quarta-feira, julho 25, 2007

U.S.A.

Quis o destino, ou antes a minha vontade, que rumasse a terras do Tio Sam para as férias. Aqui tenho estado, no belo estado da Virgínia a apreciar as estranhezas deste país tão diferente da Europa.
Tem coisas boas, muito boas mesmo. Tem muito verde, muito espaço, a Natureza ainda existe, pelo menos fora das grandes cidades, pois este país é imenso e muito longe de ficar sobre-lotado, como a nossa Europa, que é mais estilo lata de sardinhas. As pessoas tendem a ser simpáticas, apesar dessa simpatia ser por vezes excessivamente artificial e na verdade, apesar do que se diz, como-se muito bem por aqui, a começar pelos hamburgeres, os famosos hambrgueres americanos, mas que têm tão pouco que ver com aquelas porcarias que se comem por aí nos McDonalds e afins que nem merecem o mesmo nome. Aqui, talvez pela primeira vez, comi um hamburguer realmente bom! Também recomendo os bolos, as bebidas dos cafés e o clima quase tropical.
Também tem coisas menos boas, muito más mesmo. O nível cultural é muito mais baixo que o da Europa, as pessoas estão mal informadas e gostam de ser assim. A informação é escassa e obviamente controlada e pouco se sabe aqui do que se passa para lá do quintal da vizinha. Mesmo os melhores jornais, como o New York Times ou o Washington Post têm muito pouca informação sobre o que se passa no mundo, sendo essa quase limitada ao Médio Oriente e outras zonas onde existem grandes interesses americanos. Depois há o lado ambiental, cada americano produz uma quantidade inacreditável de lixo, muito mais do que nós na Europa e os carros, gigantescos, gritam a todos o seus imensos consumos.

Para a próxima semana esperam-me New York e Washington, espero ter mais para contar depois de visitar os centros de poder da super-potência...

domingo, julho 08, 2007

Pontapé de bicicleta - parte 2

Se o golo do Hugo Sanchez foi uma das melhores bicicletas de sempre, esta, do grande Marco Van Basten, é quanto a mim o melhor golo marcado em pontapé de bicicleta de sempre!

O Pontapé de bicicleta

Agora que os calores do Verão mantém o futebol longe dos relvados e que os adeptos começam a ficar sequiosos, mostrando os primeiros sinais da tradicional "fome de bola", uma homenagem ao mais belo dos movimentos do desporto rei. O Pontapé de Bicicleta.
Lembro-me de ser pequeno e ver um pequeno mexicano, de seu nome Hugo Sanchez que semana após semana maravilhava a Europa com brilhantes bicicletas ao serviço do Real Madrid. Vejam o vídeo, o ultimo golo, ou o primeiro na verdade, é sem duvida uma das melhores bicicletas da história do futebol!
Fica aqui a inspiração, para as futeboladas de Verão na praia...

sexta-feira, julho 06, 2007

O Holandês Voador

Ontem fui ver o Pirates of the Caribean 3, que recomendo vivamente a todos. Muito divertido mesmo! Mas fiquei cheio de curiosidade quanto à lenda do Holandês Voador, que foi adaptada de uma maneira bastante original nestes filmes. Andei a pesquisar as origens da lenda e, ao que parece, a história original tem muito pouco que ver com o capitão Davy Jones e o seu coração partido pela traição da sua amada deusa do mar Calypso, dos filmes.
Ao que parece, apesar de existirem possivelmente origens ainda mais antigas para a história, o Holandês Voador original foi o Cpt. Bernard Fokke, capitão holandês do século XVII de quem se dizia ter feito um pacto com o diabo devido à fantástica velocidade com que completava as viagens entre a Holanda e Java. Contudo, a lenda do Holandês Voador surge mais tarde em diversos exemplos de literatura e musica, com o Cpt. Hendrik van der Decken, capitão do De Vliegende Hollander, um brigue holandês do início do sec. XIX, que durante uma tempestade ao largo Cabo da Boa Esperança lançou um desafio aos ventos tempestuosos que lhe dificultam a travessia, dizendo que preferia enfrentar a tempestade até ao dia do Julgamento Final a desistir e levar o barco para um porto. Reza a lenda que o diabo lhe fez a vontade, condenando-o e à sua tripulação a percorrerem para sempre os mares sob terríveis tempestades, enquanto o capitão e o diabo em pessoa jogam aos dados pela alma do capitão.
Assim, o Holandês Voador terá sido avistado frequentemente na história naval, sempre em dias de tempestade, em diferentes partes do globo, sendo a sua presença augúrio de tragédias navais. Mais tarde, algumas adaptações literárias e, nomeadamente, numa ópera de Wagner foi introduzida a ideia, adaptada no filme, que era permitido ao capitão ir a terra uma vez em cada 7, 10 ou 100 anos (dependendo da fonte) para visitar, nuns casos, a sua amada, noutros casos uma qualquer mulher disposta a partilhar o seu destino.

Esta música é tão doce, tão bonita, mas ao mesmo tempo tão triste...
Fantástica!

domingo, julho 01, 2007

Manifesto

Aquilo em que um homem acredita é real, se um número suficiente de pessoas acreditar na mesma coisa, esta torna-se a realidade.

Gosto da palavra alienado. Gosto, pronto. Alienado, tornado alienígena, parece que estamos a dizer que antes era normal, mas depois ficou estranho, um estranho em sua casa. Um alienígena é um estranho num local estranho, um alienado é aquele que é simplesmente um estranho na sua própria casa.

É curiosa a expressão: “estão a alienar o X”. Na verdade não faz sentido. Ninguém pode alienar alguém, é sempre alguém que se aliena da realidade. Podemos desprezar, abandonar, rejeitar ou expulsar alguém, alienar não. Qualquer uma das acções resultaria em retirar a casa a alguém, afasta-lo do seu local, não o estaríamos a tornar um estranho em sua casa porque ele teria perdido a casa.

Enfim, estou a desviar-me da questão. Comecei com uma citação de uma personagem do Million Dollar Hotel, um filme fantástico do Wim Wenders. Só me lembrei dos alienados porque era essa a características em comum entre as várias personagens desse filme. Mas, voltando à frase, será a realidade assim tão fácil de perceber?

É preciso ter cuidado ao discutir algo tão complexo como a realidade. Há um risco sério de nos tomarem por loucos, por qualquer razão a nossa sociedade tem como pecado máximo a rejeição da realidade instituída. O nosso apego ao paradigma que convencionamos chamar realidade é tal, que nos forçamos por afastar todos os que põem em dúvida esse ideal. Pudera! Deixar de acreditar na realidade é rejeitar o referencial em que assenta o nosso pensamento, como um avião que a meio da viagem deixa de ter acesso à sua posição x,y,z. Por outro lado, é entrar na filosofia mais profunda. Lembro-me logo da caverna de Platão. Platão questionou a realidade da realidade, foi talvez o primeiro a fazê-lo, o primeiro dos alienados. Depois veio a tornar-se o expoente máximo de uma linha de pensamento que originou todo o arcaboiço do pensamento da nossa sociedade moderna, pelo menos no “Ocidente”.

O que é então a realidade? As nuvens são reais, o céu é realmente azul e o oceano é azul, profundo e lindíssimo. As árvores têm, em geral, folhas verdes, alguns animais comem plantas, e aquele bife que comemos ao almoço era realmente um pedaço de uma vaca. Tudo isto é a realidade. O problema é que existe toda uma série de coisas que pensamos fazerem parte da realidade, mas que dificilmente são reais aos olhos de alguém com metade do intelecto de Platão.

Por exemplo, não é realidade que vivemos numa sociedade livre onde a livre expressão é a regra. Na verdade, a livre expressão acaba onde os meios de comunicação querem que ela acabe. O grande feito dos filósofos do renascimento foi anunciarem aos sete ventos que não podemos acreditar nas verdades feitas, que temos de criar as nossas verdades a partir daquilo que nós observamos. O problema é que hoje em dia até aquilo que observamos nos é controlado, a nossa grande fonte de informação é a televisão, e seria difícil encontrar um canal mais filtrado do que esse. Felizmente existe a Internet, esse grande bastião da anarquia, onde a única regra é a total liberdade, a verdadeira liberdade que nos é negada pelas nossas falsas democracias oligárquicas. Mas a Internet tem um senão, é difícil perceber que parte daquela informação é fiável, tal é a quantidade de baboseiras que se acumulam por lá. Penso que é esse o preço a pagar pela verdadeira liberdade, pelo menos a mim não me parece um preço muito elevado.

Se pararem um momento para pensar, quase tudo aquilo em que acreditamos assenta-se em conhecimentos que nos chegaram por via remota, mas em que decidimos acreditar. Não estou a dizer que não sejam reais, estou certo de que realmente existe uma cidade chamada New Orleans que foi arrasada por um furacão, ou que existe um país chamado Iraque, arrasado pelas bombas americanas. O problema é que entre as linhas principais deste conhecimento, é extremamente fácil enfiar pequenas mentiras nas entrelinhas. Não estou aqui a dizer que vivemos num gigantesco Truman Show, pelo menos acho que não. Só queria provar o argumento de que nem tudo o que reluz na televisão é necessariamente ouro.

E foi assim que chegamos ao absurdo da cena política internacional. O preço do petróleo sobe de cada vez que um opossum dá um peido a menos de 80 km de uma refinaria na Venezuela, as bolsas caem por motivos tão absurdos como o clima ou um rumor de um negócio manhoso do outro lado do mundo. A incompetência das classes governantes é de tal forma óbvia que já não é sequer questionada. Na verdade os próprios políticos admitem a sua imbecilidade, limitando-se a anunciar que são um pouco menos imbecis, ou um pouco menos criminosos do que os seus concorrentes. O mais triste, é que as pessoas estão de tal formas apanhadas nesta trama que acreditam neles e votam neles. No ano passado ouvi uma pessoa normalíssima, em Lisboa, sem qualquer ligação a Felgueiras, defender a Fátima Felgueiras sob o argumento que “ela não rouba mais do que os outros”. É verdade, na realidade é já um facto assumido que todos os autarcas são corruptos, o que não é normal é termos chegado ao ponto de aceitar isso como uma falha aceitável, uma inevitabilidade da vida política. Revolta-me profundamente a ideia de que as pessoas estão já tão totalmente apanhadas nesta ilusão. Se chegamos a este ponto, de que forma estamos mais conscientes do que na visão maníaco-catastrofista do Matrix, de toda uma humanidade aprisionada num Universo criado artificialmente por máquinas. A única diferença é que aqui estamos realmente conscientes e mesmo assim aceitamos ter a vista toldada por esta ilusão criada por uns quantos para manter o povo na linha.

Onde começou tudo isto. Quem é que beneficia com tudo isto? É aqui que me demarcarei dos catatónicos teoréticos da conspiração. Porque a verdade é muito mais deprimente do que isso. Não existe nenhuma grande conspiração, montada por extraterrestres, ou por sombrios homens de fato negro, ou pela maçonaria, ou pelo Priorado do Sião. A verdade é muito mais triste. A única conspiração que existe é a conspiração do próprio intelecto humano contra a humanidade. Temos profundamente enraizado o mito do lucro rápido. Viver no momento, ganhar agora sem pensar no que podemos vir a perder no futuro. Em ultima análise, a ganância é mãe de toda a merda que se acumula no mundo. Enquanto isso não mudar, continuaremos a seguir a passos largos o caminho para o fim inevitável que se anuncia impassível. Comecei com uma citação, vou acabar com um provérbio chinês:

Se não mudares de direcção, podes acabar no sítio para onde te diriges

Ahhh, religions...

When one person suffers from a delusion it is called insanity. When many people suffer from a delusion it is called religion.
Robert M. Pirsig
Zen and the Art of Motorcycle Maintenance

Can you Imagine this?

This post shall be written in English so that it can be read by people all over the World, for I am so utterly shocked by what I just read, I must share it with as many people as I possibly can.

According to Desmond Morris, and he is not the kind of man to make up silly stories, in the US, when John Lennon's legendary song "Imagine" is played on the radio, the line "and no religion too" is often expurgated. Worst even, sometimes it is substituted by the line "and one religion too".
How can one country exist under such an obses
sive religious fundamentalist regime, and still believe they are the homeland of justice and democracy. How is this sordid act of artistic mutilation any different from the Taliban destroying ancient statues in Afghanistan? I don't want to go on bashing Americans, as I know that many Americans aren't really like that and don't share the views of their leaders. In fact, most of the 47% (or probably more) American citizens who didn't vote for George “I hear God in my head” Bush Jr. in the last election, are utterly ashamed by things like what I have just described. I am just glad that I live in Europe, where freedom is really real, where religious freedom does exist, where people are truly free to move, think and behave according to their will and belief.

Just to give my final thought on this matter, I will leave you with John Lennon’s poem, imagining a better World where we could truly be free.

Imagine there's no Heaven
It's easy if you try
No hell below us

Above us only sky

Imagine all the people

Living for today


Imagine there's no countries
It isn't hard to do
Nothing to kill or die for

And no religion too

Imagine all the people

Living life in peace


You may say that I'm a dreamer

But I'm not the only one

I hope someday you'll join us

And the world will be as one


Imagine no possessions

I wonder if you can

No need for greed or hunger

A brotherhood of man

Imagine all the people

Sharing all the world


You may say that I'm a dreamer

But I'm not the only one

I hope someday you'll join us

And the world will live as one