Hoje chegou ao fim o "Processo Casa Pia", aquilo que em qualquer país seria perfeitamente banal, a confirmação da acusação dos arguidos, em Portugal tomou laivos de grande surpresa, a maior parte do país não acreditava que a justiça tivesse a coragem de acusar gente poderosa por cometer crimes contra crianças indefesas. Felizmente estávamos enganados.
Até agora não podíamos abertamente criticar os arguidos, pois não tinham ainda sido considerados culpados de nada, hoje tudo mudou. Um tribunal composto por um colectivo de alguns dos melhores juízes do país considerou-os culpados. Não são culpados de apenas um ou dois crimes, no conjunto são culpados de dezenas de crimes. Mais ainda, todos eles foram acusados. Agora afigura-se muito difícil não acreditar, não ter mesmo a certeza que os crimes são mesmo reais.
Por isso mesmo só agora podemos chamar as bestas pelos nomes que merecem. Essas criaturas, esses monstros, esses vermes repugnantes que virão hoje finalmente ser reconhecida pela justiça da Republica a monstruosidade dos seus actos. Mas aquilo que me repugna não são os actos, o que me repugna é a capacidade que esses vermes têm de continuar a mentir, de continuar a apregoar a sua inocência. Foram todos acusados depois da maior investigação criminal que o país já viu. Tiveram a sorte de viver num pais em que os crimes hediondos que cometeram são puníveis por penas menores, nem uma década terão de passar na prisão. Em vez de agradecerem aos céus pela permissividade da nossa legislação, em vez de reconhecerem finalmente o que fizeram e tentar ao menos pedir desculpa as suas vítimas, insistem em mentir, em tentar escamotear o que fizeram e vão interpor vá-se lá saber quantos recursos.
Convém lembrar que um recurso não vai voltar a avaliar a sua culpa, não vão ser novamente investigados os factos, nem vão ser entrevistadas novas testemunhas, muito menos serão procuradas novas provas. Um recurso consiste em procurar virgulas e pontos e virgulas nos acórdãos do tribunal que permitam aqueles que já foram considerados culpados sair em liberdade.
Não digo que o recurso não seja um instrumento válido em democracias, muito pelo contrário, é a única forma de evitar que erros processuais coloquem inocentes na prisão. Mas depois deste processo, depois de todos os testemunhos de todas as vítimas, depois de um longo e minucioso processo ter determinado que todos os acusados sem excepção (não incluindo neste grupo a arguida Gertrudes Nunes que não era acusada de violação de menores mas “meramente” de lenocínio) foram considerados culpados de múltiplos crimes. Como se pode aceitar que estes monstros, que estes vermes repugnantes tenham a lata de pedir recurso e abusar assim de um direito que assiste aos cidadãos de bem desta nação.
Só lhes chamo vermes repugnantes porque me falta o vocabulário para lhes chamar o que eles são, porque não foram ainda inventadas palavras na língua de Camões, nem em nenhuma outra língua que descreva o que estas criaturas são. Só sinto uma coisa por estas pessoas: nojo, um asco profundo e visceral que me faz sentir que o facto de existirem monstros assim torna este mundo um lugar pior para viver.
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