Por vezes sentimos aquela dor estranha nas entranhas, aquela dor que só surge quando temos de engolir sapos em grande quantidade, ou quando sentimos que estamos a ir contra os nossos princípios, quando estamos a faltar ao respeito a nós próprios.
O meu ambientalismo militante, que foi desde pequeno uma parte importante de quem sou, fazem-me ver com maus olhos conduzir muitos quilómetros de automóvel, fazem-me pensar em taxas de emissão de gases poluentes e em pegadas ecológicas enormes.
hoje conduzia para o meu local de trabalho, que é de momento no meio do nada, algures no Alentejo profundo e pensava que ando a fazer em média pelo menos 2000 km por mês, só para poder chegar ao local de trabalho, que alguém decidiu ser nesse local refundido. A pegada ecológica dessas deslocações começam a pesar na tal dor nas entranhas (já para não falar na minha carteira, porque ninguém mas paga!) e não há nada que eu possa fazer para melhorar isso, pois é-me impossível viver mais próximo do local de trabalho, até porque a base de operações da entidade que me emprega fica a menos de 1 km de casa, eles é que me querem num local a 100 km de distância...
A parte curiosa é que eu não vendi os meus princípios a peso de ouro, em troca de um ordenado principesco numa grande companhia. Não, aparentememte vendo-os todos os dias em troca de um ordenado de miséria a trabalhar para uma ONG de cariz ambientalista... É que se temos de ser uma puta, ao menos que sejamos uma das finas, mas neste caso não passo de uma puta pobre, das que se vendem aos camionistas à torreira do Sol em plena N1.
Alguém tem por aí um emprego na região de Évora? Já nem peço que seja bem pago, basta que me poupe o combustível e as dores de alma de fazer 400 km por semana!
Cada vez me convenço mais que Portugal é o país do contrário, onde tudo é o seu oposto...