Diz que hoje e quinta-feira, dia de espalhar alguma cultura por este mundo. Para hoje, Garrett...
As Minhas Asas
Eu tinha umas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Que, em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.
– Eram brancas, brancas, brancas,
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas,
Por isso voava ao céu.
Veio a cobiça da terra.
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
– Veio a ambição, co'as grandezas,
Vinham para mas cortar
Davam-me poder e glória
Por nenhum preço as quis dar.
Porque as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da terra
Batia-as, voava ao céu.
Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas,
E já suspenso da terra,
Ia voar para elas,
– Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi entre a névoa da terra,
Outra luz mais bela que elas.
E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Para a terra me pesavam,
Já não se erguiam ao céu.
Cegou-me essa luz funesta
De enfeitiçados amores...
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!
– Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores.
E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu
Pena a pena me caíram...
Nunca mais voei ao céu.
Almeida Garrett
Mais um blog despretensioso que pretende deixar mais algumas ideias à solta na net. Nunca se sabe quem as irá apanhar...
quinta-feira, abril 26, 2007
quinta-feira, abril 19, 2007
Monday, Bloody Monday
Corria o ano de 1983 quando os U2 cantavam "Sunday, Bloody Sunday" para criticar uma guerra sem fim e sem sentido que rasgava a sangue e lágrimas uma Irlanda partida ao meio por eternos ódios religiosos seculares. Quando vai o todo poderoso governo americano perceber que a sua posição em relação ao porte de armas leva o seu país a arrastar-se numa absurda guerra interna. Quanto mais sangue de inocentes terá de ser espalhado pelas escolas, escritórios e hospitais americanos até que os governantes deixem de dar ouvidos ao poderoso lobby da NRA e tornem o óbvio uma realidade no "país mais poderoso do mundo": As armas não são brinquedos que toda a gente pode ter em casa.
terça-feira, abril 17, 2007
Deus?
Imaginem que têm uma premonição de que algo de horrível vai acontecer. Na forma de um sonho por exemplo. Imaginem que acordam e passam o dia inteiro a tentar mandar o mal-estar que vos consome o estômago para trás das costas. Imaginem que depois de finalmente se terem conseguído acalmar, descobrem que a vossa premonição estava certa.
Posso dizer que não tem graça absolutamente nenhuma.
Será que afinal Deus existe, mas é simplesmente uma criança maquiavélica que nos usa para alimentar o seu perverso sentido de humor?
Posso dizer que não tem graça absolutamente nenhuma.
Será que afinal Deus existe, mas é simplesmente uma criança maquiavélica que nos usa para alimentar o seu perverso sentido de humor?
sexta-feira, abril 13, 2007
Alegoria do herói
Muito sinceramente, acho que nunca serei um muito bom biólogo. Sou demasiado disperso. Passo horas e horas no campo e acabo por me distrair sempre a pensar sobre assuntos tão distantes do que estou de facto a fazer que as vezes me parece que talvez a minha verdadeira vocação fosse a filosofia. Ou talvez não...
Surgiu-me no outro dia uma alegoria que me parece inquietante e de resolução dificil. Coloque-mos dois homens, dois homens banais numa mesma situação. Ambos são judeus, vivem em Varsóvia em 1939, ambos estão agarrados por dois soldados das SS e à sua frente têm o seu filho (ou a mulher, ou o irmão, ou outro alguém que amam verdadeiramente) e um tenente alemão com uma arma apontada à cabeça desse ente querido. Na sua cabeça guardam um segredo que, mantido como tal, poderá salvar a vida de milhares de outros judeus, a escolha, só uma: ou revelam o segredo ou a pessoa amada será morta ali mesmo, a sangue frio.
O primeiro, guardou o segredo, assistiu à morte de uma pessoa que amava e teve de viver o resto da vida com a imagem dessa cena na cabeça e com a certeza que essa pessoa morreu por sua culpa. Contudo, a sua coragem e sacrifício salvaram milhares de vidas.
O segundo, revelou o segredo. Os alemães cumpriram a palavra e ele e outra pessoa sobreviveram e viveram muitos anos felizes, mas teve de viver para sempre com a certeza de que milhares morreram devido à sua indiscrição.
Agora a minha pergunta, qual dos dois é um herói?
Surgiu-me no outro dia uma alegoria que me parece inquietante e de resolução dificil. Coloque-mos dois homens, dois homens banais numa mesma situação. Ambos são judeus, vivem em Varsóvia em 1939, ambos estão agarrados por dois soldados das SS e à sua frente têm o seu filho (ou a mulher, ou o irmão, ou outro alguém que amam verdadeiramente) e um tenente alemão com uma arma apontada à cabeça desse ente querido. Na sua cabeça guardam um segredo que, mantido como tal, poderá salvar a vida de milhares de outros judeus, a escolha, só uma: ou revelam o segredo ou a pessoa amada será morta ali mesmo, a sangue frio.
O primeiro, guardou o segredo, assistiu à morte de uma pessoa que amava e teve de viver o resto da vida com a imagem dessa cena na cabeça e com a certeza que essa pessoa morreu por sua culpa. Contudo, a sua coragem e sacrifício salvaram milhares de vidas.
O segundo, revelou o segredo. Os alemães cumpriram a palavra e ele e outra pessoa sobreviveram e viveram muitos anos felizes, mas teve de viver para sempre com a certeza de que milhares morreram devido à sua indiscrição.
Agora a minha pergunta, qual dos dois é um herói?
sexta-feira, abril 06, 2007
Poesia absurda
White neck
Lots of white
Almost would call it
A satellite
Um momento de poesia absurda resultante de uma observação. Esta foi a minha descrição de um pássaro no campo. Uma colega virasse para mim e diz, "hei Pedro you are a poet, your description rhymes and has perfect metric". E tem mesmo... Ainda dizem que ciência não é arte
Lots of white
Almost would call it
A satellite
Um momento de poesia absurda resultante de uma observação. Esta foi a minha descrição de um pássaro no campo. Uma colega virasse para mim e diz, "hei Pedro you are a poet, your description rhymes and has perfect metric". E tem mesmo... Ainda dizem que ciência não é arte
Um cheirinho do meu trabalho
segunda-feira, abril 02, 2007
Tugazices
Ontem rumei a Amsterdam para ver o Benfica-Porto no mítico "Lusitano" o tasco onde os portugueses do burgo se juntam para os eventos culturais lusos. Foi bonito no centro de Amserdam ver um bando de gente a gritar pelo Benfica e pelo Porto, a chamar nomes bonitos ao árbitro e a discutir as habituais questões inatáceis do futebol, era cartão ou não? Estava fora de jogo ou não? Eu depois de ter sugerido que o Bruno Morais do Porto era um carniceiro que merecia ter sdo expulso nos primeiros 5 minutos recebi um olhar de tal forma amistoso de um gajo com ar de manfio e camisola com o dístico "Super Dragões", achei por bem manter um low profile, ainda assim não resisti a dizer, já perto do final, que o Porto havia de perder com um golo do Mantorras no último minuto. Quando isso quase aconteceu mesmo no jogo apercebi-me que possivelmente os ditos elementos dos Super Dragões ali presentes me teriam possivelmente lançado para um mergulho nocturno num dos canais da bela Amsterdam, com uns sapatinhos de cimento calçados... Ah saudadinhas de Portugal
Foi pena o Benfica não ter ganho, depois do monumental banho de bola que deu ao Porto, mas ao menos sobrevivi à minha noite no "Lusitano"
Foi pena o Benfica não ter ganho, depois do monumental banho de bola que deu ao Porto, mas ao menos sobrevivi à minha noite no "Lusitano"
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