Para primeiro tema do meu blog, um assunto tão na moda: a venda de medicamentos fora das farmácias.
Pessoalmente, não votei no Socrates, mas fiquei satisfeito com a eleição dele e até me agradou a ideia de lhe termos dado a maioria absoluta. No entanto, as minhas dúvidas eram muitas quanto às capacidades dele para liderar os destinos do nosso cantinho à beira-mar plantado.
Aconteceu que, no dia da tomada de posse, em que ele divulgou esta ideia tão (pouco) polémica, eu tinha acabado de passar 1h à procura da famácia de serviço para comprar uma treta de um Cêgripe e de Mebocaína (PUB). Chego a casa, ouço o gajo a sugerir que eu podia ter ido simplesmente ao hipermercado mais próximo sem me chatear nada e pensei: "O gajo é um Deus!"
Cinco minutos depois lembrei-me que o gajo não é assim tão fantástico, mas ainda assim, deixem-me ser o primeiro a aplaudir a ideia! Acho muito bom pronuncio para este novo governo começarem por atacar um dos muitos lobbies instituidos na nossa praça. É verdade que as farmácias não serão um dos lobbies mais poderosos, não é bem o mesmo que atacar os "patos bravos" da construção civil ou as gasolineiras, mas parece-me um bom sinal para a navegação futura.
Quanto à medida em si, parece-me algo perfeitamente sem espinhas. Tirando as criticas esvaziadas de conteúdo dos farmacêuticos, que naturalmente ficaram todos lixados por lhes tirarem a galinha dos ovos de ouro da capoeira, ninguém em seu perfeito juízo é contra uma medida destas. Senão vejam bem os argumentos contra:
-dizem que pode ser perigoso porque as pessoas vão começar a automedicar-se que nem doidas
Por um lado, a muito tempo que as pessoas se automedicam e nunca vi nenhum farmacêutico a evitar isso acontecer... a menos que consideremos os preços barbaros que eles praticam um exemplo de medida preventiva (e.g. eu paguei 8 euros pelo cêgripe e pela mebocaína, devem mas é estar-se a passar!)
Por outro lado, este argumento baseia-se num principio que pessoalmente repudio: "os portugueses são tão estupidos que se não tiverem uma autoridade a controla-los vão todos encher-se de aspirinas até à morte". Se assim é, porque é que podemos comprar os medicamentos sem receita médica? E porque é que os médicos e farmacêuticos são mais espertos do que o resto da população?
Finalmente, deixem-me dizer que se alguém realmente quiser encher-se de aspirinas até à morte, está no seu direito. Vivemos num estado livre!
-também dizem... dizem que... é porque... Quais sao mesmo os outros argumentos? Aquilo da falta de ética profissional de um farmacêutico a trabalhar num hipermercado conta como argumento? Eu diria que não.
Venham os medicamentos de venda livre! Também, com tanto produto altamente tóxico e letal à venda no hipermercado (batatas fritas com acrilamida, lexivias várias, anticongelantes, liquído de radiador, facas de cozinha, livros da Margarida Rebelo Pinto, etc.), quem é que se vai matar com medicamentos!!?!
1 comentário:
Concordo em absoluto com esta questão da venda dos medicamentos, a não ser num único ponto: é que eu acho que o lobbie dos farmacêuticos é mesmo muito poderoso!Sabias que há 20 anos só se podia comprar, por exemplo, comida para bebés em farmácias (talvez porque alguém se poderia intoxicar com ela?) E tanto quanto sei a abertura de novas farmácias é um processo muitíssimo mafioso, que se destina a proteger os interesses dos já estabelecidos...
Enviar um comentário