sábado, abril 30, 2011

Hasta la Vitória!

Vermelho e branco, as cores do meu coração.
Não há granizo nem tornado que pare a Vitória do Benfica!!!

sexta-feira, abril 29, 2011

Guernica

Há alguns anos tive a felicidade de ver o "Guernica" original, no museu Rainha Sofia em Madrid. O museu tem uma sala inteira reservada para este quadro impressionante, que ocupa toda uma parede com os seus 3,5 m de altura e 7,8 m de largura. Esta obra de Pablo Picasso regista o sofrimento do povo de Guernica, cidade basca bombardeada pela Legião Condor durante a Guerra Civil Espanhola, a 26 de Abril de 1937. A pintura serviu de baluarte para atrair a atenção do mundo para o drama e violência desta guerra, e tornou-se com o tempo uma memória perpétua das tragédias das guerras e um símbolo contra a guerra e a favor da paz.

quarta-feira, abril 27, 2011

Natureza fantástica

Descoberto escaravelho do Alasca que sobrevive a temperaturas de 75 graus Celsius negativos

A resistência ao frio é uma característica de um conjunto de insectos, peixes plantas, fungos e bactérias. Alguns organismos conseguem evitar a congelação porque possuem moléculas anticongelantes, constituídas por proteínas. No entanto, paradoxalmente, cientistas canadianos conseguiram recentemente isolar uma substância anticongelante de uma espécie de insecto tolerante à congelação, como referido num artigo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

O Upis ceramboides é um coleóptero que ocorre no Alasca e que produz uma molécula anticongelante com características particulares. Com efeito, o xylomannan não apresenta a usual composição proteica, sendo constituído exclusivamente, ou quase, por açúcares e ácidos gordos.

Segundo Brian Barnes, que participou no projecto que originou o achado “A parte mais emocionante desta descoberta é que esta molécula é um tipo de anticongelante completamente novo, que pode funcionar num local diferente da célula e de forma distinta”.

Com efeito, os ácidos gordos que fazem parte da composição do xylomannan coincidem com aqueles produzidos pela parede das células, o que poderá permitir a molécula se torne parte integrante da célula impedindo a formação de cristais de gelo no seu interior.

Graças a este inovador anticongelante, o Upis ceramboides que congela no laboratório quando a temperatura desce aos -28º Celsius, sobrevive até -75ºC.

De acordo com Ken Walters que também participou no projecto que deu a conhecer o xylomannan “As potenciais aplicações deste novo tipo de molécula anticongelante são muitas. Em termos de criopreservação, podemos aumentar a viabilidade e potenciar a sobrevivência de células e tecidos de outros organismos em condições de congelação”.


Notícia proveniente do site Naturlink.

terça-feira, abril 26, 2011

Nas palavras de Fausto Bordalo Dias...

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Rosalinda
se tu fores à praia
se tu fores ver o mar
cuidado não te descaia
o teu pé de catraia
em óleo sujo à beira-mar

a branca areia de ontem
está cheiinha de alcatrão
as dunas de vento batidas
são de plástico e carvão
e cheiram mal como avenidas
vieram para aqui fugidas
a lama a putrefacção
as aves já voam feridas
e outras caem ao chão

Mas na verdade Rosalinda
nas fábricas que ali vês
o operário respira ainda
envenenado a desmaiar
o que mais há desta aridez
pois os que mandam no mundo
só vivem querendo ganhar
mesmo matando aquele
que morrendo vive a trabalhar
tem cuidado...

Rosalinda
se tu fores à praia
se tu fores ver o mar
cuidado não te descaia
o teu pé de catraia
em óleo sujo à beira-mar

Em Ferrel lá p´ra Peniche
vão fazer uma central
que para alguns é nuclear
mas para muitos é mortal
os peixes hão-de vir à mão
um doente outro sem vida
não tem vida o pescador
morre o sável e o salmão
isto é civilização
assim falou um senhor
tem cuidado

Rosalinda
se tu fores à praia
se tu fores ver o mar
cuidado não te descaia
o teu pé de catraia
em óleo sujo à beira-mar

segunda-feira, abril 25, 2011

A Liberdade


A Liberdade é como uma viagem, começa sempre com um simples passo. Celebremos hoje o aniversário do dia em que Portugal deu esse passo!
Infelizmente, o país tem vindo a desviar-se desse caminho nas últimas décadas. Algures pelo caminho perdemo-nos em atalhos de desigualdade e injustiça social. Precisamos de voltar a percorrer os trilhos da Justiça e da Igualdade, parte essencial da viagem da Liberdade. Acho que o país, e o povo português, precisam de um novo passo. De voltar a dar um primeiro passo, semelhante ao que demos em 74, para voltar a colocar o País no caminho certo. Para voltarmos a caminhar a viagem da Liberdade.

(na fotografia eu, a minha amiga Catarina, e uma colega alemã dela, a dar-mos os primeiros passos de uma valente caminhada pelos Alpes alemães. Não pretendia ser metafórica, mas agora que penso nisso, alguns dos maiores obstáculos que se nos apresentam no caminho são algumas escarpas alemãs difíceis de transpor!)

domingo, abril 24, 2011

Piscares de Olho - XXXIV

Por vezes, a Natureza surpreende-nos. Mesmo os pecados na nossa sociedade consumista e destrutiva podem ganhar laivos artisticos quando integrados no espaço natural. Para o piscar de olho desta semana, tenho umas madeiras dadas à costa, a que alguns restos de artes de pesca deram um colorido invulgar. Penso que em português não existe um nome especifico para estas madeiras devolvidas pelo oceano, em inglês existe uma palavra, driftwood, uma palavra que me parece ser naturalmente envolvida de mistério e beleza. Este dritfwood colorido foi apanhado pela câmara numa praia no norte da Polónia, perto de Jastrzebia Góra, em Outubro de 2008.

sexta-feira, abril 22, 2011

quinta-feira, abril 21, 2011

quarta-feira, abril 20, 2011

Previsão do tempo

Para os próximos tempos esperam-se ventos de austeridade de norte e de oeste, com fortes possibilidades de trovoadas de desemprego, enxurradas de miséria e subida dos impostos. O avanço de frentes frias ultra-liberais pode levar à queda de despedimentos baratos acima dos 0 m de altitude e ao encher dos bolsos dos grandes grupos económicos, com repercussões no clima dos bancos alemães e americanos que se espera agradável e cheio de dinheiro fácil retirado aos trabalhadores do sul da Europa.
A persistência destas condições climatéricas ao longo dos próximos 5 a 10 anos pode trazer ventos de mudança e forte aumento da temperatura revolucionária na bacia do Mediterrâneo, agora também na sua margem norte, sendo esta a única coisa positiva que pode advir da tempestade perfeita que se aproxima de norte e de oeste.

segunda-feira, abril 18, 2011

Ideias feitas e a questão da energia

"Um recente artigo de opinião, assinado pelo professor e físico Carlos Fiolhais, fez-me pensar que as opiniões expressas estão baseadas em ideias feitas mas infelizmente erradas. Afinal, são partilhadas hoje por muita gente, uns explorando-as porque lhes convém, outros porque, na busca de uma solução e não sabendo melhor, querem ver nelas a resposta que procuram:
1) Ideia feita: "O nuclear é uma fonte de energia inesgotável" (anos 60); o nuclear comercial está baseado em Urânio 235 e este é muito pouco abundante na Natureza, tendo provavelmente sido já consumidas metade das reservas conhecidas; isto é, temos para mais umas escassas dezenas de anos. Assim, esta solução nuclear não é sustentável e vai ser cada vez mais cara com a passagem do tempo. Em alternativa pode recorrer-se ao urânio 238 (150 vezes mais abundante) ou ao Tório (Th232). mas estes exigem outro tipo de centrais, que ainda não existem em termos comerciais, inerentemente mais perigosas e produtoras de lixo radioactivo. Mais I,D&I durante 20 ou 30 anos?
2) Ideia feita: "O nuclear é a forma de energia mais barata" - "too cheap to meter! (anos 60); ao invés, para a revista Time de 26 de Março o nuclear é "...outlandishly expensive method of generating (electricity)!"; por isso não existe nenhum reator em funcionamento que não tenha sido substancialmente subsidiado. Apesar disso e com muitos anos de amortização do financiamento, o custo do kWh nuclear em Espanha (6,4 cent. euro/kWh) é comparável ou mesmo superior ao mix das termoeléctricas a gás e carvão. E este custo não inclui: custo de desmantelamento, custo do tratamento e armazenamento dos lixos, e, claro, o custo dos terríveis acidentes que têm acontecido pelo menos 1 a cada 10 anos, nos últimos 30 anos. Também não inclui os custos extras que, depois de Fukushima, os reactores terão que ter para aumentar a sua segurança. A energia nuclear tem o enorme problema de ser operada/gerida por pessoas, nas quais se manifestam os habituais defeitos de corrupção, ineficiência, desleixo, mas que aqui têm consequências para lá do que é habitual associar-lhes. A gravidade do acidente não se deveu só ao terramoto/maremoto, mas a que muitos equipamentos essenciais tinham problemas (fissuras, por exemplo) que foram ignorados (a central tinha acabado de ser aprovada para mais de dez anos da produção).
3) Ideia feita: "A energia nuclear é limpa"; não é verdade, nem no sentido das emissões de CO2, já que é necessário construir e desmantelar a central, tratar, transportar e armazenar lixos, havendo produção de CO2 associada; mas, sobretudo, gera um novo tipo de lixo, radioactivo, altamente perigoso e "sujo".
4) Ideia feita: "As energias renováveis são caras"; ao invés, basta considerar um edifício com uma tecnologia solar passiva incorporada, ou uma lareira lá em casa; mas falando apenas de electricidade, também não é verdade: a hídrica produz o kWh mais barato em Portugal; no último leilão da eólica chegou-se ao valor de 7 cent. de euro, valor que, descontando as alcavalas que as Energias Renováveis pagam, é um valor competitivo com as centrais térmicas em Portugal, com a enorme vantagem de fixar a tarifa a 15 anos, enquanto o kWh das térmicas vai subir com a subida do preço dos combustíveis. Nenhuma outra fonte convencional, incluindo o nuclear, apresenta esta característica! Em termos de investimento, o custo do nuclear por Wpico é pelo menos três a quatro vezes superior ao da eólica ou hídrica. Ainda há algumas renováveis - por exemplo, a conversão fotovoltaíca - que são caras, mas o seu preço está a baixar de forma rápida e, mais uns escassos anos, se tivermos a inteligência de continuar a investir nelas para criar o mercado que gera quantidade e redução de preço, serão também baratas e criarão uma verdadeira revolução no sector.
5) Ideia feita: "As renováveis não nos garantem segurança de abastecimento e/ou despachabilidade"; outra ideia errada: falando apenas de electricidade, basta considerar a hídrica e a eólica (e outras no futuro) combinadas, considerando o armazenamento de energia com bombeamento reversível, para se ter completa a "dependabilidade" e "despachabilidade". Em caso de um grande acidente (tipo terramoto/maremoto), os equipamentos renováveis estão distríbuidos e introduzem resiliência no sistema, coisa que a grande centralização convencional como a da central de Fukushima não oferece no mesmo grau.
6) Ideia feita: "As Energias Renováveis não podem ter uma contribuição signiicativa"; falso, falando apenas de electricidade, em 2009 a contribuição das Energias Renováveis foi > 45% e em 2010 > 50%, será possível atingir os 70% em 2020, se prosseguirmos a política energética em curso. uma central nuclear em Portugal contribuiria < 15% para a electricidade (4% em termos de energia final). Afinal, as Energias Renováveis já são uma alternativa real ao convencional e ao nuclear, e, portanto, "o nuclear não é inevitável"!

Manuel Collares-Pereira, titular da cátedra BES de Energias Renováveis da Universidade de Évora
In "Publico" (18-04-2011)

domingo, abril 17, 2011

Piscares de Olho - XXXIII

Para este piscar de olho, uma visita à Big Apple. Tirei esta fotografia numas férias nos Estados Unidos, em 2007, em que tive a oportunidade de visitar Nova Iorque. A cidade é fantástica, mas já sobejamente conhecida de todos por servir de cenário a intermináveis séries, filmes, anúncios publicitários, documentários e peças jornalísticas. Assim, para absorver melhor a cor local, temos de procurar pormenores. Neste caso, o colorido de um placard de anúncios em Greenwich Villlage, junto a uma entrada do metro. A cor dos metais pintados, o anúncio vermelho berrante a uma loja de cigarros, e um anúncio a um filme típicamente americano, o mais recente filme da série Die Hard, com o inquebrável Bruce Willis, formam, na minha opinião, um belo resumo da cidade que tantos vêm como a capital do mundo.

sexta-feira, abril 15, 2011

A fábula da ratolândia

Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência...


Trata-se de uma fábula divulgada por Tommy Douglas, proeminente activista e político canadiano, eleito em 2004 como "O maior canadiano de todos os tempos". É reconhecido como sendo o pai do sistema de saúde pública canadiano e do acesso universal à saúde.

quinta-feira, abril 14, 2011

Valentões em lantejolas?

Alguém sobre o pseudónimo de Zéquinha pôs o comentário que aqui vou reproduzir no site do Público, no seguimento de uma notícia sobre touradas:

"A rapaziada das lides, valentões vestidos de lantejolas, deviam era pegar no animal no momento em que ele sai para a arena. Ai é que eles demonstravam a sua bravura, o seu verdadeiro machismo. Agora, essa de pegar o bicho depois de ele estar quase morto, não passa de uma cobardia. E já agora, que mal lhes fez o bicho, para não o deixarem em paz?"

Não resisti a partilhar aqui a bela frase. Gosto especialmente da parte dos "valentões vestidos de lantejolas", pois de todo o triste e absurdo não-espectáculo em que consiste uma tourada, o mais absurdo de tudo deve ser o facto dos forcados e toureiros, supostos arautos da mais pura masculinidade na sua pseudo-coragem em enfrentar um touro ensanguentado em superioridade numérica e armados de cavalos, espadas e espetos, usarem provavelmente as roupas mais gay que já terão sido criadas em toda a história da humanidade. Será uma homosexualidade reprimida e escondida nessa falsa exibição de masculinidade, apenas revelada na indumentária e na obcessão pelas pegas de cernelha, ou o simples perpétuar do mau gosto tão típico de festas tristes como aquela que chamam de brava?

quarta-feira, abril 13, 2011

Ninhos para abutre-preto

Gostaria de avisar os possíveis abutres interessados que já estão disponíveis para eles 10 belos ninhos artificiais como o representado na fotografia, em zonas de habitat favorável a norte de Barrancos. Estes foram os primeiros 10, de 30 ninhos que esperamos vir a construír no âmbito do projecto LIFE Habitat Lince Abutre, esperando com esta e outras medidas vir a facilitar a recolonização do SE de portugal por esta espécie emblemática dos habitats mediterrânicos da Península Ibérica. Os ninhos são feitos de ferro, compostos por 3 barras de ferro telescópicas em cima das quais é aparafusado um cesto metálico que é preenchido com material lenhoso e arbustivo, de forma a ficar com o aspecto de um ninho natural de abutre-preto. Esta estrutura permite que o peso do ninho não seja suportado pela árvore, o que frequentemente leva à perda de ninhos devido à escassez de árvores com o porte necessário para receber estes ninhos que podem ultrapassar os 100 kg de peso.

domingo, abril 10, 2011

Piscares de Olho - XXXII

Ainda há algumas semanas atrás partilhei aqui uma fotografia tirada em Roterdão, na zona de Delfshaven, um antigo porto comercial dos tempos dourados do império marítimo holandês. Hoje tenho aqui uma fotografia do porto própriamente dito. Em vez de caravelas e galeões carregados de especiarias, café e açucar, hoje a zona está ocupada por iates e barcos-casa, e nos dias de Sol, como era o caso neste dia, dá uma bela paisagem urbana. O céu na Holanda, nos dias em que o Sol espreita, tende a ser muito fotogénico, com a mistura certa de nuvens brancas e céu azul. Só é pena esses dias serem tão raros...

segunda-feira, abril 04, 2011

Palavras sábias

"Na minha próxima vida, quero viver de trás para frente.
Começar morto, para despachar logo o assunto.
Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa.
Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a reforma e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.
Trabalhar 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo.
E depois, estar pronto para o secundário e para o primário, antes de me tornar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí torno-me um bébé inocente até nascer.
Por fim, passo nove meses flutuando num "spa" de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto à disposição e com um espaço maior por cada dia que passa, e depois - "Voilà!" - desapareço num orgasmo."

Woody Allen

domingo, abril 03, 2011

Piscares de Olho - XXXI

Para o piscar de olho de hoje, a melhor fotografia que tirei a um maçarico-de-bico-direito, ou Limosa limosa, a ave que estudei durante o meu doutoramento, e à qual, no fundo, dediquei 4 anos da minha vida. Estas aves magníficas fazem longas migrações, escolhendo como área de reprodução as pastagens agrícolas do norte e leste da Europa, e passando o Inverno na África ocidental. De passagem entre estas duas regiões, estas aves passam em grandes números no nosso país, sendo possível observar bandos de dezenas milhares destas aves nos arrozais que rodeiam os estuários do Tejo e do Sado. Podem encontrar mais informações aqui, ou aqui. A fotografia foi tirada na minha área de estudo na Holanda, uma pequena área protegida chamada Workumerwaard, localisada na província da Frísia, no norte da Holanda, sendo a ave fotografada um macho adulto.

sábado, abril 02, 2011

Fool me once...

Nos Estados Unidos existe um ditado, famosamente mal enunciado pelo ex-presidente George W. Bush, que diz "fool me once, shame on you, fool me twice, shame on me". Em português significa qualquer coisa como, se me enganares uma vez, é maldade tua, se me enganares uma segunda vez, é estupidez minha.
Infelizmente, a Europa parece desconhecer este ditado e prepara-se para ser enganada pela terceira vez pelas agencias de notação financeira e pela expeculação desenfreada dos investidores económicos. Digo isto porque à um ano atrás a Grécia estava com um défice financeiro dramático e a ser forçada a taxas de juro incorpotáveis para se financiar no exterior, o que levou a uma queda a pique do seu "rating". A solução foi medidas de austeridade draconianas e ajuda externa da UE e do FMI. Resultado? O "rating" da Grécia continua a descer, as taxas de juro subiram de 9% para 16% e a situação económica do país continua idêntica, agora agravada por uma crise social intensa e pela quase paralisia da economia devida às medidas de austeridade.
Cerca de 6 meses depois, a situação repetiu-se na Irlanda. Novamente, a solução foi a austeridade e a ajuda externa. O resultado? Desde aí as taxas de juro sobre a dívida irlandesa subiram de 7% para mais de 10%, a economia está estagnada e a situação está em tudo pior que antes da ajuda externa.
A Europa aprendeu alguma coisa? Não, está a seguir exactamente a mesma receita em Portugal, sendo o recurso ao FMI agora apresentado como inevitável. Depois de dois erros crassos, em vez de se retractar, a Europa vai continuar com o seu dogmatismo ultra-liberal (conceito que seria por definição contraditório, mas que é a realidade em que vivemos) e condenar Portugal ao mesmo tratamento, pior que a doença, a que condenou Grécia e Irlanda.

É ocasião para dizer que a União Europeia quer inventar um corolário ao tal ditado americano, demonstrando não só uma total falta de solidariedade entre os estados, mas também uma profunda estupidez:

Fool me once, shame on you,
Fool me twice, shame on me
Fool me thrice, shame on all

sexta-feira, abril 01, 2011

Bom português

"Gosto de palavrões" por Miguel Esteves Cardoso

Acrescentar alguma coisa era foder o texto todo...

"Já me estão a cansar... parem lá com a mania de que digo muitos palavrões, caralho! Gosto de palavrões! Como gosto de palavras em geral. Acho-os indispensáveis a quem tenha necessidade de dialogar... mas dialogar com carácter! O que se não deve é aplicar um bom palavrão fora do contexto, quando bem aplicado é como uma narrativa aberta, eu pessoalmente encaro-os na perspectiva literária! Quando se usam palavrões sem ser com o sentido concreto que têm, é como se estivéssemos a desinfectá-los, a torná-los decentes, a recuperá-los para o convívio familiar. Quando um palavrão é usado literalmente, é repugnante. Dizer "Tenho uma verruga no caralho" é inadmissível. No entanto, dizer que a nova decoração adoptada para a CBR 900' 2000 não lembra ao "caralho", não mete nojo a ninguém. Cada vez que um palavrão é utilizado fora do seu contexto concreto e significado, é como se fosse reabilitado. Dar nova vida aos palavrões, libertando-os dos constrangimentos estritamente sexuais ou orgânicos que os sufocam, é simplesmente um exercício de libertação.
Quando uma esferográfica não escreve num exame de Estruturas "ah a grande puta... não escreve!", desagrava-se a mulher que se prostitui. Em Portugal é muito raro usarem-se os palavrões literalmente. É saudável. Entre amigos, a exortação "Não sejas conas", significa que o parceiro pode não jogar um caralho de GT2. Nada tem a ver com o calão utilizado para "vulva", palavra horrenda, que se evita a todo o custo nas conversas diárias.
Pessoalmente, gosto da expressão "É fodido..." dito com satisfação até parece que liberta a alma! Do mesmo modo, quando dizemos "Foda-se!", é raro que a entidade que nos provocou a imprecação seja passível de ser sexualmente assaltada. Por ex.: quando o Mário Transalpino "descia" os 8 andares para ir á garagem buscar a moto e verificava que se tinha esquecido de trazer as chaves... "Foda-se"!! não existe nada no vocabulário que dê tanta paz ao espírito como um tranquilo "Foda-se...!!". O léxico tem destas coisas, é erudito mas não liberta. Os palavrões supostamente menos pesados como "chiça" e "porra", escandalizam-me. São violentos. Enquanto um pai, ao não conseguir montar um avião da Lego para o filho, pode suspirar após três quartos de hora, "ai o caralho...", sem que daí venha grande mal à família, um chiça", sibilino e cheio, pode instalar o terror. Quando o mesmo pai, recém-chegado do Kit-Market ou do Aki, perde uma peça para a armação do estendal de roupa e se põe, de rabo para o ar, a perguntar "onde é que se meteu a puta da porca...?", está a dignificar tanto as putas como as porcas, como as que acumulam as duas qualidades.
Se há palavras realmente repugnantes, são as decentes como "vagina", "prepúcio", "glande", "vulva" e "escroto". São palavrões precisamente porque são demasiadamente ínequívocos... para dizer que uma localidade fica fora de mão, não se pode dizer que "fica na vagina da mãe" ou "no ânus de Judas". Todas as palavras eruditas soam mais porcas que as populares e dão menos jeito! Quem é que se atreve a propor expressões latinas como "fellatio" e "cunnilingus"? Tira a vontade a qualquer um! Da mesma maneira, "masturbação" é pesado e maçudo, prestando-se pouco ao diálogo, enquanto o equivalente popular "esgalhar o pessegueiro", com a ressonância inocente que tem, de um treta que se faz com o punho, é agradavelmente infantil. Os palavrões são palavras multifacetadas, muito mais prestáveis e jeitosas do que parecem. É preciso é imaginação na entoação que se lhes dá. Eu faço o que posso."

E a versão adaptada pelo Miguel Guilherme: