Nao sei porque tenho por vezes o instinto de tentar explorar questoes dificeis da natureza humana, porque procuro por vezes respostas inexistentes para as mais temiveis inquietacoes do nosso ser, quando essas inquietacoes nao fazem sequer parte da minha vida actual. Penso que algures la no fundo tenho algo de filosofo. De filosofo ou de poeta. Por isso, apesar de já alguém que gosta muito de mim me ter aconselhado por vezes a nao me inquietar com inquietacoes que nao sao minhas, vou questionar mais um capitulo da vivencia humana.
Nada existe de mais tipico na literatura, ou no cinema, do a clássica prova de amor pela morte. Isto é, na literatura, a prova de amor clássica é: "eu morria por ti"... Contudo, faz isto algum sentido? O que é que essa frase prova? Um amor e devocao inquebraveis, ou uma enorme cobardia e egoismo?
Eu morria por ti... diz o herói vitoriano. Morreste, pronto e agora? Depois desse sacrificio maior, o dito Romeu está morto, livre de todas as dores e sofrimentos terrenos, livre de todos os problemas e preocupacoes. Já aqueles que ele deixou para trás, nomeadamente o alvo desse amor inquebrantável, ficaram para sempre com o fardo dessa morte para lidar, com a solidao, com o sentimento de culpa, com a dor, com o luto e possivelmente com o continuar dos problemas que levaram a essa morte, pois achar que a nossa morte vai resolver algum problema deste mundo, por simples que ele parece, e pura megalomania.
Eu digo-vos o que tal morte seria: seria cobardia, seria fuga dos problemas, seria tudo menos um acto de amor.
Querem saber qual eu acho que seria a frase correcta para colocar no tal tipico diálogo literário? Seria algo com: "por ti, eu sofria em cada dia da minha vida as tuas dores, até ao ultimo dos meus dias".
Vá, agora caros escritores vao lá refazer os vossos livros...
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