Mais um blog despretensioso que pretende deixar mais algumas ideias à solta na net. Nunca se sabe quem as irá apanhar...
sexta-feira, dezembro 30, 2005
Sem título
Venha daí 2006 com mais corrupção, com mais escândalos, com mais injustiça, com mais desgraças que é disso que o povão gosta! Basta ver que o telejornal mais visto é o TVI...
Em nome do ano novo, que é jovem e ainda não sabe ao que vem, vou amenizar o tom, só para lembrar que o dia 1 de Janeiro, tal como todos os outros, é "o primeiro dia do resto da tua vida".
Boas entradas e melhores saídas, porque este inevitável insatisfeito só volta à blogosfera em 2006. Até para o ano!
The End
Não quero com isto denegrir a música, que até é das minhas favoritas, e sempre ajuda a melhorar o pior post da história deste blog. No comments please!
quinta-feira, dezembro 29, 2005
Quintas-feiras culturais XVI
Esperança
Esperança:
isto de sonhar bom para diante
eu fi-lo perfeitamente,
Para diante de tudo foi bom
bom de verdade
bem feito de sonho
podia segui-lo como realidade
Esperança:
isto de sonhar bom para diante
eu sei-o de cor.
Até reparo que tenho só esperança
nada mais do que esperança
pura esperança
esperança verdadeira
que engana
e promete
e só promete.
Esperança:
pobre mãe louca
que quer pôr o filho morto de pé?
Esperança
único que eu tenho
não me deixes sem nada
promete
engana
engano que seja
engana
não me deixes sozinho
esperança.
Almada Negreiros
quarta-feira, dezembro 28, 2005
The Simpsons
Que coisa curiosa são as fotografias
Que curiosa coisas são as fotografias. Agora, na era digital, o contacto com as fotos já não é tão íntimo, à sempre a distância necessária dos “objectos” que estão do lado de lá do ecrã. O pior defeito da fotografia digital é que acabamos por olhar menos para as fotografias, um slide show para as ver, outro para mostrar aos amigos e acabamos por ficar por aqui.
Ontem à noite estava sozinho em casa, supostamente a trabalhar. Distraidamente, abri a pasta das minhas fotografias, no computador. Comecei a ver o manancial de momentos irrepetíveis e, alguns, inesquecíveis que por lá andam. Amigos que já não vejo há muito tempo, outros que vejo todos os dias mas já não me lembrava de ter visto naquelas situações, fotos de pessoas que na altura ainda não eram amigas, até fotos de pessoas muito especiais de quem não me lembrava ter fotografias.Fiquei perdido em devaneios revivalistas durante muito tempo, quanto não sei, só sei que quando parei já eram bem horas de me ir deitar! Tanto revivalismo, devo estar a ficar velho, os velhos é que vivem o presente a relembrar o passado. Se calhar são as fotografias que nos fazem velhos. E se calhar ser velho não é assim tão mau. Lá chegarei um dia, por agora ainda tenho muitos momentos para fotografar. Que coisa curiosa são as fotografias.
terça-feira, dezembro 27, 2005
Letargia Invernal
Começou o Inverno. Oficialmente os dias já começaram a crescer. Começaram a crescer, mas o corpo ainda não os nota maiores. A letargia adensa-se e a vontade de nada fazer vai pesando sobre tudo o que faço. Acho que é a forma de o meu corpo me dizer: "Vai mas é hibernar! Voltamos a falar na Primavera." Hoje invejo os ursos.
Se fico assim aqui, no nosso país ensolarado, o que seria de mim num Inverno escandinavo? Numa noite de meses, entrecortada por períodos de cinzento em que o Sol parece tão distante como se estivesse numa galáxia longínqua. Ao menos aqui vemos o Sol, mas ainda assim estes dias curtos não me satisfazem. Deixam-me vago e vazio, incapaz de me concentrar. Hoje sou um farrapo de mim.
Só me apeteçe enrroscar-me debaixo dos cobertores e abandonar-me a um dolce fare niente por dois ou três meses. Era bom, mas não pode ser. Tenho de trabalhar...
Pollock
Porque o Pollock era o típico génio louco e, segundo o filme, ia alternando os períodos em que o génio vencia, com outros em que era o louco o dominante. Vivia naquele mundo cinzento, a que eu gosto de chamar a angústia do criativo, numa infinita luta interna entre a vontade de criar e a certeza de que a suas criações nunca vão corresponder às suas expectativas. Na verdade acho que é isso que leva os génios à loucura. São geniais, no entanto, a sua genialidade torna-os infinitamente autocríticos, nada do que produzem consegue atingir os píncaros de perfeição que exigem a si mesmos, pois a realidade nunca consegue corresponder aos devaneios de uma mente brilhante.
No filme, e tenho a certeza que na realidade também era assim, Pollock chegava a passar semanas, a olhar para uma tela vazia, perdido em dúvidas sobre a sua qualidade como pintor, para depois, em pouco tempo, produzir uma obra genial num dos tais momentos em que o génio vencia o louco.
Quantos aos quadros, os tais das respingas não gosto muito, alguns são interessantes, mas não fazem muito o meu estilo, mas antes dessa fase ele pintava coisas abstractas menos estranhas e nesse período pintou quadros realmente geniais.
Moby Dick por Jackson Pollock
segunda-feira, dezembro 26, 2005
Estamos chumbados
sexta-feira, dezembro 23, 2005
Feliz Natal!
quinta-feira, dezembro 22, 2005
Quintas-feiras Culturais XV
Uma criança perguntou O que é a erva? estendendo-me
as mãos cheias dela;
Como poderia eu responder-lhe? Não sei mais que ela.
Talvez seja a bandeira do meu sentir, tecida com os verdes
fios da esperança.
Ou talvez seja o lenço do Senhor,
Uma prenda perfumada, uma lembrança intencionalmente
perdida com um nome bordado num dos cantos, para que
ao vê-lo possamos perguntar: De quem é?
Suponho que a própria erva seja uma criança, o filho da
vegetação.
Ou talvez seja um hieróglifo uniforme
que significa: Broto de igual forma em campos largos e estreitos,
Cresço entre os negros tal como entre os brancos,
Entre os Kanuck e os Tuckahoe, entre os congressistas e os
negros, dou-lhes o mesmo
E deles recebo o mesmo.
E agora parece-me ser a longa e bela cabeleira dos túmulos.
ternamente te usarei, ondulada erva,
Talvez transpires no peito dos jovens,
Talvez eu os tivesse amado, se os tivesse conhecido,
Talvez sejas dos velhos, ou dos meninos prematuramente arrancados
Ao regaço das mães,
E aqui és o regaço das mães.
Esta erva é muito escura para pertencer à cabeça grisalha das mães,
Mais escura do que a barba sem cor dos anciãos,
Escura demais para brotar do céu-da-boca, vermelho e pálido.
Ah, eu conheço afinal tantas línguas,
E sei que não brotam em vão do céu-da-boca.
Walt Whitman
Desconcertante, não? Bonito mas desconcertante.
terça-feira, dezembro 20, 2005
Mensagem subliminar...
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
NÃO VOTEM NO CAVACO!
A sério pá, o mostrengo não pode voltar para nos azucrinar, esse tipo de coisas só acontecem nos filmes de terror, não na realidade!
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Óh mar salgado
O vento rasgava a superfície espelhada do mar como uma paixão violenta. Por entre as nuvens negras da tempestade, enormes massas de água elevavam-se muitos metros acima do barco, gigantes de água, com dentes de espuma e hálito salgado. O barco, uma pequena escuna de madeiras negras, parecia inevitavelmente perdida enquanto o capitão continuava corajosamente atrás da roda do leme.
Abandonado pela sua tripulação, o velho lobo-do-mar esperava o momento porque tinha ansiado toda a sua vida, destino último de um verdadeiro capitão, o dia em que acompanharia o seu barco na viagem final até ao fundo do oceano. De súbito tudo se desenrolou finalmente, a tempestade esmagou enfim a resistência do navio, com uma velocidade estonteante só comparável à lentidão com que tudo se passou na mente do capitão.
O casco quebrou, o grande mastro, que já fora um imponente carvalho numa floresta nortenha, quebrou pela raiz, sucumbindo ao assalto final das ondas. Finalmente perdido, o capitão, ele que dissera um dia que o mar era a sua única paixão e que sonhava com o dia em que se afogaria no seu leito azul como nunca se havia afogado no leito de nenhuma mulher, ele cujos olhos perscrutantes rivalizavam apenas com as rugas salgadas, profundamente sulcadas pelos ventos do alto, pensou apenas por um segundo: “Depois da tempestade, virá a bonança”.
Morreu nos braços desse mar que tanto amara, olhando ainda a superfície, onde viu um último vislumbre de claridade antes de cair para a abissal escuridão que o devorou.
Sobre o mar a tempestade amainou, as sombrias nuvens apartaram-se, permitindo às estrelas reencontrarem o seu reflexo na superfície do mar cinzento.
Cão como nós
Este é o Sting, o meu cão! Podia dizer que é o cão mais inteligente do mundo, o mais divertido, mais fixe, mais giro ou até mais o mais comilão, ele é tudo isto certamente, mas acima de tudo é o meu cão!
Pode ser só um cão, mas é um verdadeiro companheiro quando quero de companhia, um verdadeiro amigo quando quero um, ou apenas um cão, quando é apenas isso que quero. Grande Sting!
sábado, dezembro 17, 2005
Os gajos dos Audis
Passando agora ao assunto deste post, já repararam que 9 em cada 10 alarvidades cometidas nas ruas de lisboa começam num gajo que conduz um Audi. Quer dizer, há outros suspeitos do costume: BMWs e Mercedes por um lado, e por outro Seats Ibiza e Fiats Punto com aquelas alterações revoltantemente horrorosas a que os pintas gostam de chamar tunning, mas os condutores dos Audis são reis e senhores da barbárie automóvel citadina.
Não são tanto as infrações graves, e, verdade seja dita, não causam muitos acidentes, o meu problema é mais com a atitude dessa gente. Meterem-se à bruta na fila do lado, "não repararem" que só a fila da direita (que está entupida) serve para ir para onde querem ir e por isso ultrapassarem tudo para no final se meterem à má fila, em geral aproveitando o lapso de tempo em que uma velhinha deixa o carro ir abaixo na bicha. Depois à clássica situação das ruas em que duas faixas se reduzem a uma só... claro que muitas pessoas usam a regra simples de passar ora um carro de uma faixa, ora um da outra, os condutores dos Audis não. Como são muito importantes, e tempo deles é mais importante que o dos outros, passam à frente de tudo e todos, mantendo sempre uma cara de indignação enquanto evitam olhar para o condutor a quem roubaram o lugra, como quem diz "prefiro nem me dignar a olhar para a fuça deste inutil que aqui vem num mini a tentar passar à frente do meu Audi".
Depois à o estacionamento. Na quinta-feira ia a descer a rua que vai do Rato para S. Bento. Num certo ponto da rua deparo-me com um lindo espectaculo. Trânsito parado, tudo a buzinar e a gritar, ninguém conseguia passar, ou só passavam com muita dificuldade e alguma diplomacia, porquê? Porque apesar de haver um lugar mesma à porta de uma certa pastelaria, o dono de um Audi topo de gama, que foi a essa pastelaria, tinha estacionado o carro não no lugar, mas no meio da estrada, mesmo ao lado do lugar de estacionamento. E como tinha os quatro piscas postos, não deve ter visto necessidade de vir à rua tirar o carro parqa resolver o caos de trânsito que tinha provocado. Resta dizer que estive ai parado quase dez minutos até conseguir passar o tal Audi (com umas terriveis ganas de sair do carro e de lhe partir aquela merda toda!) e o digno condutor, ou condutora, nem se deu ao trabalho de sair da pastelaria para ver o que se passava cá fora.
Sugestão de prenda de Natal: um lança-misseis para instalar no meu carro! muhahahahaha...
sexta-feira, dezembro 16, 2005
Gosto de A a Z
Gosto de Brincar. Gosto de brincar porque tudo o que há de bom em nós já cá estava quando éramos crianças e brincávamos.
Gosto de Cinema. Gosto de passar duas horas numa sala escura, perdido dentro de uma história que não é a minha.
Gosto de Dormir. Gosto de me aconchegar sob cobertores e lençóis e perder-me num sono cheio de sonhos.
Gosto de Elipses. Gosto de elipses porque são muito mais redondas que os quadrados, mas não se acham perfeitas como os círculos.
Gosto de Florestas. Gosto de passear na floresta e sentir a vida florescer à minha volta.
Gosto de Guloseimas. Gosto porque sou guloso, gosto de bolos, de pudins e de mousses, de tudo o que é doce.
Gosto do Horizonte. Gosto de olhar o horizonte e sonhar com o infinito que está para além dele.
Gosto do Inverno. Gosto de ver os ventos a imporem a sua força, de árvores sem folhas e de ver o mar cinzento elevar-se em ondas de grande altura.
Gosto de Jogar. Jogar futebol ou jogar voleibol, às vezes também basquetebol. Com amigos, à sexta-feira, grandes jogatanas.
Gosto da Lua. Gosto de ver a lua cheia nascer, sobre uma planície alentejana, numa noite cálida de Verão.
Gosto do Mar. Gosto de cheirar o mar, de ver o mar, de sentir o mar. Não sou capaz de viver sem ter o mar por perto.
Gosto de Nadar. No mar ou na piscina, gosto de sentir o meu corpo bem leve, na água, e de sentir o líquido fresco na minha pele.
Gosto de Objectivos. Gosto de ter objectivos, de ter uma ideia, ainda que vaga, do que vou fazer a seguir.
Gosto de Pássaros. Gosto de todos, mas sobretudo das minhas limícolas, com bicos compridos e as patas de molho.
Gosto de Queijo. Queijo da serra, queijo das ilhas, queijo alentejano… Hum, um queijinho, pão e azeitonas são às vezes a melhor parte da refeição.
Gosto de Rádio. Gosto de ouvir rádio, sobretudo quando ando de carro sozinho.
Gosto do Sol. Gosto de acordar com o Sol a brilhar na minha cara.
Gosto de Ti. Sim de Ti. De facto não há nada de que eu goste mais. Talvez devesse um dia dizer-te isto.
Gosto do Universo. Gosto do Universo e dos seus mistérios, estrelas, galáxias, planetas e buracos negros.
Gosto do Verão. Gosto do tempo quente, de ir à praia e mergulhar no oceano.
Gosto de Xisto. Gosto de ver lâminas de xisto bem negro na paisagem. Rochas bem quentes, ao Sol, sobretudo à beira dos rios e ribeiras do Sul.
Gosto do Z, do Z de zebra, do Z de zoologia, do Z que é a última letra do alfabeto mas consegue às vezes ser a primeira.
Toranja
Half Full
“What are you doing honey?” Asked his wife as she saw him filling the fourth glass with vodka. “Delaying death sweetheart, just delaying death” he answered.
“What do you mean?” Replied the woman, staring with an empty gaze at the half-full glasses on the table.
“Just doing what everybody else does… for as long as we live” The man delivered his answer with the cold certainty of an empty mind.
sábado, dezembro 10, 2005
Negros são os corvos da cor do carvão...
Depois de ter lido alguns excertos do famoso poema "The Raven" de Edgar Allan Poe, fiquei com vontade de ler o poema completo. Não foi muito difícil, uma busca simples no google devolveu logo dezenas de páginas com o poema na íntegra. É demasiado longo para reproduzir aqui e hoje não é quinta-feira, mas aconselho vivamente a quem não conhecer esta obra de Edgar Allan Poe a seguir este link para ler o poema. "The Raven", ou "O Corvo", em português, já serviu, por exemplo, de base a um episódio dos Simpsons num dos miticos Halloween Specials, mas não é por isso que mereçe ser lido. Fantástico pelo conteúdo, mas ainda mais interessante pela musicalidade que tão naturalmente surge na língua inglesa, mas que tão difícil é de encontrar na língua de Camões, é mesmo um poema extraordinário!
A corrida de 100 metros
Linha de partida, eu contra várias versões de mim próprio. Largada a corrida pelo tiro de partida arrancava em grande estilo, só para tropeçar nos meus atacadores ao fim de poucos metros, escorregava, caía com grande estrondo, mas conseguia equilibrar-me com alguma espectacularidade, e retomar a corrida antes de perder muito balanço. Concentrava-me na corrida, sentia a adrenalina a fazer o coração bombear fortemente o sangue para os meus musculos, punha todo o meu empenho em cada passada, toda a minha força de vontade canalizada para o objectivo que me obssecava os sentidos. Corria desalmadamente até estar já próximo da meta. Incrivelmente, achava-me em primeiro e o único resultado possivel parecia ser a vitória.
Quando me prepavara já para levantar os braços e receber em jubilo as aclamações do público, um dos meus adversários gritava:" Tás mas é parvo, alguma vez tu vais conseguir isso, tudo na tua imaginação meu caro, se a meta tivesse já ai já tinhas chocado com ela". Desamparado pela surpresa, em vez de atravessar a meta corria para o lado, chocava contra os meus alter-egos aversários, caíamos todos numa amalgama de pernas e braços, a escassos centimetros da meta, sem nunca lá chegar... Nas bancadas o público não sabia se deveria rir ou chorar.
O mais estranho é que só quando começo a achar que vou perder a corrida é que a calma se apodera de mim como um porto de abrigo. Era tão mais fácil se os resultados da corrida saissem no jornal do dia anterior...
sexta-feira, dezembro 09, 2005
Purple Haze
Graças a esse grande milagre dos tempos modernos que é o E-Mule, a colecção de música que acumulo no computador já vai numas interessantes 101h. Isso implica que algumas músicas são raramente ouvidas. Ultimamente ganhei o hábito de ligar o Media Player e deixar o computador correr a biblioteca de músicas aleatoriamente. Às vezes ligo o programa e começa uma música que já não ouvia à bastante tempo. É um pouco como reencontrar um velho amigo!
Ontem cheguei a casa exausto, liguei o computador mais para ouvir música do que para fazer qualquer outra coisa. Eis que o Media Player deita cá para fora o grande Jimy Hendrix a tocar o mítico “Purple Haze”. Grande música! Aquele homem tocava a guitarra como ninguém, sou incapaz de não ficar aqueles quase 3 minutos a apreciar os acordes que ele tira do instrumento.
Viva o E-Mule e a cultura para todos! Viva o Hendrix e a sua guitarra!
Grande Benfica!
quarta-feira, dezembro 07, 2005
Quintas-feiras culturais XIV
Circo de Feras
A vida vai torta
Jamais se endireita
O azar persegue
Esconde-se à espreita
Nunca dei um passo
Que fosse correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo
E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto
Quero-te tanto
De modo que a vida
É um circo de feras
E os entretantos
São as minhas esperas
E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto
Quero-te tanto.
Xutos e Pontapés
Se quiserem apreciar um verdadeiro poema, dêm um salto ao blog do meu amigo queirosene, o Apocalipse Já, onde ele pôs um poema lindíssimo de Miguel Torga que tive bastante vontade de plagiar por aqui...
terça-feira, dezembro 06, 2005
O diabo em pessoa
Meus caros, contra todas as minhas crenças, acabei de ter informação exclusiva de que o diabo existe. Chamasse Condoleezza Rice e anda agora pela Europa a dizer que não faz mal torturar árabes desde que sejam terroristas, se bem que segundo ela os EUA nunca torturaram prisioneiros... Pois, e eu sou o Pai Natal!
Esta tipa é a criatura mais assustadora à face da terra, muito mais que o imbecil do Bush ou que o sacana do Rumsfeld. O mais terrível é que se percebe que ela é extremamente inteligente e que sabe exactamente aquilo que anda a fazer, ou seja é o mal na sua essência mais pura. Estou para aqui quase a dar para o místico... Mas esta gaja é escória humana do nível mais baixo.
Raiva! Tanta bala gasta neste mundo a matar inocentes e ninguém lhe enfia uma por entre os olhos? Que criatura mais peçonhenta!
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Pontos de inflexão
Se tudo correr bem já todos pararam de ler por aqui.
Agora observem o grafico típico de uma parábola, de função x quadrado:
Este é o modelo matemático para o clássico "bater no fundo". A curva desce a pique, acalma um pouco no final, bate no fundo e, ultrapassado o ponto de inflexão, recupera, primeiro lentamente e depois mais depressa, até voltar ao topo. A boa notícia aqui é que tudo o que desce sobe.
Depois à outra hipótese, outra curva que tem algumas semelhanças, mas uma grande diferença. Observem o gráfico da função x ao cubo:
O que aqui acontece é que atingido o "fundo", a curva desacelera, parece até estabilizar no "fundo", só para depois acelerar vertiginosamente na direcção do que está para lá do fundo, algo a que um matemático chamaria tender para menos infinito!
Neste segundo caso não existe um ponto de inflexão, é mais estilo "Highway to Hell" ao som dos riffs roufenhos e agressivos dos AC/DC.
Substituam os pontos dos gráficos pelo nosso estado de espírito em cada dia e depois venham cá dizer se a matemática não se aplica à vida! Ás vezes o que precisamos é de pontos de inflexão, antes que o x ao cubo tome conta de nós...
And the Oscar for the most demented post goes to... ME!
domingo, dezembro 04, 2005
Os Filmes da minha Vida
E assim, em directo do Salão Neuronal, na Avenidade Nervosa entre o hipotálamo e o cortex frontal do cérebro do Pedro, apresentamos em directo, a gala dos "Filmes da minha Vida".
1. O Império do Sol, simplesmente genial, o horror tragico da 2ª guerra mundial visto pelo olhar de uma criança. A cena em que o miúdo canta o hino do Japão é dos melhores momentos da história do cinema.
2. Forest Gump, uma história bonita que no fundo é uma satira bem negra ao ideal do sonho americano. Run Forest, run.
3. Contacto, A maravilha da maior descoberta da história da ciência, inspirada num livro desse grande divulgador de ciência que foi o Carl Sagan. Com uma muito grande Jodie Foster.
4. Os Condenados de Shawshank, A mais brilhante história de prisioneiros alguma vez contada.
5. O Pianista, Um filme com muito poucas palavras, muito poucos diálogos, mas com uma das melhores interpretações da história do cinema do Adrien Brody. Um dos pouquissimos filmes que me fez chorar!
6. American History X, Negro mais negro não há. Uma viagem aos horrores da america moderna.
7. Platoon, O melhor filme de guerra alguma vez feito?
8. Apocalipse Now, Um pesadelo psicadélico em que a guerra é apenas o pano de fundo. E que banda sonora monumental.
9. Senhor dos Anéis, Para mim, os 3 filmes são um só, uma magistral adaptação da mais fabulosa aventura fantástica alguma vez escrita.
10. Alien, um dos melhores filmes de ficção científica de sempre. E haverá algum monstro mais perturbadoramente monstruoso?
11. Monty Python and the Holy Grail, o mais delicioso non-sence dos grandes Monty Python.
12. Cidade de Deus, A mais dura das realidades, no país de toda a alegria. Ainda por cima falado em Português (açucarado).
13. Mente Brilhante, o amor e a razão face à mais triste das doenças. E ainda por cima aconteceu na realidade.
14. Adeus Lenine!, inteligente, brilhante e uma magnifica visão de um dos momentos mais marcantes da História recente da Europa.
15. Philadelphia, um Tom Hanks absolutamente brilhante, num filme duro sobre uma realidade inquietante.
Existencialismo aos 25
Em 25 anos não se aprende muito, mas como fiz anos, dá-me para o existencialismo e para as dúvidas existenciais. Decidi organizar em adágios aquilo que aprendi à cerca da vida neste quarto de século. Aqui fica:
1 .
A vida é um conjunto de ideias,
pensamentos largados ao mar, perdidos no espaço,
sentidos na carne com o fulgor de um ferro em brasa.
2.
A vida é a maior paixão dos apaixonados
a maior dos dor dos deprimidos
a maior esperança dos amotinados.
3.
A vida é uma longa espera,
um lento definhar para um final inevitável,
o seu resultado final em muito depende daquilo que aprendemos
com aqueles que vamos encontrando pelo caminho.
4.
A vida é um caminho tortuoso,
quanto mais rapidamente o percorremos
mais depressa lhe encontramos o fim.
5.
A vida é uma amora silvestre,
às vezes rubra mas azeda
pode rapidamente tornar-se negra mas doce,
só raramente a achamos rubra e doce.
6.
A vida pode ser o mais divinal dos doces,
mas temos de acrescentar algum açucar nosso.
7.
A vida é um grande mistério,
a mais bela criação do Universo.
Há que aproveitar o pouco a que temos direito.
8.
A vida pode ser um sono recheado de sonhos,
ou um inferno de mil pesadelos,
cabe-nos encontar um rumo entre estes dois extremos.
9.
A vida são todos os pequenos nadas,
tudo aquilo que se passa
entre as ocorências a que costumamos dar importância.
10.
A vida é uma rota de destinos perdidos,
uma meta de propósitos inacabados,
uma memória de lembranças esquecidas.
11.
A vida? A vida, meus caros,
a vida é aquilo que fazemos dela!
Só capaz de ter escrito aqui uma verdade ou duas, só tenho pena de eu próprio não respeitar estes adágios na minha própria vida...
Já agora só mais um, tirado de um dos meus filmes favoritos, o "Forest Gump": Life is a box of chocolates, you never know what you're gonna get.
sexta-feira, dezembro 02, 2005
Homenagem à Bondade Pública
Eu estava numa rua de pouco movimento, mas ainda assim, passaram por mim uns 20 carros e talvez umas 10-15 pessoas a pé, eu estava ao lado do carro e o carro tinha o capôt aberto. Adivinhem quantas pessoas se deram ao trabalho de me perguntar se eu precisava de ajuda?
Exactamente zero! Aliás, algumas até olhavam de lado como se eu estivesse ali a prejudicar o bem estar delas.
Realmente eu não precisava de ajuda. Mas será que sou só eu que costumo perguntar às pessoas se precisam de ajuda quando as vejo com problemas no carro? Será que custa assim tanto abrir um pedacito o vidro do carro e verificar se a pessoa está enrrascada?
Eu sei que hoje em dia toda a gente tem assistência automóvel, e telemóvel para pedir ajuda, mas ainda assim...
...ainda bem que os lisboetas são umas criaturas assim bondosas e preocupadas com o próximo.
quinta-feira, dezembro 01, 2005
Quintas-feiras Culturais XIII
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira
Feriado? Qual feriado?
E o mais deprimente da situação é que sou eu quem, neste momento, define os meus horártios de trabalho... vida de biólogo é dura!
Aguardem para dentro de momentos a quinta-feira cultural numero XIII...