiáticos!
Mas nem é essa a questão, o problema é que as mentalidade fechadas e retrogradas daqueles que marcharam no domingo são, basicamente, um resumo de tudo o que está mal no mundo e é exactamente o mesmo mal que encontramos nos putos estúpidos que acharam graça a ir para a praia assaltar pessoas que nunca lhes fizeram mal nenhum. E aqui gosto de ser bem directo ao assunto, existem em Portugal muitos africanos que são talvez ainda mais racistas do que os broncos (sim eu queria escrever broncos e não brancos) que andaram a manifestar-se no Martim Moniz no domingo.
Acho que este é um problema latente na nossa sociedade, um daqueles ninhos de vespas em que ninguém quer tocar, mas pode muito bem ser uma granada pronta a explodir nas nossas mãos. Enquanto continuarmos a ter uma sociedade injusta, em que as pessoas não são avaliadas e recompensadas pelo seu valor mas sim pelo seu estatuto, nunca poderemos debelar estas situações. Enquanto uma criança (independentemente da cor da pele) só ter nascido num bairro mais pobre, continuar a ver as suas chances de vir a ter uma boa vida negadas. Enquanto os meninos de familias ricas continuarem a ter livre acesso a todos os bons empregos com base no famoso sistema do "Factor C", das cunhas e trocas de favores entre aqueles que mandam, sempre com prejuizo dos outros que até podem ser melhores e geralmente são-o. Enquanto o nosso sistema de ensino não passar de uma pobre desculpa para manter os pobres em baixo. Enquanto os piores criminosos continuarem a ser castigados com meras chapadinhas nas mãos estando as prisões cheias de desgraçados que roubam para comer. Enquanto se permitir que milhares, ou mesmo milhões de criaças estejam impossibilitadas de contactar os seus pais devido aos horários de trabalho absurdos e à falta de condições de vida, ficando a sua educação ao cuidadado de uma televisão cada vez mais glorificadora de tudo o que é mediocre e inútil. Enquanto continuarmos a viver numa sociedade onde a mediocridade e o sucesso fácil se impõem sobre a valorização do trabalho árduo e do verdadeiro valor dos cidadãos. Enquanto vivermos assim não vamos a lado nenhum.
E não pensem que esta é uma questão racial ou étnica, porque nesse caso somos 10 milhões de pretos a ser fodidos à grande por meia dúzia de negreiros que fazem tudo para continuar a engordar às nossas custas.
Não continuem a procurar causas simples para os problemas sociais, não vejam o mundo só a duas cores nem procurem fugas rápidas para os problemas. Não inventem desculpas, hoje os imigrantes, amanhã outros quaisqueres. Se cada um de nós fizer a sua parte, tentando viver como parte de uma sociedade e não na base do "eu contra o mundo". Se remarmos todas para o mesmo lado, pode ser que um dia lá cheguemos.
2 comentários:
Então quando voltas a pôr um poema?... lol
A minha ideia era instaurar as "quintas-feiras culturais" e por um poema todas as quintas, mas desta vez esuqeci-me!
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