No outro dia, enquanto via o Benfica a ser roubado à força toda num jogo qualquer (nem me lembro bem, para o caso é indiferente), lembrei-me do comentários mais belo e inspirado que alguma vez ouvi durante um jogo de futebol. Para ser completamente apreciado tem de ser inserido num contexto certo, por isso cá fica a história (escrita de acordo com as regras da Lótus Azul):
"Era uma vez um rapaz, chamado Pedro, que tinha na altura uns quinze anos. Como tinha vários amigos que jogavam futebol nos juvenis do Caldas (o jovem é natural das Caldas da Rainha), ia com frequencia ver jogos dessa grande equipa, contra outras equipas de igual grandesa como o Alcains, o Torreense, o Marrazes ou o Lourinhanense. Em geral, além dele e de mais alguns jovens de semelhante idade, os unicos seres desocupados ao ponto de irem ver estes jogos eram os idosos da cidade, nomeadamente os avôs dos jogadores do Caldas, que muitas vezes se envolviam em cenas de violência gerontica de cada vez que um deles tecia um comentário menos agradável sobre a forma de jogar do neto de outro idoso. Foi num destes jogos, já não sei contra que adversário, que um destes velhotes se saíu com a tirada mítica, a laivo de exultação à qualidade da arbitragem, que justificou todo este inenarrável texto. Aqui fica o registo: "Seu ganda filho da puta, se não fosses paneleiro e gostasses, enfia-te um das Caldas de cinco litros pelo cú acima que até te saiam as hemorroidas pela boca". E pronto, foi um bonito momento, digno de figurar para sempre na história dessa grande instituição que é o Caldas Sport Clube. Até diria mais, vitória, vitória... acabou-se a história!"
Com poesia desta nos estádios, como podem dizer que o futebol não é uma forma de cultura?
6 comentários:
Confirmo. Assisti a pérolas literárias nesses míticos jogos do Caldas. Belas tardes passadas na Quinta da Boneca!
Correu bem esta história inenarrável, mas cheia de coerência.
Sabes, o meu avô contava-me que as melhores pessoas de Portugal a rogar pragas eram os alvoreiros, que diziam (carregados de pronúncia da zona) coisas como " havias de ter uma dor de barriga tão grande, que quanto mais corresses mais te doesse e se parasses arrebentasses). Mas afinal, e desculpa avôzinho, onde que que estejas, mas estes avós das Caldas batem os pescadores alvoreiros aos pontos!
Por acaso já tinha ouvido uma vez essa praga da dor de barriga (não foi dirigida a mim!!!), e depois de a ouvir ri-me tanto que realmetne a minha barriga chegou a doer.
um amigo meu de Espinho (é pena ele não ter um blog, porque seria hilariante) contou-me uma semelhante que foi declamada num jogo do sporting local
...rufar de tambores...
"ó meu cabrão! cortava a tua mãe às postas e fazia sande (tem que ser sem s final para dar mais impacto...) de puta!"
Bem, a mim aconteceu-me uma muito jeitosa, que foi naquele tempo da adolescência, em que eu meia betlóide tinha acabado de ser explusa de um colégio interno e fui estudar para um liceu numa cidade deste país onde as boleias são uma coisa normal, porque existem muitas colinas. Eu alinhei, mas não sabia que a boleia alí era uma instituição estatal com regras, então limitei-me a esticar o polegar à beira da estrada...vem ter um tipo comigo que me diz o seguinte " Ou vais para o fim da fila, ou levas uma biquêradã ca té baldêas a estrada!"...
Muito bom! Palo e Lótus, gostei, gostei dos vocês exemplos!
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