sábado, janeiro 20, 2007

Do Tejo ao casario branco

Sabem do que gosto mesmo em Lisboa?

Cada vez mais gosto de tudo. Nao sou alfacinha, nasci e cresci nas Caldas da Rainha, onde ainda vou com frequencia e me sinto bastante em casa, mas a verdade e que a cidade branca a pouco e pouco me adoptou. Ao principio era demasiado grande, demasiado barulhenta, demasiado stressante, demasiado fria e impessoal. Com o tempo fui-lhe reconhecendo as virtudes, o seu lado humano, a sua beleza, a sua luz unica, com o passar do tempo apaixonei-me. Diz o povo que primeiro estranha-se e depois entranha-se, nao e? Pois foi assim. Ja me custa hoje viver sem este Rio Tejo dono e senhor da cidade, imponente em cada vislumbre, relaxante e enternecedor no seu toque clamo para os sentidos. Sem os pequenos bairros, verdadeiras aldeias dentro da metropole. Sem as ruelas e becos de Alfama, da Mouraria, da Se ou do Castelo, das pequenas perolas que encontramos em cada recanto, seja um canteiro florido entre dois pedacos de calcada ou uma escadaria que de tao apertada quase nao deixa passar um homem. Sem os miradouros, seja St. Luzia, no Castelo ou no Adamastor, e sem cada pequeno espaco entre dois predio robustos por entre os quais se vislumbra o azul reluzente do Tejo sempre presente. Sem o casario branco que presentei-a quem atravessa a ponte vindo de Almada (O Rui Veloso que venha ca abaixo a terra dos mouros se quer ver sobre que cidade deveria andar a escrever musicas). Sem as avenidas largas e as ruas pombalinas. Sem os cafes historicos e os recantos culturais. Sem as tascas onde o fado se quer bem esganicado e os restaurantes finos onde os precos assustam. Sem as centenas de cafes e bares que duas vidas nao chegariam para conhecer. Sem os milhares de estrangeiros de mapa na mao. Sem as estacoes de metro exageradamente decoradas, mas tornadas obras de arte. Sem os jacarandas em flor no fim da Primavera. Sem uma igreja em cada esquina e um monumento em cada rua. Sem um jardim em cada bairro e o arvoredo por entre as ruas. Sem Belem e sem Alcantara, sem Campo de Ourique e o Bairro Alto, sem a Graca e a Penha de Franca, sem o Campo Grande e o Campo Pequeno.

Esta cidade acolheu-me a 8 anos, nesses anos tornou-me seu, deu-me a conhecer as melhores coisas e os melhores momentos da minha vida. Nao sei se ja perceberam, adoro Lisboa!

9 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

sinceramente tens razao.
lisboa é um sítio q acho q é definido como "aquela base da coiza" x]

As estaçoes de metro, os pasteis de belem, a baixa, o cristo-rei (apesar de ser em almada e nao em grande lisboa), o tejo, vasco da gama, expo, pavilhao atlantico, carnide, benfica, o padra dos descobrimentos, o mosteiro dos jeronimos, a avenida da liberdade... tnh 14 anos, e sempre vivi em lisboa (: adoro esta cidade!

PS.: gstei do teu blog, msmo q n passes pelo meu...tas linkado ;P

NoKas disse...

Lisboa é e sempre será a cidade do meu coração!

Ju disse...

EU TAMBÉM! :)

Anónimo disse...

Estou em Lisboa à também 8 anos exactamente pelas mesmas razões que tu. Partilho algum desse teu sentimento pela cidade. De início só vi razões para me ir embora. Hoje já consigo apreciar alguns desses recantos e encantos. É um privilégio poder ter o melhor dos dois mundos: Lisboa e o além rio.

Unknown disse...

Ah, o Além Tejo, o Além Tejo! Bem bonitas essas terras. Mas o meu Oeste tb tem muito que se lhe diga :)

Anónimo disse...

Só agora descobri as belezas do Oeste (Magnífica Lagoa!!!). Só é pena estar tanto humanizado. E para quem está habituado a terras quase desertas...

smallworld disse...

Lisboa eh mesmo assim. Eu nasci em Lisboa, mas vivi sempre em Oeiras. Foi a minha avo paterna que me apresentou a Lisboa, a tal menina e moca, fadista vadia, rainha do Tejo e pedinte das sete colinas. A minha avo deu-me a conhecer os recantos mais bonitos de Lisboa quando eu era uma petiza de 7 anos. A memoria preferida dela desses tempos era a nossa passagem por uma igreja em Santos onde um homem tocava orgao. Pedi para entrarmos e ouvimos a musica sacra em silencio, eu extasiada, a minha avo a pensar porque nunca tinha ouvido ali ninguem a tocar orgao nos 30 anos de Lisboa que ja tinha (era alentejana de origem). No final batemos palmas e o senhor, velhinho, disse: "Foram as palmas mais bonitas que ja recebi". Eh assim Lisboa. Quando menos se espera, quando o dia corre mal, ha sempre um milagre ao virar da esquina, e um estranho consegue por-nos de novo um sorriso na cara. Se bem que o contrario tambem pode acontecer :) Quando perdi a minha avo achei que tinha perdido Lisboa, mas fico contente por ver que Lisboa se encontra tambem nos olhos dos outros, que a amam como eu. Obrigada, Pedro!